Monthly Archives: abril 2018

Papa: a caridade dos cristãos não nasce de ideologias mas de Jesus

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Papa: a caridade dos cristãos não nasce de ideologias mas de Jesus

 

Comentando o Evangelho do dia que propõe o momento em que Jesus se apresenta como a verdadeira videira o Papa observa: “Trata-se de permanecer com o Senhor para encontrar a coragem de sair de nós mesmos”

Papa durante Regina Coeli - Foto: Vatican Media

Papa durante Regina Coeli – Foto: Vatican Media

 

“Toda atividade, pequena ou grande que seja – o trabalho e o descanso, a vida familiar e social, o exercício de responsabilidades políticas, culturais e econômicas – toda atividade, se vivida em união com Jesus e com uma atitude de amor e de serviço, é uma oportunidade para viver em plenitude o Batismo e a santidade evangélica”. Foi o que disse o Papa Francisco na alocução que precedeu neste V Domingo de Páscoa, (29/04) a oração do Regina Coeli na Praça São Pedro diante de fiéis e peregrinos de todas as partes do mundo.

 

O Pontífice recordou: “o dinamismo da caridade do crente não é resultado de estratégias, não nasce de solicitações externas, de instâncias sociais ou ideológicas, mas do encontro com Jesus e do permanecer em Jesus. Ele para nós é a videira da qual absorvemos a linfa, isto é, a ‘vida’ para levar para a sociedade uma maneira diferente de viver e de se doar, o que coloca os últimos em primeiro lugar”.

 

Comentando o Evangelho do dia que propõe o momento em que Jesus se apresenta como a verdadeira videira e nos convida a permanecer unidos a Ele para dar muito fruto, o Papa observa:

 

“Trata-se de permanecer com o Senhor para encontrar a coragem de sair de nós mesmos, de nossas comodidades, de nossos espaços restritos e protegidos, para entrarmos no mar aberto das necessidades dos outros e dar amplo respiro ao nosso testemunho cristão no mundo. Essa coragem de entrar nas necessidades dos outros nasce da fé no Senhor ressuscitado e da certeza de que o seu Espírito acompanha a nossa história”.

 

“Um dos frutos mais maduros que brota da comunhão com Cristo é, de fato – acrescentou o Papa -, o compromisso de caridade para com o próximo, amando os irmãos com abnegação de si mesmo, até as últimas consequências, como Jesus nos amou”.

 

“Quando alguém é íntimo com o Senhor, como são íntimos e unidos entre si a videira e os ramos, se é capaz de produzir frutos de vida nova, de misericórdia, de justiça e de paz, derivados da ressurreição do Senhor”.

 

E o Papa recordou o santos: “Isto é o que os santos fizeram, aqueles que viveram em plenitude a vida cristã e o testemunho da caridade, porque foram verdadeiros ramos da videira do Senhor. Mas para ser santo – recordou Francisco – não é necessário ser bispo, sacerdote, religioso ou religiosa. Todos nós somos chamados a ser santos vivendo com amor e oferecendo a cada um o seu testemunho no ocupações de todos os dias, ali onde se encontra”’.

 

O Papa concluiu suas palavras pedindo a ajuda de Maria, Rainha dos Santos e modelo de perfeita comunhão com o Filho divino. “Que Ela nos ensine a permanecer em Jesus, como ramos à videira, e a jamais nos separarmos de seu amor. De fato, nada podemos fazer sem Ele, porque a nossa vida é Cristo vivo, presente na Igreja e no mundo”.

 

Ouça a reportagem abaixo

 

Silvonei José – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa na Santa Marta: atenção às curiosidades no mundo virtual

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Papa na S. Marta: atenção às curiosidades no mundo virtual

 

As crianças são curiosas e no mundo virtual encontram tantas coisas ruins. Portanto, é necessário ajudar os jovens a não se tornarem prisioneiros desta curiosidade. É a advertência que o Papa lançou nesta manhã na Missa na Casa Santa Marta. Em vez disso, Francisco exorta a pedir o Espírito Santo que dá certeza.

Missa na Casa Santa Marta - Foto: Vatican Media

Missa na Casa Santa Marta – Foto: Vatican Media

Saber discernir entre as curiosidades boas e as curiosidades más e abrir o coração ao Espírito Santo que dá certeza. Estas são as duas exortações que o Papa Francisco abordou na homilia da missa na Casa Santa Marta nesta segunda-feira (30/04) , a partir do Evangelho de hoje (Jo 14, 21-26). De fato, no Evangelho há um diálogo entre Jesus e os discípulos, que o Papa define como “diálogo entre as curiosidades e a certeza”.

 

Na homilia o Papa explica a diferença entre as curiosidades boas e as más, porque “a nossa vida está cheia de curiosidades”. Como exemplo de curiosidade boa, refere-se às crianças quando estão na chamada “idade do por quê”. Elas perguntam, por quê, quando estão crescendo, percebem coisas que não entendem, estão procurando uma explicação. Essa é uma boa curiosidade, porque serve para crescer e “ter mais autonomia” e é também uma “curiosidade contemplativa”, porque “as crianças vêem, contemplam, não entendem e perguntam”.

 

“As fofocas” são, ao invés, uma curiosidade não boa, “patrimônio de mulheres e homens”, mesmo que alguém afirme que os homens são “mais fofoqueiros do que as mulheres”. A curiosidade má consiste em querer “cheirar a vida dos outros” – explica o papa – em “tentar ir a lugares que acabam sujando outras pessoas”, em fazer entender coisas que você não tem o direito de conhecer. Este tipo de curiosidade má “nos acompanha por toda a vida: é uma tentação que sempre teremos”: é a advertência do Papa.

 

Não ter medo, mas ter cuidado: “isso eu não pergunto, isso eu não olho, isso eu não quero”. E tantas curiosidades, por exemplo, no mundo virtual, com os celulares e coisas do gênero … As crianças vão ali e ficam curiosas para ver; e encontram ali muitas coisas ruins. Não há disciplina nessa curiosidade. Devemos ajudar as crianças a viver neste mundo, para que o desejo de conhecer não seja o desejo de ser curiosa, e acabem prisioneiras dessa curiosidade.

 

A curiosidade dos Apóstolos no Evangelho, porém, é boa: eles querem saber o que acorrerá, e Jesus responde dando certezas, “nunca engana”, prometendo a eles o Espírito Santo que – afirma – “ensinará tudo a vocês e recordará tudo o que eu lhes disse”.

 

A certeza nos dará o Espírito Santo na vida. O Espírito Santo não vem com um pacote de certezas e você aceita. Não. Na medida em que caminhamos na vida e pedimos ao Espírito Santo, abrindo o coração, ele nos dá a certeza para aquele momento, a resposta para aquele momento. O Espírito Santo é o companheiro, companheiro de caminho do cristão.

 

De fato, o Espírito Santo “recorda as palavras do Senhor iluminando-as” e este diálogo à mesa com os Apóstolos, que é “um diálogo entre curiosidade humana e certezas”, termina precisamente com esta referência ao Espírito Santo, “companheiro da memória”, que “conduz aonde há a felicidade fixa, que não se move”. Francisco exorta, portanto, a ir aonde há a verdadeira alegria com o Espírito Santo, que ajuda a não cometer erros:

Peçamos ao Senhor duas coisas hoje: primeiro, de nos purificar ao aceitar as curiosidades – há curiosidades boas e não tão boas – e saber discernir: não, isso eu não devo ver, isso eu não devo ver, isso não devo perguntar. E segunda graça: abrir o coração ao Espírito Santo, porque ele é a certeza, nos dá a certeza, como companheiro de caminho, das coisas que Jesus nos ensinou, e nos faz recordar tudo.

 

Ouça a reportagem abaixo:

 

Cidade do Vaticano

 

Fonte: Vatican News

 

Papa Francisco recebe Monges Beneditinos

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Papa a monges beneditinos: discernimento, dom que é preciso pedir ao Espírito Santo

 

O pontífice expressou sua gratidão aos beneditinos pela contribuição importante que deram na vida da Igreja em várias partes do mundo, por quase mil e quinhentos anos.

Papa recebe a Confederação Beneditina - Foto: Vatican Media

Papa recebe a Confederação Beneditina – Foto: Vatican Media

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (19/04), na Sala Clementina, no Vaticano, quatrocentos monges da Confederação Beneditina pelos seus 125 anos de fundação.

 

O pontífice expressou sua gratidão aos beneditinos pela contribuição importante que deram na vida da Igreja em várias partes do mundo, por quase mil e quinhentos anos.

 

“Nesta celebração do Jubileu da Confederação Beneditina queremos recordar, de modo especial, o compromisso do Papa Leão XIII, que em 1893, quis unir todos os beneditinos, fundando uma casa comum de estudo e oração, aqui em Roma. Agradeço a Deus por esta inspiração que levou os beneditinos do mundo inteiro a viverem mais profundamente o espírito de comunhão com a Sé de Pedro e entre si.”

 

Ora et labora et lege

 

“A espiritualidade beneditina é conhecida pelo lema: Ora et labora et lege. Oração, trabalho e estudo. Na vida contemplativa, Deus muitas vezes anuncia a sua presença de forma inesperada. Com a meditação da Palavra de Deus na lectio divina, somos chamados a permanecer em escuta religiosa de sua voz para viver em constante e alegre obediência”, disse ainda Francisco.

 

“A oração gera em nossos corações, dispostos a receber os dons surpreendentes que Deus está sempre pronto a nos dar, um espírito de fervor renovado que nos leva, através de nosso trabalho cotidiano, a procurar a partilha dos dons da sabedoria de Deus com os outros: com a comunidade, com aqueles que vão ao mosteiro para buscar Deus, e com aqueles que estudam em suas escolas, colégios e universidades. Cria-se, assim, uma vida espiritual sempre renovada e revigorada.”

 

Segundo o Papa, “alguns aspectos característicos da liturgia pascal, que estamos vivendo, como o anúncio e a surpresa, a resposta solícita, e o coração disposto a receber os dons de Deus, na realidade fazem parte da vida beneditina de todos os dias”.

 

São Bento foi uma estrela luminosa em seu tempo

 

São Bento pede aos beneditinos em sua Regra para “não colocarem absolutamente nada antes de Cristo”, para que sejam vigilantes, hoje, prontos para ouvi-lo e segui-lo.

 

“São Bento foi uma estrela luminosa em seu tempo, como dizia São Gregório Magno, marcado por uma profunda crise de valores e de instituições. Ele soube discernir entre o essencial e o secundário na vida espiritual, colocando o Senhor firmemente no centro.” 

 

“Que vocês possam praticar o discernimento a fim de reconhecer o que vem do Espírito Santo e o que vem do espírito do mundo ou do espírito do mal. Discernimento que não requer somente uma boa capacidade de raciocinar e de sentido comum, mas um dom que é preciso pedir ao Espírito Santo. Sem a sabedoria do discernimento podemos nos transformar facilmente em marionetes à mercê das tendências do momento.”

 

Carisma beneditino do acolhimento

 

“Nesta época, em que as pessoas estão tão ocupadas e não têm tempo suficiente para ouvir a voz de Deus, seus mosteiros e conventos se tornam como oásis, onde homens e mulheres de todas as idades, origens, culturas e religiões podem descobrir a beleza do silêncio e reencontrar a si mesmas, em harmonia com a criação, permitindo a Deus de restabelecer uma ordem adequada em suas vidas. O carisma beneditino do acolhimento é muito precioso para a nova evangelização, pois lhes dá a oportunidade de acolher Cristo em todas as pessoas que chegam, ajudando aqueles que buscam a Deus a receber os dons espirituais que Ele reserva para cada um de nós.”

 

“Aos beneditinos sempre foi reconhecido o compromisso com o ecumenismo e o diálogo inter-religioso”, recordou o Papa, encorajando a Confederação Beneditina “a prosseguir nesta obra importante para a Igreja e para o mundo. Não há oposição entre vida contemplativa e serviço aos outros. Os mosteiros beneditinos são lugares de oração e acolhimento”.

 

Escola de serviço do Senhor

 

O Santo Padre agradeceu a Confederação Beneditina pelo serviço prestado nos campos da educação e formação, em Roma, e outras partes do mundo. Os beneditinos são conhecidos por serem “uma escola de serviço do Senhor”.

 

“Exorto-os a dar aos alunos, junto com as noções e conhecimentos necessários, os instrumentos para que possam crescer na sabedoria que os leva a buscar continuamente a Deus em suas vidas. Essa sabedoria que os levará a praticar a compreensão recíproca, pois somos todos filhos de Deus, irmãos e irmãs, neste mundo que tem muita sede de paz.”

 

O Papa encerrou o seu discurso, desejando que a celebração do Jubileu dos 125 anos de fundação da Confederação Beneditina seja uma ocasião profícua para refletir sobre a busca de Deus e sua sabedoria, e sobre como transmitir eficazmente a sua riqueza às gerações futuras.

 

Fonte: Vatican News – 19 abril 2018, 13:53

 

 

Papa Francisco aos beneditinos: “encontrar Cristo no monge”

 

A Confederação Beneditina e a Abadia Primaz de Santo Anselmo comemoram 125 anos, e inicia seu jubileu com uma audiência do Santo Padre. Dom Gregório, monge brasileiro, comentou as palavras do Papa.

Audiência com os monges da Confederação Beneditina - Foto: Vatican Media

Audiência com os monges da Confederação Beneditina – Foto: Vatican Media

O Abade Primaz da Abadia de Santo Anselmo , Gregory Polan, O.S.B., anunciou nesta semana as comemorações do Jubileu do 125° aniversário da Confederação Beneditina e da fundação da Abadia Primaz de Santo Anselmo em Roma.

 

As comemorações iniciaram na manhã desta quinta-feira, 19 de abril, com uma audiência com o Santo Padre o Papa Francisco, na Sala Clementina, no Vaticano. No encontro participaram o Abade primaz, os abades e abadessas representantes das confederações, os residentes e os colaboradores do colégio e do Ateneu Santo Anselmo e os representantes dos diversos ramos e instituições internacionais internas da mesma Confederação Beneditina.

 

Dom Gregório de Oliveira, que é padre do mosteiro beneditino em São Paulo e residente no Santo Anselmo em Roma, nos falou sobre a audiência concedida pelo Papa Francisco, destacando também os principais pontos observados pelo Papa:

 

Dom Gregório, OSB

A confederação conta hoje com mais ou menos 7000 monges beneditinos e 12000 monjas e irmãs beneditinas espalhados pelos 5 continentes. Além dos mais de 180.000 estudantes espalhados em nossas escolas e universidades por todo o mundo.

Nesta manhã em Roma, bela e ensolarada, estivemos em audiência com o Santo Padre, onde o Abade Primaz, Gregory Polan, O.S.B, fez a explanação ao Santo Padre sobre todos os trabalhos, o carisma beneditino e os nossos desafios no século XXI.

 

O Santo Padre nos encorajou a sermos fiéis ao zelo pela Sagrada Liturgia, a lectio divina que é a escuta da Palavra de Deus que alimenta o nosso espírito para que possamos alimentar o mundo. O Papa nos chamou a atenção quanto à hospitalidade com os que procuram os nossos mosteiros, pois eles querem encontrar Cristo no monge e o monge deve encontrar Cristo neles, e por fim lembrou o grande carisma do discernimento, sabendo discernir o que vem de Deus, o que vem do mundo e o que vem do Demônio, para que possamos ser fiéis ao chamado de Deus em nossas vidas.

 

Em sua mensagem aos beneditinos presentes na Sala Clementina, o Papa Francisco destacou alguns pontos essenciais da vida monástica, especialmente aquelas aprendidas com São Bento e vividas ainda hoje como regra dentro e fora dos mosteiros:

 

Espiritualidade

 

“A espiritualidade beneditina é renomada pelo seu moto: Ora et labora et lege. Oração, trabalho e estudo. Na vida contemplativa, Deus constantemente anuncia a sua presença de maneira inesperada. Com a meditação da Palavra de Deus na lectio divina, somos chamados a permanecer em uma escuta religiosa da sua voz para viver em constante e alegre obediência. A oração gera no nosso coração, dispostos a receber os dons surpreendentes que Deus está sempre pronto a nos dar, um espirito de renovado fervor que nos leva, através do nosso trabalho cotidiano, a buscar a divisão dos dons da sabedoria de Deus com os outros: com a comunidade, com aqueles que vêm ao mosteiro para a busca de Deus (“quaerere Deum”), e com quantos que estudam nas vossas escolas, colégios e universidades. Assim se gera uma sempre renovada e revigorada vida espiritual.”

 

Liturgia

 

“O vosso amor pela liturgia, como obra fundamental de Deus na vida monástica, é essencial acima de tudo para vós, permitindo-vos estar na presença viva do Senhor; e é preciosa para toda a Igreja, que ao longo dos séculos se beneficiou como fonte de água que irriga e fecunda, alimentando a capacidade de viver, pessoalmente e em comunidade, o encontro com o Senhor ressuscitado.”

 

Acolhida

 

“Nesta época, quando as pessoas estão tão ocupadas que não têm tempo suficiente para ouvir a voz de Deus, seus mosteiros e conventos se tornam como oásis, onde homens e mulheres de todas as idades, origens, culturas e religiões podem descobrir a beleza do silêncio e redescobrir a si mesmo, em harmonia com a criação, permitindo a Deus restaurar uma ordem adequada em suas vidas. O carisma beneditino da acolhida é muito precioso para a nova evangelização, porque lhe dá a oportunidade de acolher a Cristo em todas as pessoas que chegam, ajudando aqueles que buscam a Deus a receber os dons espirituais que ele reserva para cada um de nós.”

 

Ecumenismo

 

“Os beneditinos sempre reconheceram o compromisso com o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. Encorajo-vos a continuar neste importante trabalho para a Igreja e para o mundo, colocando a sua tradicional hospitalidade a seu serviço. De fato, não há oposição entre a vida contemplativa e o serviço aos outros. Os mosteiros beneditinos – tanto nas cidades como longe delas – são locais de oração e hospitalidade. Sua estabilidade também é importante para as pessoas que vêm procurá-lo. Cristo está presente neste encontro: ele está presente no monge, no peregrino, no necessitado.”

 

Educação

 

“Sou grato pelo seu serviço na educação e treinamento, aqui em Roma e em outras partes do mundo. Os beneditinos são conhecidos por serem “uma escola de serviço do Senhor”. Exorto-vos a dar aos alunos, juntamente com os conhecimentos e conhecimentos necessários, as ferramentas para que possam crescer na sabedoria que os leva a buscar continuamente a Deus em suas vidas; essa mesma sabedoria que os levará a praticar a compreensão mútua, porque somos todos filhos de Deus, irmãos e irmãs, neste mundo que tem muita sede de paz.”

 

Beneditinos

 

Amanhã, 20 de abril, dando seguimento as comemorações, é esperada uma conferência do Padre Jeremy Driscoll, O.S.B., abade de Mount Angels no Oregon (Estados Unidos), com o tema “Teologia monástica ou sapiencial: estratégia de ensino e de aprendizado”. E para a conclusão do Jubileu de 125° da Confederação Beneditina, no dia 21 será celebrada uma missa solene presidida pelo Secretário de Estado, Sua Eminência o Cardeal Pietro Parolin.

 

No dia 18 de abril de 1893 foi colocada solenemente a primeira pedra do edifício atual de Santo Anselmo, na colina do Aventino, em Roma. Em 12 de julho do mesmo ano, o Papa Leão XIII instituiu oficialmente, com o breve “Summum Semper”, a Confederação Beneditina, unindo assim os diversos mosteiros beneditinos e oferecendo ao mesmo tempo um lugar onde a Ordem beneditina teria doado “de novo a Igreja aqueles grandes monges santos que difundiram no mundo o ensinamento e a cultura cristã” (Leão XIII).

 

Pe Arnaldo Rodrigues – Cidade do Vaticano 

 

Fonte: Vatican News – 19 abril 2018, 14:22

Conclui-se a 56ª Assembleia Geral da CNBB: mensagem dos bispos

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Conclui-se a 56ª Assembleia Geral da CNBB: mensagem dos bispos

 

Sobre a conclusão da Assembleia nós conversamos com o coodenador dos trabalhos, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, bispo auxiliar de São Luis do Maranhão.

 

Concluiu-se-se nesta sexta-feira com a Santa Missa no Santuário Nacional de Aparecida a 56ª Assembleia Geral da CNBB depois de 10 dias de trabalhos. A celebração foi presidida pelo presidente da CNBB, arcebispo de Brasília, Cardeal Sérgio da Rocha.

 

No dia de ontem Dom Sergio da Rocha conversou com os jornalistas reunidos na Coletiva de Imprensa e pediu a dom Murilo Krieger, vice-presidente que lesse a mensagem da conferência ao povo de Deus. O documento registra a comunhão do episcopado brasileiro com o Papa Francisco e destaca a necessidade de promover o diálogo respeitoso para estimular a comunhão na fé em tempo de politização e polarizações nas redes sociais. A mensagem retoma a natureza e a missão da entidade na sociedade brasileira.

 

Confira, na sequência, a íntegra do documento que será enviado à todas as 277 circunscrições eclesiásticas do Brasil, incluindo arquidioceses, dioceses, prelazias, entre outras.

 

MENSAGEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL AO POVO DE DEUS

 

O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo (1Jo 1, 3)

Encerramento da 56º Assembléia dos Bispos - CNBB - Foto: Vatican Media

Encerramento da 56º Assembléia dos Bispos – CNBB – Foto: Vatican Media

Em comunhão com o Papa Francisco, nós, Bispos membros da CNBB, reunidos na 56ª Assembleia Geral, em Aparecida – SP, agradecemos a Deus pelos 65 anos da CNBB, dom de Deus para a Igreja e para a sociedade brasileira. Convidamos os membros de nossas comunidades e todas as pessoas de boa vontade a se associarem à reflexão que fazemos sobre nossa missão e assumirem conosco o compromisso de percorrer este caminho de comunhão e serviço.

 

Vivemos um tempo de politização e polarizações que geram polêmicas pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos promover o diálogo respeitoso, que estimule e faça crescer a nossa comunhão na fé, pois, só permanecendo unidos em Cristo podemos experimentar a alegria de ser discípulos missionários.

 

A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), assim devemos amá-la e por ela nos doar. Por isso, não é possível compreender a Igreja simplesmente a partir de categorias sociológicas, políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo.

 

Nós, Bispos da Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos, estamos unidos entre nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro; isso nos constitui um colégio a serviço da Igreja (cf. Christus Dominus, 3). O nosso afeto colegial se concretiza também nas Conferências Episcopais, expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, 23, atribui o surgimento das Conferências à Divina Providência e, no decreto Christus Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas em todos os países em que está presente a Igreja.

 

Em sua missão evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade brasileira, pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo Magistério, particularmente pela Doutrina Social da Igreja. “A fé age pela caridade” (Gl 5,6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus Cristo, que revela o mistério do homem, promove o humanismo integral e solidário em defesa da vida, desde a concepção até o fim natural. Igualmente, a opção preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência. O Papa Bento XVI afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que a Igreja se dedica aos pobres e marginalizados, pois neles ela toca a própria carne sofredora de Cristo, como exorta o Papa Francisco.

 

A CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo; por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101).

 

Ao assumir posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, a CNBB o faz por exigência do Evangelho. A Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada. Se, por este motivo, formos perseguidos, nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a bem-aventurança da perseguição (Mt 5,11).

 

A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos.

 

Neste Ano Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a integralidade da fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade impregnada dos valores do Reino de Deus. Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo responsável são indispensáveis. Devem, porém, ser pautados pela verdade, fortaleza, prudência, reverência e amor “para com aqueles que, em razão do seu cargo, representam a pessoa de Cristo” (LG 37). “Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o 52º dia Mundial das Comunicações de 2018).

 

Deste Santuário de Nossa Senhora Aparecida, invocamos, por sua materna intercessão, abundantes bênçãos divinas sobre todos.

 

Sobre a conclusão da Assembleia nós conversamos com o coodenador dos trabalhos, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, bispo auxiliar de São Luis do Maranhão:

 

Silvonei José – Aparecida

 

Fonte: Vatican News

7º dia da Assembleia Geral da CNBB: Padre Zezinho

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7º dia da Assembleia Geral da CNBB: Padre Zezinho

 

A situação da crise que envolve o Brasil também é tema de discussão dos bispos em Aparecida. A esse propósito, a redação de Vatican News, em Aparecida, conversou com Padre Zezinho.

Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Aparecida - Foto: Vatican Media

Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Aparecida – Foto: Vatican Media

 

Neste sétimo dia de trabalhos da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Aparecida as atividades começaram com a Santa Missa celebrada no altar central do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. A celebração foi presidida por Dom Antônio Muniz Fernandes, arcebispo de Maceió (Al). Na missa desta manhã foram recordados os bispos falecidos.

 

Já no dia de ontem, segunda-feira (16) a celebração da manhã foi presidida pelo bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, Dom Severino Clasen.  Dom Severino na sua a homilia recordou que o Ano Nacional do Laicato celebra a presença e organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil aprofundando sua identidade, vocação, espiritualidade e missão, testemunhando Jesus Cristo e seu reino na sociedade.

 

Ano Nacional do Laicato

 

Dom Severino ressaltou que é preciso incentivar e apoiar as iniciativas do Ano Nacional do Laicato para que produza na consciência de todos dos cristãos a firmeza de buscar o Jesus de Nazaré que apresente o Reino de Deus, o Reino sem corrupção, um Reino de Justiça e de paz. “A espiritualidade Cristã sempre terá por fundamentos os mistérios da encarnação e da redenção de Jesus Cristo. Este enfoque deve permear a formação laical desde o processo da iniciação a vida cristã”, salientou.

 

“Não existe fé cristã sem comunidade eclesial”, continuou Dom Severino. Ele ensinou que o cristão se forma e se experimenta numa comunidade eclesial: “O testemunho de Santo Estevão que foi martirizado defendendo a comunidade de fé se repete nos mártires de ontem, de hoje e que sem dúvida teremos no amanhã”.

 

Assassinato de muitas lideranças nas comunidades periféricas 

 

Dom Severino lembrou que nos últimos anos tem aumentado o assassinato de muitas lideranças nas comunidades periféricas que não são notícias, ou que são desmoralizadas para que não sejam notícias.

 

“São pobres que morrem. É preciso levantar esses nomes e evitar que outros líderes que defendem os pobres sejam preservados e possam encorajar todas as pessoas para que superem a onda de ódio, de perseguição, de mortes brutas financiadas pela força do capital e entidades secretas que matam, destroem vidas e a dignidade dos filhos de Deus”, destacou.

 

E concluiu: “A busca do pão vivo deve ser a maior preocupação dos cristãos leigos e leigas para que as estruturas sociais garantam o pão cotidiano, aquele pão que une e constrói segurança e sustentabilidade para toda a comunidade, humanidade, sobretudo aos pobres, abandonados, os sofridos de nossas cidades e metrópoles”.

 

Sínodo dos Bispos para a juventude

 

Ainda no dia de ontem tiveram início as votações  dos bispos, titulares e suplentes, que representarão o episcopado brasileiro na Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que se realizará entre os dias 3 e 28 de outubro deste ano no Vaticano, com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

 

Foram instaladas no Auditório do Centro de Eventos 8 urnas eletrônicas com um sistema desenvolvido pelo Departamento de Tecnologia da Informação da CNBB idealizado em uma plataforma digital conectada a um servidor de banco de dados. O sistema, organizado pelo setor de Tecnologia de Informação da CNBB, foi testado e aprovado pelo Conselho Permanente da CNBB. Durante a votação, cada urna eletrônica será identificada e terá como responsáveis um presidente e um secretário para garantir o sigilo e a privacidade dos eleitores.

 

Segundo o Manual de Votação, a eleição é secreta e os titulares e suplentes serão eleitos um a um. Os resultados, após a análise e aprovação da Comissão de Escrutínios, presidida pelo bispo de Nazaré (PE), Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, será apresentado para o presidente da CNBB para anúncio em plenário. Os nomes dos eleitos só poderão tornar-se de domínio público após a ratificação da eleição por parte do Papa Francisco.

 

Nos dias passados durante a 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi apresentado ao episcopado de todo o Brasil a ação evangelizadora ‘Cada Comunidade Uma Nova Vocação’. O projeto, iniciado pelas dioceses dos Regionais Sul 2, Sul 3, Sul 4 da CNBB e as dioceses de Osasco (SP), Tefé (AM) e Bafatá no continente africano, tem o intuito de suscitar uma cultura vocacional em toda a Igreja para despertar as mais variadas vocações.

 

Ação evangelizadora 

 

De acordo com o secretário executivo do Regional Sul 2 da CNBB, padre Mário Spaki, uma das grandes propostas desta ação evangelizadora é utilizar todos os meios de comunicação à nossa disposição, em especial as redes sociais, para divulgar vídeos que mostram a beleza do chamado de Deus, testemunhos de quem vive sua vocação com alegria. “Na ação evangelizadora Cada Comunidade Uma Nova Vocação, nós divulgaremos aquilo que é positivo, os fatos bonitos, que são tantos. Queremos que a alegria do Evangelho contagie muitos corações”, disse o padre.

 

Segundo padre Mário Spaki, outro ponto importante do projeto é o convite à oração por todas as vocações. “Propomos que todos os encontros da Igreja, todas as reuniões de pastorais, movimentos eclesiais, organismos e serviços, grupos de reflexão, assim como todas as celebrações comecem ou terminem com uma dezena do rosário, conscientemente, pelas vocações” completou.

 

A situação da crise que envolve o Brasil também é tema de discussão dos bispos em Aparecida. Nas conversas dos encontros em grupo ou nos corredores sempre a preocupação de dar aos brasileiros uma luz em meio a cenários escuros. Sobre a situação que vivemos no Brasil nós conversamos com Padre Zezinho que visitou a redação de Vatican News em Aparecida.

 

Silvonei José – Aparecida

 

Fonte: Vatican News

Papa: o profeta é sempre um homem de esperança

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Papa: o profeta é sempre um homem de esperança

 

“Um verdadeiro profeta é aquele que é capaz de chorar por seu povo e também de dizer as coisas fortes quando for necessário. Não é morno, é sempre assim, direto”, disse o Papa Francisco, na homilia da Missa celebrada na manhã desta terça-feira, na Capela da Casa Santa Marta

Missa na Capela da Casa Santa Marta - Foto: Vatican Media

Missa na Capela da Casa Santa Marta – Foto: Vatican Media

“Insensíveis e incircuncisos de coração e ouvido! Vós sempre resististes ao Espírito Santo e como vossos pais agiram, assim fazeis vós!”

 

Estêvão, o primeiro mártir da Igreja, assim acusava o povo, os anciãos e os escribas que o haviam levado ao tribunal. Tinham o coração fechado, não queriam ouvi-lo e não recordavam mais a história de Israel.

 

O Papa Francisco repassa estes acontecimentos narrados no Livro dos Atos dos Apóstolos, na leitura proposta pela liturgia do dia.

 

E como os profetas foram perseguidos por seus pais, assim estes anciãos e escribas “enfurecidos em seus corações, rangem os dentes contra Estêvão e arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo”.

 

E o Papa comenta, que “quando o profeta chega à verdade e toca o coração, ou coração se abre ou o coração torna-se mais pedra, desencadeando a raiva, a perseguição”. “Assim acaba a vida de um profeta”.

 

A verdade, tantas vezes incômoda, não é agradável de ser ouvida. Neste sentido, Francisco recorda que “os profetas sempre tiveram estes problemas de perseguição por dizer a verdade”:

“Mas para mim, qual é o teste de que um profeta, quando fala forte, diz a verdade? É quando este profeta é capaz não somente de dizer, mas de chorar sobre o povo que abandonou a verdade. E Jesus, por um lado repreende com aquelas palavras duras: “geração perversa e adúltera”,  diz por exemplo. Por outro, chora sobre Jerusalém. Este é o teste. Um verdadeiro profeta é aquele que é capaz de chorar por seu povo e também de dizer as coisas fortes quando for necessário. Não é morno, é sempre assim, direto”.

 

Mas o verdadeiro profeta não é um “profeta das desventuras”, precisa Francisco. O verdadeiro profeta é um profeta de esperança:

“Abrir portas, curar as raízes, curar a pertença ao povo de Deus para seguir em frente. Não é por ofício um repreensor….não! É um homem de esperança. Repreende quando é necessário e abre as portas olhando o horizonte da esperança. Mas o verdadeiro profeta, se desempenha bem a sua missão, arrisca a própria pele”.

 

Assim com Estêvão, que morre sob os olhos de Saulo, por ser coerente com a verdade. E o Papa cita uma frase de um dos primeiros Padres da Igreja: “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”:

“A Igreja tem necessidade dos profetas. E diria mais: tem necessidade de que todos nós sejamos profetas. Não críticos, isto é outra coisa. Uma coisa é sempre o juiz crítico, ao qual nada lhe agrada, nenhuma coisa lhe agrada.: “Não, isto não está certo, não está bem, não está bem, não está certo, isto deve ser assim…” Este não é um profeta. O profeta é aquele que reza, olha para Deus, olha para seu povo, sente dor quando o povo erra, chora – é capaz de chorar pelo povo – mas é também capaz de arriscar a própria pele para dizer a verdade”.

 

“Que não falte à Igreja – conclui o Papa – este serviço da profecia, para seguir sempre em frente”.

 

Ouça o áudio com a reportagem abaixo:

 

Acesse ao vídeo com trecho da homília abaixo:

 

Fonte: Vatican News

Homilia do Papa Francisco no Domingo da Misericórdia

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Homilia do Papa Francisco no Domingo da Misericórdia

 

Na presença de milhares de Missionários da Misericórdia e de fiéis de todo o mundo, também ligados à devoção à Divina Misericórdia, o Papa Francisco presidiu no II Domingo de Páscoa à Santa Missa na Praça São Pedro

No Domingo da Misericórdia, Papa Francisco preside celebração na Praça São Pedro - Foto: AFP or licensors

No Domingo da Misericórdia, Papa Francisco preside celebração na Praça São Pedro – Foto: AFP or licensors

 

No Domingo da Divina Misericórdia, o Papa Francisco presidiu à Celebração Eucarística na Praça São Pedro. Eis sua homilia:

“No Evangelho de Hoje, o verbo ver aparece várias vezes «Os discípulos se alegraram por verem o Senhor» (Jo 20,20); depois disseram a Tomé: «Vimos o Senhor» (v. 25). Mas o Evangelho não descreve como o viram, não descreve o Ressuscitado, apenas destaca um detalhe: «Mostrou-lhes as mãos e o lado» (v. 20). Parece significar que os discípulos reconheceram Jesus desse modo: através das suas chagas. O mesmo acontece com Tomé: ele também queria ver «a marca dos pregos em suas mãos » (v. 25) e, depois de ter visto, acreditou (cf. v. 27).

 

Apesar da sua incredulidade, temos de agradecer a Tomé, pois a ele não bastou ouvir dizer dos outros que Jesus estava vivo, e nem sequer com poder vê-Lo em carne e osso, mas quis ver dentro, tocar com a mão nas suas chagas, os sinais do seu amor. O Evangelho chama Tomé de «Dídimo» (v. 24), ou seja, gêmeo; e nisso ele é verdadeiramente nosso irmão gêmeo. Pois também a nós não basta saber que Deus existe: um Deus ressuscitado, mas longínquo, não nos preenche a nossa vida; não nos atrai um Deus distante, por mais que seja justo e santo. Não. Nós também precisamos “ver a Deus”, de “tocar com a mão” que Ele tenha ressuscitado, ressuscitado por nós.

 

Como podemos vê-Lo? Como os discípulos: por meio das suas chagas. Olhando por ali, compreenderam que Ele não os amava de brincadeira e que os perdoava, embora entre eles houvesse quem O tivesse negado e O tivesse abandonado.

 

Entrar nas suas chagas significa contemplar o amor sem medidas que brota do seu coração. Este é o caminho. Significa entender que o seu coração bate por mim, por ti, por cada um de nós. Queridos irmãos e irmãs, podemos nos considerar e chamar-nos cristãos, e falar sobre muitos belos valores da fé, mas, como os discípulos, precisamos ver Jesus tocando o seu amor. Só assim podemos ir ao coração da fé e, como os discípulos, encontrar uma paz e uma alegria mais fortes que qualquer dúvida (cf. vv. 19-20).

 

Tomé, depois de ter visto as chagas do Senhor, exclamou: «Meu Senhor e meu Deus!» (v. 28).  Eu gostaria de chamar a atenção para esse pronome que Tomé repete: meu. Trata-se de um pronome possessivo e, se refletimos sobre isso, podia parecer fora do lugar referi-lo a Deus: como Deus pode ser meu? Como posso fazer que o Todo-poderoso seja meu? Na realidade, dizendo meu, não profanamos a Deus, mas honramos a sua misericórdia, pois foi Ele que quis “fazer-se nosso”. E, como numa história de amor, dizemos-Lhe: “Fizestes-vos homem por mim, morrestes e ressuscitastes por mim e agora não sois somente Deus; sois o meu Deus, sois a minha vida. Em vós encontrei o amor que eu procurava e muito mais, como nunca teria imaginado”.

 

Deus não se ofende de ser “nosso”, pois o amor exige familiaridade, a misericórdia requer confiança. Já no início dos dez mandamentos, Deus dizia: «Eu sou o Senhor, teu Deus» (Ex 20,2) e reiterava: «pois eu sou o Senhor teu Deus, um Deus zeloso» (v.5). Aqui está a proposta de Deus, amante zeloso, que se apresenta como teu Deus; e do coração comovido de Tomé brota a resposta: «Meu Senhor e meu Deus!». Entrando hoje, através das chagas, no mistério de Deus, entendemos que a misericórdia não é mais uma de suas qualidades entre outras, mas o palpitar do seu coração. E então, como Tomé, não vivemos mais como discípulos vacilantes; devotos, mas hesitantes; nós também nos tornamos verdadeiros enamorados do Senhor! Não tenham medo desta palavra: enamorados do Senhor!

 

Como saborear este amor, como tocar hoje com a mão a misericórdia de Jesus? O Evangelho também nos sugere isso, quando aponta que na tarde mesma da Páscoa (cf. Jo 20, 19), ou seja, logo depois de ressuscitar, Jesus, em primeiro lugar, dá o Espírito para perdoar os pecados.

 

Para experimentar o amor, é preciso passar por ali: deixar-se perdoar.  Deixar-se perdoar: eu pergunto a mim e a cada um de vocês: eu me deixo perdoar? Para experimentar aquele amor, é preciso passar por ali: eu me deixo perdoar? Mas, Padre,  ir confessar-se parece difícil. Diante de Deus, somos tentados a fazer como os discípulos no Evangelho: trancarmo-nos por detrás de portas fechadas. Eles faziam isso por temor e nós também temos medo, vergonha de abrir-nos e contar os nossos pecados. Que o Senhor nos dê a graça de compreender a vergonha: de vê-la não como uma porta fechada, mas como o primeiro passo do encontro.

 

Quando nos sentimos envergonhados, devemos ser agradecidos: quer dizer que não aceitamos o mal, e isso é bom. A vergonha é um convite secreto da alma que precisa do Senhor para vencer o mal. O drama está quando não se sente vergonha por coisa alguma. Nós não devemos ter medo de sentir vergonha! E passemos da vergonha ao perdão! Não tenham medo de envergonharem-se! Não tenham medo.

 

Contudo, há uma porta fechada diante do perdão do Senhor:  a da resignação. A resignação sempre é uma porta fechada. Os discípulos a experimentaram quando, na Páscoa, constatavam que tudo tivesse voltado a ser como antes: ainda estavam lá, em Jerusalém, desalentados; o “capítulo Jesus” parecia terminado e, depois de tanto tempo com Ele, nada tinha mudado. Nos resignamos. Também nós podemos pensar: “Sou cristão há muito tempo, porém nada muda em mim, cometo sempre os mesmos pecados”. Então, desalentados, renunciamos à misericórdia.

 

Entretanto, o Senhor nos interpela: “Não acreditas que a misericórdia é maior do que a tua miséria? Estás reincidente no pecado? Sê reincidente em clamar por misericórdia, e veremos quem leva a melhor!”. E depois – quem conhece o sacramento do perdão o sabe – não é verdade que tudo permaneça como antes.

 

Em cada perdão recebemos novo alento, somos encorajados, pois nos sentimos cada vez mais amados, mais abraçados pelo Pai. E quando, sentindo-nos amados, caímos mais uma vez, sentimos mais dor do que antes. É uma dor benéfica, que lentamente nos separa do pecado. Descobrimos então que a força da vida é receber o perdão de Deus, e seguir em frente, de perdão em perdão. Assim segue a vida: de vergonha em vergonha, de perdão em perdão. E esta é a vida cristã.

 

Depois da vergonha e da resignação, existe outra porta fechada, às vezes blindada: o nosso pecado, o próprio pecado.

 

Quando cometo um grande pecado, se eu, com toda a honestidade, não quero me perdoar, por que o faria Deus? Esta porta, no entanto, está fechada só de um lado: o nosso; para Deus nunca é intransponível. Ele, como nos ensina o Evangelho, adora entrar justamente através “das portas fechadas”, quando todas as passagens parecem bloqueadas. Lá Deus faz maravilhas. Ele nunca decide separar-se de nós, somos nós que o deixamos do lado de fora.

 

Mas quando nos confessamos, tem lugar o inaudito: descobrimos que precisamente aquele pecado, que nos mantinha distantes do Senhor, converte-se no lugar do encontro com Ele. Ali o Deus ferido de amor vem ao encontro das nossas feridas. E torna as nossas chagas miseráveis semelhantes às suas chagas gloriosas. Trata-se de uma transformação: a minha chaga miserável torna-se semelhante às suas chagas gloriosas. Há uma transformação: a minha mísera chaga se assemelha às suas chagas gloriosas. Pois Ele é misericórdia e faz maravilhas nas nossas misérias.

 

Como Tomé, pedimos hoje a graça de reconhecer o nosso Deus: de encontrar no seu perdão a nossa alegria; de encontrar na sua misericórdia a nossa esperança”.

 

Fonte: Vatican News

Papa: Misericórdia, o palpitar do coração de Deus

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Papa: Misericórdia, o palpitar do coração de Deus

 

O Papa Francisco renovou o convite para a confissão, para assim descobrirmos que a misericórdia de Deus é bem maior do que as nossa misérias. Como Tomé, “peçamos hoje a graça de reconhecer o nosso Deus: de encontrar no seu perdão a nossa alegria, na sua misericórdia a nossa esperança”.

Papa Francisco preside a Santa Missa no Domingo da Divina Misericórdia - Foto: AFP or licensors

Papa Francisco preside a Santa Missa no Domingo da Divina Misericórdia – Foto: AFP or licensors

 

“Quando nos confessamos, tem lugar o inaudito: descobrimos que precisamente aquele pecado, que nos mantinha distantes do Senhor, converte-se no lugar do encontro com Ele”. E “em cada perdão recebemos novo alento, somos encorajados, pois nos sentimos cada vez mais amados.”

 

Dirigindo-se aos 50 mil fiéis presentes na Praça São Pedro no Domingo da Divina Misericórdia – festa instituída por São João Paulo II – o Papa Francisco recordou do perdão, afirmando que diante das passagens que parecem bloqueadas pela vergonha, pela resignação e pelo nosso pecado, justamente ali “Deus faz maravilhas”, pois Ele adora entrar através das portas fechadas”, pois para Ele, “nada é intransponível”.

 

Os discípulos reconheceram Jesus pelas suas chagas. Inspirando-se no Evangelho do dia que descreve a incredulidade de Tomé que diz que acreditaria somente se pusesse “o dedo nas marcas dos pregos” e  “a mão no seu lado”, o Papa iniciou dizendo que “temos de agradecer a Tomé, pois a ele não bastou ouvir dizer dos outros que Jesus estava vivo, e tampouco de vê-Lo em carne e osso, mas quis ver dentro, tocar com a mão nas suas chagas, os sinais do seu amor.”

 

“Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.

 

Vemos Jesus pelas suas chagas 

 

Tomé, o «Dídimo», “é verdadeiramente nosso irmão gêmeo. Pois também a nós não basta saber que Deus existe”:

“Um Deus ressuscitado, mas longínquo, não nos preenche a nossa vida; não nos atrai um Deus distante, por mais que seja justo e santo. Não. Nós também precisamos “ver a Deus”, de “tocar com a mão” que Ele tenha ressuscitado por nós”.

 

E podemos vê-Lo, “por meio das suas chagas”:

Entrar nas suas chagas significa contemplar o amor sem medidas que brota do seu coração.  Este é o caminho. Significa entender que o seu coração bate por mim, por ti, por cada um de nós. Queridos irmãos e irmãs, podemos nos considerar e chamar-nos cristãos, e falar sobre muitos belos valores da fé, mas, como os discípulos, precisamos ver Jesus tocando o seu amor. Só assim podemos ir ao coração da fé e, como os discípulos, encontrar uma paz e uma alegria mais fortes que qualquer dúvida”.

 

O Papa a seguir, chamou a atenção para o pronome usado por Tomé ao exclamar «Meu Senhor e meu Deus!»:

Trata-se de um pronome possessivo e, se refletimos sobre isso, podia parecer fora do lugar referi-lo a Deus: como Deus pode ser meu? Como posso fazer que o Todo-poderoso seja meu? Na realidade, dizendo meu, não profanamos a Deus, mas honramos a sua misericórdia, pois foi Ele que quis “fazer-se nosso””.

 

Deus – ressaltou o Pontífice – “não se ofende de ser “nosso”, pois o amor exige familiaridade, a misericórdia requer confiança”, como Ele mesmo se apresenta no primeiro dos Dez Mandamentos e também a Tomé:

“Entrando hoje, através das chagas, no mistério de Deus, entendemos que a misericórdia não é mais uma de suas qualidades entre outras, mas o palpitar do seu coração. E então, como Tomé, não vivemos mais como discípulos vacilantes; devotos, mas hesitantes; nós também nos tornamos verdadeiros enamorados do Senhor! Não tenhamos medo desta palavra: enamorados do Senhor!”

 

Deixar-se perdoar

 

Mas, “como saborear este amor, como tocar hoje com a mão a misericórdia de Jesus?” Logo depois de ressuscitar – explica o Papa – Jesus “dá o Espírito para perdoar os pecados”:

Para experimentar o amor, é preciso passar por ali. Eu me deixo perdoar? Mas, Padre, ir confessar-se parece difícil. Diante de Deus, somos tentados a fazer como os discípulos no Evangelho: trancarmo-nos por detrás de portas fechadas. Eles faziam isso por temor e nós também temos medo, vergonha de abrir-nos e contar os nossos pecados. Que o Senhor nos dê a graça de compreender a vergonha: de vê-la não como uma porta fechada, mas como o primeiro passo do encontro”.

 

Da vergonha ao perdão

 

Sentir-se envergonhados, reitera Francisco, é um motivos para sermos agradecidos, pois “quer dizer que não aceitamos o mal, e isso é bom”:

“ A vergonha é um convite secreto da alma que tem necessidade do Senhor para vencer o mal. ”

O drama está quando não se sente vergonha por coisa alguma. Nós não devemos ter medo de sentir vergonha! E passemos da vergonha ao perdão!

 

Resignação

 

Mas diante deste perdão do Senhor, há uma porta fechada: a resignação, experimentada pelos discípulos quando  “na Páscoa, constatavam que tudo tivesse voltado a ser como antes: ainda estavam lá, em Jerusalém, desalentados; o “capítulo Jesus” parecia terminado e, depois de tanto tempo com Ele, nada tinha mudado”.

 

O mesmo pode ocorrer conosco. Mesmo sendo cristãos há muito tempo, parece que nada muda, “cometo sempre os mesmos pecados”, e desalentados, “renunciamos à misericórdia”:

“Entretanto, o Senhor nos interpela: “Não acreditas que a misericórdia é maior do que a tua miséria? Estás reincidente no pecado? Sê reincidente em clamar por misericórdia, e veremos quem leva a melhor!”. E depois – quem conhece o sacramento do perdão o sabe – não é verdade que tudo permaneça como antes”.

 

“Em cada perdão – recordou o Papa –  recebemos novo alento, somos encorajados, pois nos sentimos cada vez mais amados, mais abraçados pelo Pai:

“E quando, sentindo-nos amados, caímos mais uma vez, sentimos mais dor do que antes. É uma dor benéfica, que lentamente nos separa do pecado. Descobrimos então que a força da vida é receber o perdão de Deus, e seguir em frente, de perdão em perdão. E assim segue a vida: de vergonha em vergonha, de perdão em perdão. E esta é a vida cristã”.

 

O nosso pecado

 

Mas há uma outra porta fechada, muitas vezes “blindada”:  o nosso pecado.

 

“Quando cometo um grande pecado, se eu, com toda a honestidade, não quero me perdoar, por que o faria Deus?”, pergunta o Papa, que explica:

Esta porta, no entanto, está fechada só de um lado: o nosso; para Deus nunca é intransponível. Ele, como nos ensina o Evangelho, adora entrar justamente através “das portas fechadas”, quando todas as passagens parecem bloqueadas. Lá Deus faz maravilhas”.

 

Lugar do encontro

 

“Ele nunca decide separar-se de nós, somos nós que o deixamos do lado de fora”:

Mas quando nos confessamos, tem lugar o inaudito: descobrimos que precisamente aquele pecado, que nos mantinha distantes do Senhor, converte-se no lugar do encontro com Ele. Ali o Deus ferido de amor vem ao encontro das nossas feridas. E torna as nossas chagas miseráveis semelhantes às suas chagas gloriosas. Existe uma transformação: a minha mísera chaga assemelha-se às suas chagas gloriosas. Pois Ele é misericórdia e faz maravilhas nas nossas misérias. Como Tomé, peçamos hoje a graça de reconhecer o nosso Deus: de encontrar no seu perdão a nossa alegria;  de encontrar na sua misericórdia a nossa esperança”.

 

Acesse a transcrição da homilia completa do Santo Padre clicando aqui.

 

Assista ao vídeo da Santa Missa presidida pelo Santo Padre:

 

Fonte: Vatican News

A Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate do Papa Francisco

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A Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate do Papa Francisco

 

Os desafios de ser santos no mundo atual. Em sua Exortação Apostólica ‘Gaudete et Exsultate’, o Papa dá indicações sobre como viver a santidade – um chamado que é para todos – em um mundo que apresenta tantos desafios à fé. Mas Francisco começa o documento, falando sobre o espírito de alegria.

Papa na canonização de Madre Teresa de Calcutá - Foto: Vatican News

Papa na canonização de Madre Teresa de Calcutá – Foto: Vatican News

 

Nós nos tornamos santos vivendo as bem-aventuranças, o caminho principal porque “contra a corrente” em relação à direção do mundo. O chamado à santidade é para todos, porque a Igreja sempre ensinou que é um chamado universal e possível a qualquer um, como demonstrado pelos muitos santos “da porta ao lado”.

 

A vida de santidade está assim intimamente ligada à vida de misericórdia, “a chave para o céu”. Portanto, santo é aquele que sabe comover-se e mover-se para ajudar os miseráveis e curar as misérias. Quem esquiva-se das “elucubrações” de velhas heresias sempre atuais e quem, entre outras coisas, em um mundo “acelerado” e agressivo “é capaz de viver com alegria e senso de humor.”

 

Não é um “tratado”, mas um convite

 

É precisamente o espírito de alegria que o Papa Francisco escolhe colocar na abertura de sua última Exortação Apostólica.

 

O título “Gaudete et Exsultate”, “Alegrai-vos e exultai,” repete as palavras que Jesus dirige “aos que são perseguidos ou humilhados por causa dele”.

 

Nos cinco capítulos e 44 páginas do documento, o Papa segue a linha de seu magistério mais profundo, a Igreja próxima à “carne de Cristo sofredor.”

 

Os 177 parágrafos não são – adverte –  “um tratado sobre a santidade, com muitas definições e distinções”, mas uma maneira de “fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade”, indicando “os seus riscos,  desafios e oportunidades”(n. 2).

 

A classe média da santidade

 

Antes de mostrar o que fazer para se tornar santos, o  Papa Francisco se detém no primeiro capítulo sobre o “chamado à santidade” e reafirma: há um caminho de perfeição para cada um e não faz sentido desencorajar-se  contemplando “modelos de santidade que lhe parecem inatingíveis” ou procurando  “imitar algo que não foi pensado para ele”. (n. 11).

 

“Os santos, que já chegaram à presença de Deus” nos “protegem, amparam e acompanham” (n. 4), afirma o Papa. Mas, acrescenta, a santidade a que Deus nos chama, irá crescendo com “pequenos gestos” (n. 16 ) cotidianos, tantas vezes testemunhados por “aqueles que vivem próximos de nós”, a “classe média de santidade” (n. 7).

 

Razão como um Deus

 

No segundo capítulo, o Papa estigmatiza aqueles que define como “dois inimigos sutis da santidade”, já várias vezes objeto de reflexão, entre outros, nas missas na Santa Marta, na Evangelii gaudium, bem como no recente documento da Doutrina da Fé, Placuit Deo.

 

Trata-se de “gnosticismo” e “pelagianismo”,  duas heresias que surgiram nos primeiros séculos do cristianismo, mas continuam a ser de alarmante atualidade (n.35).

 

O gnosticismo – observa – é uma autocelebração de “uma mente sem encarnação, incapaz de tocar a carne sofredora de Cristo nos outros, engessada numa enciclopédia de abstrações”.

 

Para o Papa, trata-se de uma “vaidosa superficialidade”, que pretende “reduzir o ensinamento de Jesus a uma lógica fria e dura que procura dominar tudo”. E ao desencarnar o mistério, preferem – como disse em uma missa na Santa Marta – “um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo “(nn. 37-39).

 

Adoradores da vontade

 

O neo-pelagianismo é, segundo Francisco, outro erro gerado pelo gnosticismo. A ser objeto de adoração aqui não é mais a mente humana, mas o “esforço pessoal”, uma vontade sem humildade que “sente-se superior aos outros por cumprir determinadas normas” ou por ser fiel “a um certo estilo católico” (n. 49).

 

“A obsessão pela lei”, “o fascínio de exibir conquistas sociais e políticas”, ou “a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja” são para o Papa, entre outros, alguns traços típicos de cristãos que “não se deixam guiar pelo Espírito no caminho do amor”. (n. 57 ).

 

Francisco, por outro lado, lembra que é sempre o dom da graça que ultrapassa “as capacidades da inteligência e as forças da vontade humana” (n. 54). Às vezes, constata, “complicamos o Evangelho e tornamo-nos escravos de um esquema”. (Nº 59)

 

Oito caminhos de santidade

 

Além de todas as “teorias sobre o que é santidade”, existem as Bem-aventuranças. Francisco coloca-as no centro do terceiro capítulo, afirmando que com este discurso Jesus “explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo” (n. 63).

 

O Papa as repassa uma a uma. Da pobreza de coração – que também significa austeridade da vida (n. 70) – ao reagir “com humilde mansidão” em um mundo onde se combate em todos os lugares. (n. 74).

 

Da “coragem” de deixar-se “traspassar” pela dor dos outros e ter “compaixão” por eles – enquanto ” o mundano ignora, olha para o lado” (nn 75-76.) – à sede de justiça.

 

“A realidade mostra-nos como é fácil entrar nas súcias da  corrupção, fazer parte desta política diária do “dou para que me deem”, onde tudo é negócio. E quantos sofrem por causa das injustiças, quantos ficam assistindo, impotentes, como outros se revezam para repartir o bolo da vida”. (nn. 78-79).

 

Do “olhar e agir com misericórdia”, o que significa ajudar os outros “e até mesmo perdoar” (nn. 81-82), “manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor” por Deus e o próximo, isto é santidade. (n.86).

 

E finalmente, do “semear a paz” e “amizade social” com “serenidade, criatividade, sensibilidade e destreza” – conscientes da dificuldade de lançar pontes entre pessoas diferentes (nn. 88-89) – ao aceitar também as perseguições, porque hoje a coerência às Bem-aventuranças “pode ser mal vista, suspeita, ridicularizada” e, no entanto, não se pode esperar, para viver o Evangelho, que tudo à nossa volta seja favorável” (n. 91).

 

A grande regra do comportamento

 

Uma dessas bem-aventuranças, “Bem-aventurados os misericordiosos”, contém para Francisco “a grande regra de comportamento” dos cristãos, aquela descrita por Mateus no capítulo 25 do “Juízo Final”.

 

Esta página, reitera, demonstra que “ser santo não significa revirar os olhos num suposto êxtase” (n. 96), mas viver Deus por meio do amor aos últimos.

 

Infelizmente, observa o Papa, existem ideologias que “mutilam o Evangelho”. Por um lado, cristãos sem um relacionamento com Deus, que transformam o cristianismo “numa espécie de ONG, privando-o daquela espiritualidade irradiante” vivida por São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, Santa Teresa de Calcutá. (nº 100).

 

Por outro, aqueles que “suspeitam do compromisso social dos outros”, considerando-o como se fosse algo de superficial, mundano, secularizado, imamentista, “comunista ou populista”, ou “o relativizam” em nome de uma determinada ética.

 

Aqui o Papa reafirma que “a defesa do inocente nascituro, por exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque neste caso está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada” (n. 101).

 

Mesmo a acolhida dos migrantes – que alguns católicos,  observa, gostariam que fosse menos importante do que a bioética – é um dever de todo cristão, porque em todo estrangeiro existe Cristo, e “não se trata da invenção de um Papa, nem de um delírio passageiro” (n. 103).

 

“Gastar-se” nas obras de misericórdia

 

Assim, observou que “gozar a vida” como nos convida a fazer o “consumismo hedonista”, é o oposto do desejar dar glórias a Deus, que pede para nos “gastarmos” nas obras de misericórdia (nn. 107-108).

 

No quarto capítulo, Francisco repassa as características “indispensáveis” para entender o estilo de vida da santidade: “perseverança, paciência e mansidão”, “alegria e senso de humor”, “audácia e fervor”.

 

O caminho da santidade vivido como caminho “em comunidade” e “em constante oração”, que chega à “contemplação”, não entendida como “evasão que nega o mundo que nos rodeia” (nn. 110-152).

 

Luta vigilante e inteligente

 

E porque, prossegue, a vida cristã é uma luta “constante” contra a “mentalidade mundana” que “nos engana, atordoa e torna medíocres” (n. 159).

 

O Papa conclui no quinto capítulo convidando ao “combate” contra o “Maligno que, escreve ele, não é “um mito”, mas” um ser pessoal que nos atormenta” (n. 160-161).

 

“Quem não quiser reconhecê-lo, ver-se-á exposto ao fracasso ou à mediocridade”. As suas maquinações, indica, devem ser contrastadas com a “vigilância”, usando as “armas poderosas” da oração, a adoração eucarística, os Sacramentos e com uma vida permeada pela caridade (n. 162).

 

Importante, continua Francisco, é também o “discernimento”, particularmente em uma época “que oferece enormes possibilidades de ação e distração” – das viagens, ao tempo livre, ao uso descontrolado da tecnologia – “que não deixam espaços vazios onde ressoa a voz de Deus “. Francisco pede cuidados especiais para os jovens, muitas vezes “expostos a um constante zapping”, em mundos virtuais distantes da realidade (n. 167).

 

“Não se faz discernimento para descobrir o que mais podemos derivar dessa vida, mas para reconhecer como podemos cumprir melhor a missão que nos foi confiada no Batismo.” (174)

 

 

Fonte: Vatican News

Papa Francisco: promover a arte de viver juntos

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Papa Francisco: promover a arte de viver juntos

 

É bom promover a arte de viver juntos na simplicidade, na benevolência, na fraternidade, bem como educar para a cultura do respeito e do encontro, única capaz de construir um futuro à altura do ideal do ser humano.

Papa Francisco na Praça São Pedro - Foto: Vatican News

Papa Francisco na Praça São Pedro – Foto: Vatican News

 

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (06/04), no Vaticano, a fundadora do Centro de Estudos de Desenvolvimento da América Latina (CEDAL), Sra. Henryane de Chaponay, e alguns membros do organismo.

 

O Pontífice agradeceu a todos pelo compromisso em favor da paz, da defesa dos direitos humanos, da proteção da Terra e do crescimento de uma sociedade mais humana e fraterna.

 

“Aprecio a sua missão como fundadora do Centro de Estudos de Desenvolvimento da América Latina. A sua criatividade incansável deu frutos através dos ‘Dialogues en humanité’ (Diálogos na humanidade), cujos encontros visam reorientar as políticas sobre a humanidade, a fim de construir uma cidadania que cuide da ‘Casa comum’. É bom promover a arte de viver juntos na simplicidade, na benevolência, na fraternidade, bem como educar para a cultura do respeito e do encontro, única capaz de construir um futuro à altura do ideal do ser humano.”

 

Francisco sublinhou que com a Encíclica Laudato si’, várias mensagens e a convocação do próximo Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, deseja que “a nossa história humana possa se tornar um florescimento de libertação, crescimento, salvação e amor”.

 

Por fim, agradeceu a todos pela generosidade e dedicação.

 

Fonte: Vatican News