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Passos para um novo ano

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Passos para um novo ano

Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

O novo ano representa um caminho que se abre, uma oportunidade para recomeçar e uma possibilidade renovada de ser feliz. Caminho pressupõe passos. O primeiro deles exige um olhar sereno e sincero sobre as próprias falhas e limitações, dispondo-se a superá-las. Trata-se do passo da serenidade. Não se pode simplesmente apagar o que foi vivido, mas é possível aprender com os erros e dispor-se a uma vida nova. Não se pode ir em frente carregando peso nas costas e amargura no coração. Cargas pesadas acabam enfraquecendo as pernas, impedindo avançar no caminho novo e fazendo sofrer o coração. Há muita coisa a ser deixada pra trás para poder recomeçar. Mágoas, ressentimentos e vinganças devem ceder lugar ao perdão, à reconciliação e à paz.

O segundo passo requer disposição para caminhar juntos, compartilhando alegrias e dores. É o passo do amor fraterno, da amizade e da ternura, que tornam possível trilhar o novo ano com ânimo, leveza e alegria. O caminho pode ser longo e difícil, mas percorrido juntos se torna leve e agradável. Um novo ano traz novas oportunidades de fazer amizades e fortalecer as existentes. O terceiro passo é o da esperança diante do novo caminho. O novo pode ser desafiador, mas não deve ser visto como ameaçador, por maiores que sejam os desafios. Olhar para frente com esperança, realizando sonhos e cultivando novas atitudes.

O quarto passo é o da gratidão de quem acolhe o novo ano como dom e não como um fardo a ser carregado. A cada dia, o renascer do sol representa a possibilidade do novo. A vida deve ser acolhida e saboreada como dom precioso do Criador e como fruto do amor de quem caminha conosco. O quinto passo é o da responsabilidade diante da vida e do caminhar. Ser feliz, vivendo de um jeito novo, não é fruto do acaso, por mais que acontecimentos imprevistos possam definir o caminhar. Depende de nós, de como construímos a vida e a história, não apenas pessoal, mas também familiar e social. Somos corresponsáveis pela construção de um mundo novo, através do amor, da justiça e da paz.

O sexto passo é o da simplicidade. É preciso dispor-se a saborear o valor das coisas simples e a experimentar a beleza dos pequenos gestos em contraste com o consumismo desenfreado e a ambição desmedida, que provocam gastos e desgastes. Por fim, o sétimo passo que não pode faltar para os caminheiros do novo ano é o da . A fé em Deus sustenta a esperança, ilumina e orienta o caminho a seguir. Fé a ser alimentada por momentos de oração e meditação pessoal. Fé a ser cultivada e celebrada em comunidade. Deus caminha conosco! Querer caminhar com Ele é sinal que a luz da fé está brilhando na vida ou, ao menos, que a chama que ainda fumega está querendo crescer no coração. Outros passos podem ser acrescentados. Começar por estes poderá ajudar a alcançar o desejado feliz ano novo.

*Artigo publicado no jornal A Tarde, em 10 de janeiro de 2020.

Fonte: Arquidiocese de São Salvador da Bahia

Com adaptações na programação, a Festa do Senhor do Bonfim será realizada entre os dias 8 a 17 de janeiro

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Com adaptações na programação, a Festa do Senhor do Bonfim será realizada entre os dias 8 a 17 de janeiro

 

Entre os dias 8 e 17 de janeiro, os soteropolitanos vão celebrar uma das maiores festas religiosas do Brasil, a Festa do Senhor do Bonfim. Mesmo com todas as restrições provocadas pela pandemia da COVID-19, a Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim adaptou a programação festiva para que os fiéis possam prestar suas homenagens e louvores seguindo todas as determinações protocolares preventivas para assegurar a proteção de todos. As celebrações serão realizadas dentro da Basílica, com o acesso por ordem de chegada e transmitidas através da WebTV do Bonfim (canal do YouTube) e das redes sociais do Santuário.

Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim - Arquidiocese de São Salvador da Bahia

Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim – Arquidiocese de São Salvador da Bahia

 

Os festejos têm início com a abertura da novena no dia 8 de janeiroque segue até o dia 16, sempre às 19h. As reflexões durante as celebrações preparatórias para a Festa terão como tema Senhor do Bonfim, abraçar a Sua cruz fortalece a fé, liberta do medo e renova a nossa esperança e o lema: “Tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo16,33). A cada noite da novena, os fiéis prestarão homenagens aos trabalhadores que atuaram e continuam atuando nos serviços essenciais neste período da pandemia, às pessoas curadas da COVID-19, aos familiares de vítimas fatais da COVID-19, às pessoas que fizeram a experiência diferenciada do distanciamento e do isolamento social.

 

O reitor da Basílica Santuário, padre Edson Menezes da Silva, lembra a necessidade de cuidado e atenção por parte dos fiéis que vão participar das celebrações. “Queremos continuar erguendo nossas preces ao Senhor do Bonfim para que se compadeça do Seu povo nestes tempos tão difíceis que vivemos. Mas, não podemos esquecer que a pandemia não acabou. Precisamos manter o distanciamento social e seguir as orientações das autoridades de saúde”, afirmou. O padre também recomenda que os fiéis que participam da Procissão dos Três Pedidos (que não será realizada esse ano) escolha um dia e horário adequados para realizar as três voltas em torno Basílica e fazer os seus pedidos e agradecimentos.

 

No dia 14 de janeiro, data que seria dedicada a tradicional Lavagem das escadarias da Basílica, a imagem peregrina do Senhor do Bonfim, sairá da Matriz da Paróquia Nossa Senhora da Vitória, às 8h, em carro aberto rumo à Colina Sagrada, passando em frente à Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, seguindo o mesmo percurso do cortejo da lavagem.

Após a chegada da imagem, no interior da Basílica, o padre Edson Menezes da Silva transmitirá a tradicional mensagem proferida todos os anos da janela da Basílica e concederá a bênção através das redes sociais e dos meios de comunicação sociais presentes.

 

A solidariedade aos mais necessitados tem um momento especial durante os festejos ao Senhor do Bonfim. No dia 16, os fiéis são convidados a participarem do Drive Thru Solidário, que será realizado na sede do Projeto Bom Samaritano (Praça do Bonfim, nº 49). Serão arrecadados alimentos não perecíveis, materiais de limpeza e de higiene pessoal.

 

No dia 17 de janeiro, dia da Festa do Senhor do Bonfim, a programação terá início com o repique dos sinos da Basílica, às 5h. Não haverá queima de fogos em respeito aos doentes nos hospitais próximos à Igreja. Às 10h30, o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rochapresidirá a Missa Solene e ao final da celebração concederá a Bênção Apostólica com Indulgência Plenária. Às 15h, a imagem peregrina do Senhor do Bonfim sairá em carro aberto da Basílica para percorrer as ruas da Cidade Baixa e ser homenageada ao passar pelas portas das Igrejas católicas que compõem a Forania 4, região de Itapagipe (Nossa Senhora da Penha de França, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora dos Mares e São Jorge).

 

PROGRAMAÇÃO

Senhor Bom Jesus do Bonfim

Senhor Bom Jesus do Bonfim

 

08.01.21 – Sexta-feira

18h30 – Hasteamento da Bandeira do Senhor Bom Jesus do Bomfim no panteão da Praça da Colina, dando início à programação da festa 2021

 

19h – 1ª noite da novena

Presença do Cardeal Dom Sergio da Rocha, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil.

 

Homenagem aos trabalhadores da área de limpeza pública

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos cultivando a fé (Lc 17, 5-6).

 

09.01.21 – Sábado

19h – 2ª noite da novena

Homenagem aos trabalhadores da área do comércio em geral

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos superando o medo (Mt 14,23-27).

 

10.01.21 – Domingo 

Missas nos horários normais: 5h40, 7h30; 9h, 11h, 15h e 17h.     

7h30 – Missa Solene do Santíssimo Sacramento presidida pelo padre Edson Menezes da Silva.

 

19h – 3ª noite da novena

Homenagem aos trabalhadores da área de transporte público e particular

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos cultivando a esperança (Rm 15,13)

 

11.01.21 – Segunda-feira

16h – Adoração ao Santíssimo Sacramento (Pedindo pela contenção da 2ª onda pandemia da COVID-19). Responsáveis: Vicentinos

19h – 4ª noite da novena

Homenagem aos familiares dos que morreram de Covid 19 e familiares dos trabalhadores dos cemitérios.

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos acreditando na vida eterna e na ressurreição dos mortos (Jo 11,20-27)

 

12.01.21 – Terça-feira 

16h – Adoração ao Santíssimo Sacramento (Pedindo pela contenção da 2ª onda pandemia da COVID-19). Responsáveis: Ministros Extraordinários da Comunhão

19h – 5ª noite da novena

Homenagem aos trabalhadores da área de comunicação

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos protegendo, preservando e defendendo a vida (Jo 10,10-11).

 

13.01.21 – Quarta-feira

16h – Adoração ao Santíssimo Sacramento (Pedindo pela contenção da 2ª onda pandemia da COVID-19). Responsáveis: Apostolado da Oração

19h – 6ª noite da novena

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos cultivando o ânimo e a coragem (Jo 16,32-33).

Homenagem às pessoas que viveram com seriedade a experiência do distanciamento social em suas residências

 

14.01.21 – Quinta-feira

Missas: 7h20 e 17h

Às 8h a imagem peregrina do Senhor do Bonfim sairá da Matriz da Paróquia Nossa Senhora da Vitória (Vitória), em carro aberto, rumo à Colina Sagrada, passando em frente à Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia (Comércio), seguindo o mesmo percurso do cortejo da lavagem

Após a chegada da imagem, no interior da Basílica, o padre Edson Menezes da Silva transmitirá a tradicional mensagem proferida todos os anos da janela da Basílica e concederá a bênção através das redes sociais e dos canais de televisão presentes.

19h – 7ª noite da novena

Homenagem às pessoas que contraíram a COVID-19 e fizeram a experiência do isolamento social em suas casas

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos cultivando ânimo e alegria de viver (Jo 16,20-23).

 

15.01.21 – Sexta-feira

19h – 8ª noite da novena

Homenagem aos profissionais e trabalhadores da área da saúde

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos acreditando no poder da oração e na atuação da ciência (Mt 21,22).

 

16.01.21 – Sábado

8h às 17h – Drive Thru Solidário para recolher alimentos não perecíveis, material de limpeza e higiene. Local de entrega: Sede do Projeto Bom Samaritano.

19h –  9ª noite da novena 

Homenagem aos trabalhadores da área de segurança pública e privada

Subtema: Confiando na proteção do Senhor do Bonfim, prosseguiremos experimentando a sua infinita misericórdia

 

DOMINGO – DIA DA FESTA

17.01.2021

 5h –  Alvorada  –  Apenas repique dos sinos (não haverá alvorada por respeito e atenção aos doentes internados nos hospitais próximos à Colina Sagrada).

 

Horário das Missas: 5h40, 7h30, 9h, 10h30, 15h e às 17h.

10h30min – Missa Solene presidida pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, que, ao final da Celebração Eucarística dará a Bênção Apostólica com Indulgência Plenária.

15h – Saída da imagem peregrina do Senhor do Bonfim, em carro aberto, da Basílica para percorrer as ruas da Cidade Baixa e ser homenageada ao passar pelas portas das Igrejas católicas que compõem a Forania 4, região de Itapagipe (Nossa Senhora da Penha da França, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora dos Mares e São Jorge).

 

Fonte: Arquidiocese de São Salvador da Bahia

O Papa: o mundo precisa de unidade e fraternidade para superar a crise

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O Papa: o mundo precisa de unidade e fraternidade para superar a crise

 

Entrevista do Papa ao programa “Tg5” da televisão italiana: da pandemia, à defesa da vida e dos vulneráveis, passando pelo valor da unidade na política e na Igreja, Francisco aborda grandes temas da atualidade do novo ano e convida todos a se vacinarem e a redescobrirem o valor da fé como dom de Deus

 

Redescobrir-se unidos, mais próximo a quem sofre, sentir-se irmãos para superar juntos a crise mundial causada pela pandemia. No início da entrevista ao Tg5, Francisco reiterou que “de uma crise nunca se sai como antes, nunca. Saímos melhores ou piores”. Para o Papa, “é preciso rever tudo. Os grandes valores sempre existem na vida, mas os grandes valores devem ser traduzidos na vida do momento”. O Pontífice faz então uma lista com uma série de situações dramáticas a partir das crianças que sofrem com a fome e não podem ir à escola e as guerras que atingem muitas áreas do planeta. “As estatísticas das Nações Unidas – destaca – são assustadoras a respeito”. Adverte que se nós sairmos da crise “sem ver estas coisas, a saída será outra derrota. E será pior. Olhemos somente para estes dois problemas: as crianças e as guerras”.

 

Vacinar-se é uma ação ética, não uma opção

 

O Papa responde depois a uma pergunta do jornalista Fabio Marchese Ragona sobre as vacinas. “Eu creio – afirma – que eticamente todos devem tomar a vacina. Não é uma opção, é uma ação ética. Porque está em risco a sua saúde, a sua vida, mas também a vida dos outros”. E explica que nos próximos dias começará a campanha de vacinação no Vaticano e também ele se “cadastrou” para receber a dose. “Sim, deve-se fazer”, repete, “se os médicos a apresentam como algo que pode ser bom e que não tem perigos especiais, por que não tomar? Há um negacionismo suicida nisso, que eu não saberia explicar”. Para o Pontífice, este é o tempo de “pensar no nós e cancelar por um período o eu, colocá-lo entre parênteses. Ou nos salvamos todos com o nós ou não se salva ninguém”. A respeito, o Papa fala de modo amplo, oferecendo a sua reflexão sobre o tema da fraternidade, que muito valoriza. “Este é o desafio: fazer-me próximo ao outro, próximo à situação, próximo aos problemas, fazer-me próximo às pessoas”. Inimiga da proximidade é “a cultura da indiferença?”. Fala-se de um “saudável desinteresse pelos problemas, mas o desinteresse não é saudável. A cultura da indiferença destrói, porque me afasta”.

 

É o “tempo do nós” para superar a crise

Papa aborda temas da atualidade em entrevista a um canal da tv italiana - Foto:  Vatican Media

Papa aborda temas da atualidade em entrevista a um canal da tv italiana – Foto: Vatican Media

 

“A indiferença nos mata – retoma Francisco –, porque nos afasta. Ao invés, a palavra-chave para pensar as saídas da crise é a palavra ‘proximidade’.” Se não há unidade, proximidade, adverte o Papa, “podem-se criar tensões sociais mesmo dentro dos Estados”. E assim fala da “classe governamental” seja na Igreja, seja na vida política. Neste momento de crise, exorta, “toda a classe governamental não tem o direito de dizer ‘eu’… deve dizer ‘nós’ e buscar uma unidade diante da crise”. Neste momento, reafirma com força, “um político, um pastor, um cristão, um católico, também um bispo, um sacerdote, que não tem a capacidade de dizer ‘nós’ ao invés de ‘eu’, não está à altura da situação”. E acrescenta que os “conflitos na vida são necessários, mas neste momento devem sair de férias”, abrir espaço para a unidade “do país, da Igreja, da sociedade”.

 

Aborto é questão humana antes de ser religiosa

 

Mais uma vez, Francisco observa que a crise devida à pandemia exacerbou ainda mais a “cultura do descarte” no confronto dos mais fracos, sejam eles pobres, migrantes ou idosos. Detém-se especialmente no drama do aborto que descarta crianças indesejadas. “O problema do aborto”, adverte, “não é um problema religioso, é um problema humano, pré-religioso, é um problema de ética humana” e depois religioso. “É um problema que também um ateu tem de resolver na sua consciência”. “É correto”, pergunta o Pontífice, “cancelar uma vida humana para resolver um problema, qualquer problema? É correto contratar um assassino para resolver um problema?”

 

Capitol Hil, aprender com a história: nunca a violência

 

O Papa não deixa de comentar os dramáticos acontecimentos no Capitol Hill no último dia 6 de janeiro. Confidou que ficou “surpreso”, considerando a disciplina do povo dos Estados Unidos e a maturidade da sua democracia. No entanto, observa, mesmo nas realidades mais maduras, há sempre algo de errado quando há “pessoas que tomam um caminho contra a comunidade, contra a democracia, contra o bem comum”. Agora que isto se verificou, continua, foi possível “ver bem” o fenômeno e se “pode pôr remédio”. Francisco condenou a violência: “Devemos refletir e compreender bem e, para não repetir, aprender com a história”, estes “grupos para-regulares que não estão bem inseridos na sociedade, mais cedo ou mais tarde produzirão estas situações de violência”.

 

A fé, um dom a ser pedido ao Senhor

 

O Papa finalmente responde como está pessoalmente vivendo as restrições devidas à pandemia. Ele confessa que se sente “engailoado”, se detém nas viagens canceladas para evitar as aglomerações de pessoas, fala da esperança de visitar o Iraque. Neste momento, dedica mais tempo à oração, à conversa pelo telefone e reitera como foram importantes para ele alguns momentos, tais como a Statio Orbis em São Pedro no último dia 27 de março, “uma expressão de amor a todas as pessoas” e que nos faz “ver novas formas de nos ajudarmos uns aos outros”. Ele oferece assim uma reflexão sobre a fé no Senhor, que – disse – é antes de tudo “um dom”. “Para mim” – afirma -, “a fé é um dom, nem eu nem você, nem ninguém pode ter fé pelas suas próprias forças: é um dom que o Senhor dá a você”, que não pode ser comprado. Retomando então uma passagem do Deuteronômio, o Papa Francisco exorta a invocar a “proximidade de Deus”. Esta proximidade “na fé é um dom que temos de pedir”. A entrevista conclui com os votos de que em 2021 “não haja descartes, que não haja comportamentos egoístas” e que a unidade possa prevalecer sobre o conflito.

 

Fonte: VATICAN NEWS

 

Feliz-idade!

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Feliz-idade!

 

Dom Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Salvador, Primaz do Brasil

 

Neste tempo de pandemia, as pessoas idosas têm assumido, com redobrado empenho, o cuidado da saúde. O fato de pertencer a grupos de risco, enquanto pessoa idosa, não diminui o sentido e a alegria de viver. Ao contrário, a pandemia têm levado muitos a valorizarem, ainda mais, a vida e a cuidar melhor da própria saúde e da saúde de seus familiares.  Apesar da influência dos fatores sociais, é fundamental a postura da própria pessoa frente à fase da vida em que se encontra. Corre-se o risco de exaltar uma fase da vida e desdenhar outra, em função de experiências vividas ou a partir de paradigmas estabelecidos socialmente. Na realidade, cada idade tem suas potencialidades e limitações, alegrias e dificuldades. O desafio é fazer da idade que se vive uma feliz idade depende não somente das oportunidades que a vida oferece, mas das posturas pessoais adotadas.

Feliz-idade - Foto: Vatican Media

Feliz-idade – Foto: Vatican Media

 

Se não for possível experimentar a vida, após os sessenta anos, como a “melhor idade”, como muitos denominam, será sempre muito válido torná-la uma “feliz idade”. Para tanto, muitas iniciativas têm sido desenvolvidas visando à valorização e ao bem estar das pessoas idosas: avanços na legislação, com o Estatuto do Idoso, cursos oferecidos por universidades, acesso a computador e internet, projetos sociais e serviços especializados para essa faixa etária, associações e grupos de pessoas idosas, iniciativas das Igrejas, como a Pastoral da Pessoa Idosa. Fazer da “terceira idade” uma feliz idade é tarefa pessoal que necessita também da sociedade em que vivemos, a começar do ambiente familiar, estendendo-se aos outros ambientes e situações. A exigência de políticas públicas adequadas em favor das pessoas idosas interpela, de modo especial, os poderes públicos e pressupõe o exercício consciente da cidadania pela população. É preciso assegurar os direitos das pessoas idosas, como a aposentadoria digna, e demonstrar afeto, gratidão e respeito para com elas, no cotidiano.

 

O papel de cada pessoa neste processo é insubstituível, pois a felicidade não depende apenas de fatores externos, mas do modo como se compreende e se vive a vida. A pessoa idosa não deve se deixar levar por estereótipos e preconceitos, nem pela exaltação ingênua. É importante cultivar uma postura serena e realista diante das normais limitações da idade, sem se acomodar. É preciso reconhecer e desenvolver as potencialidades da vida, o seu rico e inesgotável dinamismo, continuando a crescer rumo ao amadurecimento, cada vez maior, afetivo, intelectual e espiritual. A vivência da fé em Deus anima cada pessoa em qualquer fase da vida, mas enriquece e fortalece ainda mais quem recebe o dom de chegar à idade avançada e ilumina a tarefa de fazer dela uma “feliz-idade”.

 

*Artigo publicado no jornal A Tarde, em 13 de setembro de 2020.

 

Fonte: Vatican News

Francisco: o apelo pela paz aos jovens, futuros agentes de transformação

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Francisco: o apelo pela paz aos jovens, futuros agentes de transformação

 

No prefácio da mais recente obra publicada pela Livraria Editora Vaticana, intitulada “Por um saber sobre a paz”, organizada por Gilfredo Marengo, o Papa Francisco se dirige especialmente aos jovens que pretendem se especializar em Ciências da Paz, tornando-se “agentes de paz”. O gosto pelo estudo, afirma o Pontífice, deve ser acompanhado por um coração inspirado no Evangelho, capaz de compartilhar as esperanças e as ansiedades dos homens de hoje imersos num clima de guerra e de violência no mundo.

 

“Por que em um mundo onde a globalização quebrou tantas fronteiras, onde todos – se diz – estamos interligados, se continua a praticar a violência nas relações entre os indivíduos e as comunidades?”, questiona o Papa Francisco ao assinar o prefácio da mais recente obra publicada pela Livraria Editora Vaticana (LEV), intitulada “Por um saber sobre a paz” (“Per un saper della pace”, em língua original).

 

“Por que quem é diferente de nós muitas vezes nos assusta de tal forma de assumirmos uma atitude defensiva e desconfiada que com muita frequência se torna uma agressão hostil?”, indaga ainda o Pontífice no texto inédito que introduz o livro – em língua italiana – organizado por Gilfredo Marengo, vice-presidente e professor ordinário de Antropologia Teológica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família.

 

“Por que os governos dos Estados acreditam que demonstrar a sua força, mesmo com atos de guerra, pode dar-lhes maior credibilidade aos olhos dos cidadãos e aumentar o consenso de que desfrutam?”. São todas questões que antecipam o pensamento do Papa Francisco na obra, ao encorajar a cooperação entre a Igreja e as universidades, investindo nas jovens gerações para um mundo sem guerras e violências. O Pontífice explica no prefácio a importância de contribuir na formação de agentes de paz, ao recordar sua recente decisão de instituir um ciclo de estudos em Ciências da Paz na Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma. O próprio livro propõe uma série de contribuições, a maioria delas provenientes de um seminário de estudos realizado em 2019 na própria instituição.

A obra em lígua italiana - Foto: Vatican Media

A obra em lígua italiana – Foto: Vatican Media

 

O prefácio do Papa Francisco

 

O ponto de partida é uma dimensão particular da “Igreja em saída” que se reflete na colaboração com o mundo acadêmico. Francisco escreve que “a Igreja é chamada a se comprometer com a solução de problemas relativos à paz, à concórdia, ao meio ambiente, à defesa da vida, aos direitos humanos e civis”. E, nesse caminho, prossegue o Papa, “o mundo universitário tem um papel central” já que simboliza “aquele humanismo integral que precisa ser continuamente renovado e enriquecido”.

 

Nesse horizonte se destaca, então, um novo desafio acadêmico interdisciplinar baseado num diálogo fecundo entre filosofia, teologia, direito e história. Francisco se diz estar confiante “que um aprofundamento rigoroso dessas linhas de pesquisa, alimentadas também pelas contribuições das ciências humanas, será capaz de fomentar o crescimento de um ‘saber sobre a paz’ para realmente formar preciosos agentes de paz, prontos a se colocar em jogo nas mais diversas áreas da vida das nossas sociedades”.

 

O kit de formação

 

Mas o que é preciso para se especializar nesse campo? O Papa indica:

“Um bom agente de paz deve ser capaz de amadurecer um olhar sobre o mundo e a história que não caia em um ‘excesso de diagnóstico’, que nem sempre é acompanhado de propostas resolutas e realmente aplicáveis. Trata-se, de fato, de ir além de uma abordagem puramente sociológica que tenha a pretensão de abraçar toda a realidade de forma neutra e asséptica.”

 

O estudo inspirado no Evangelho

O Papa Francisco em visita ao Panamá em 2019 por ocasião da JMJ - Foto: AFP or licensors

O Papa Francisco em visita ao Panamá em 2019 por ocasião da JMJ – Foto: AFP or licensors

 

Francisco, portanto, nos convida a manter o olhar sobre o contexto sem negligenciar os aspectos práticos, quando indica: “quem pretende se tornar um especialista em Ciências da Paz precisa aprender a estar atento aos sinais dos tempos: o gosto pela pesquisa científica e pelo estudo deve ser acompanhado por um coração capaz de compartilhar as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje a fim de saber realizar um verdadeiro discernimento evangélico”.

 

Ao se dirigir às pessoas potencialmente interessadas, o Papa dá uma outra indicação. “Envolver-se nesses percursos de formação”, esclarece ele, “poderá ser uma ajuda válida para muitos jovens descobrirem que a vocação leiga é, antes de tudo, a caridade na família e a caridade social ou política”. Esse, então, adverte o Pontífice, “é um compromisso concreto a partir da fé para a construção de uma nova sociedade”.

 

Andressa Collet, Eugenio Bonanata – Vatican News

 

Gratidão, coragem, tribulação e louvor: as palavras do Papa para as vocações

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Gratidão, coragem, tribulação e louvor: as palavras do Papa para as vocações

A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou esta terça-feira (24/03) a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Vocações 2020.

 

“As palavras da vocação”: este é o título da mensagem do Papa Francisco para o 57o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV Domingo da Páscoa, em 3 de maio.

 

Para “agradecer aos sacerdotes e apoiar o seu ministério”, o Pontífice escolheu a experiência de Jesus e Pedro durante a noite de tempestade no lago de Tiberíades e ressaltou quatro palavras-chave: gratidão, coragem, tribulação e louvor.

 

Para Francisco, a imagem desta travessia do lago sugere “a viagem da nossa existência”.

Mensagem Dia Mundial das Vocações 2020 - Foto: Vatican Media

Mensagem Dia Mundial das Vocações 2020 – Foto: Vatican Media

 

“De fato, o barco da nossa vida avança lentamente, sempre à procura de um local afortunado de atracagem, pronto a desafiar os riscos e as conjunturas do mar, mas desejoso também de receber do timoneiro a orientação que o coloque finalmente na rota certa. Às vezes, porém, é possível perder-se, deixar-se cegar pelas ilusões.”

 

Gratidão

 

Mas, na aventura desta travessia, o Evangelho diz que não estamos sós. O Senhor caminha sobre as águas e convida Pedro a vir ao encontro Dele. Assim, destaca o Papa, a primeira palavra da vocação é gratidão.

 

“A realização de nós mesmos e dos nossos projetos de vida não é o resultado matemático do que decidimos dentro do nosso «eu» isolado; pelo contrário, trata-se, antes de mais nada, da resposta a uma chamada que nos chega do Alto. É o Senhor que nos indica a margem para onde ir.”

 

Mais do que uma escolha nossa, recorda Francisco, a vocação é resposta a uma chamada gratuita do Senhor; por isso será possível descobri-la e abraçá-la quando o coração se abrir à gratidão e souber individuar a passagem de Deus pela nossa vida.

 

Coragem

 

Coragem é outra palavra selecionada pelo Papa. É a palavra que Jesus diz aos discípulos quando, incrédulos e assustados, O veem caminhar sobre as águas. A mesma incredulidade quando estamos para abraçar um estado de vida, que seja o matrimônio, o sacerdócio ordenado ou a vida consagrada.

 

Esta é a minha vocação? Estou no caminho certo? O Senhor pede isto a mim? Considerações, justificações e cálculos fazem perder o ímpeto e paralisam na margem de embarque.

 

“O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: «Não tenhas medo! Eu estou contigo».”

 

Tribulação

 

Toda a vocação requer empenho e aqui entram em jogo as tribulações, que o Papa prefere chamar “fadigas”. Se nos deixarmos levar pelas responsabilidades que nos esperam ou pelas adversidades que surgirão, logo desviaremos o olhar de Jesus e, como Pedro, arriscamos naufragar.

 

Pelo contrário, exorta Francisco, a fé permite caminhar ao encontro do Senhor Ressuscitado e vencer as próprias tempestades. “Pois Ele estende-nos a mão, quando, por cansaço ou medo, corremos o risco de afundar e dá-nos o ardor necessário para viver a nossa vocação com alegria e entusiasmo.”

 

Louvor

 

Por fim, o louvor. Quando Jesus sobe para o barco, cessa o vento e aplacam-se as ondas. “É uma bela imagem daquilo que o Senhor realiza na nossa vida e nos tumultos da história, especialmente quando estamos em meio à tempestade.”

 

O Papa reconhece a fadiga, a solidão, o risco da monotonia que pouco a pouco apaga o fogo ardente da vocação e cita novamente as palavras de Cristo: “Coragem, não tenhais medo! Jesus está ao nosso lado (…) E então a nossa vida, mesmo no meio das ondas, abre-se ao louvor”.

 

O Pontífice então conclui:

“Caríssimos, especialmente neste Dia de Oração pelas Vocações, mas também na ação pastoral ordinária das nossas comunidades, desejo que a Igreja percorra este caminho ao serviço das vocações, para que cada um possa descobrir com gratidão a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer «sim», vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro.”

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus

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Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus

 

Na Missa da manhã desta terça-feira (24/03) na Casa Santa Marta o Papa agradeceu aos médicos, aos enfermeiros e aos sacerdotes comprometidos na assistência aos doentes de Covid-19: um exemplo de heroísmo. Na homilia, chamou a atenção para o pecado da preguiça

Papa Francisco Casa Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco Casa Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira (24/03), o Papa rezou pelos profissionais da saúde e pelos sacerdotes que estão dando assistência aos doentes do coronavírus, colocando em risco a própria vida. Até hoje na Itália são 24 médicos mortos em sua atividade de assistência aos que foram atingidos pelo Covid-19. Quase cinco mil agentes de saúde foram contagiados. Cerca de 50 sacerdotes morreram por causa desta pandemia.  A seguir, as palavras do Santo Padre no início da celebração:

Recebi a notícia de que nestes dias faleceram alguns médicos, sacerdotes, não sei se algum enfermeiro, mas se contagiaram, foram contaminados porque estavam a serviço dos doentes. Rezemos por eles, por suas famílias, e agradeço a Deus pelo exemplo de heroísmo que nos dão na assistência aos doentes.

 

Na homilia, Francisco, comentando o Evangelho (Jo 5,1-16) em que Jesus cura um doente à beira da piscina de Betesda, ressaltou a periculosidade de um pecado particular: a preguiça. A seguir, o texto da homilia traduzida pelo Vatican News:

 

A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a água, a água como símbolo de salvação, porque é um meio de salvação, mas a água é também um meio de destruição: pensemos no Dilúvio… Mas nestas leituras, a água é para a salvação. Na primeira leitura, aquela água que traz a vida, que saneia as águas do mar, uma água nova que saneia. E no Evangelho, a piscina, aquela piscina à qual iam os doentes, repleta de água, para curar-se, porque se dizia que de vez em quando as águas se moviam, como se fosse um rio, porque um anjo descia do céu e as movia, e o primeiro, ou os primeiros, que se atiravam na água eram curados. E muitos – como diz Jesus – muitos doentes, “ficavam em grande número enfermos, cegos, coxos, paralíticos”, ali, esperando a cura, que a água se movesse. Ali se encontrava um homem que estava doente há 38 anos. 38 anos ali, esperando a cura. Este, leva a pensar, não? É um pouco demasiado… porque quem quer ser curado dá um jeito para ter alguém que o ajude, faz alguma coisa, é um pouco ágil, inclusive um pouco astuto… mas este, 38 anos ali, a ponto que não se sabe se é doente ou morto… Jesus, vendo-o deitado, e sabendo a realidade, que estava muito tempo ali, lhe diz: “Queres ficar curado?” E a resposta é interessante: não diz que sim, se lamenta. Da doença? Não. O doente responde: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Um homem que sempre chega atrasado. Jesus lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. No mesmo instante, aquele homem ficou curado.

 

A atitude deste homem leva-nos a pensar. Estava doente? Sim, talvez, tinha alguma paralisia, mas parece que pudesse caminhar um pouco. Mas estava doente no coração, estava doente na alma, estava doente de pessimismo, estava doente de tristeza, era doente de preguiça. Esta é a doença deste homem: “Sim, quero viver, mas…”, estava ali. Mas a resposta é: “Sim, quero ser curado!”? Não, é lamentar-se: “São os outros que chegam primeiro, sempre os outros”. A resposta à oferta de Jesus para curar é uma lamentação contra os outros. E assim, 38 anos lamentando-se dos outros. E não fazendo nada para curar-se.

 

Era um sábado: ouvimos o que os doutores da Lei fizeram. Mas a chave é o encontro com Jesus, depois. Encontrou-o no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Aquele homem estava em pecado, mas não estava ali porque tinha feito algo grave, não. O pecado de sobreviver e lamentar-se da vida dos outros: o pecado da tristeza que é a semente do diabo, daquela incapacidade de tomar uma decisão sobre a própria vida, mas sim, olhar a vida dos outros para lamentar-se. Não para criticá-los: para lamentar-se. “Eles chegam primeiro, eu sou vítima desta vida”: as lamentações, estas pessoas respiram lamentações.

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Se fizermos uma comparação com o cego de nascença que ouvimos domingo passado: com quanta alegria, com quanta decisão reagiu à sua cura, e também com quanta decisão foi discutir com os doutores da Lei”. Este somente foi e informou: “sim, é este”, Ponto. Sem compromisso com a vida… Faz-me pensar em muitos de nós, em muitos cristãos que vivem este estado de preguiça, incapacidade de fazer alguma coisa, mas lamentando-se de tudo. E a preguiça é um veneno, é uma neblina que circunda a alma e não a deixa viver. E também, é uma droga porque se você experimenta mais vezes, acaba gostando. E você acaba se tornando um “triste-dependente”, um “preguiça-dependente”… É como o ar. E esse é um pecado bastante comum entre nós: a tristeza, a preguiça, não digo a melancolia, mas se aproxima.

 

E nós fará bem reler este capítulo 5º de João para ver como é esta doença na qual podemos cair. A água é para salvar-nos. “Mas eu não posso salvar-me” – “Por qual motivo?” – “Por que a culpa é dos outros”. E permaneço 38 anos ali… Jesus me curou: não se vê a reação dos outros que são curados, que tomam o leito e dançam, cantam, agradecem, contam ao mundo inteiro? Não: segue adiante. Os outros lhe dizem que não se deve fazer, diz: “Mas aquele que me curou me disse que sim”, e vai segue adiante. E depois, ao invés de ir até Jesus, agradecer-lhe e tudo, informa: “Foi aquele”. Uma vida cinzenta, mas cinzenta deste espírito mau que é a preguiça, a tristeza, a melancolia.

 

Pensemos na água, a água que é símbolo da nossa força, da nossa vida, a água que Jesus usou para regenerar-nos, o Batismo. E pensemos também em nós, se alguém de nós corre o perigo de deslizar nesta preguiça, neste pecado neutral: o pecado do neutro é este, nem branco nem preto, não se sabe o que é. E este é um pecado que o diabo pode usar para aniquilar a nossa vida espiritual e também a nossa vida de pessoas. Que o Senhor nos ajude a entender como este pecado é feio e maligno.

 

Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

 

Médicos, enfermeiros, sacerdotes: exemplos de heroísmo

 

 

Fonte: Vatican News

 

O Papa sobre a pandemia: diante de Deus todos nós somos filhos, sairemos dela juntos

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O Papa sobre a pandemia: diante de Deus todos nós somos filhos, sairemos dela juntos

 

Colóquio de Francisco com o jornal italiano La Stampa: “A oração nos faz compreender a nossa vulnerabilidade”, mas o Senhor “nos transmite força e proximidade”.

 

“Aqui se chora e se sofre. Todos. Só podemos sair desta situação juntos, como uma humanidade inteira”. Portanto, devemos “olhar para o outro com espírito de solidariedade” e nos comportarmos de consequência. Foi o que disse Francisco numa conversa com o vaticanista do jornal italiano La Stampa, Domenico Agasso.

Papa Francisco - Foto: Vatican Media

Papa Francisco – Foto: Vatican Media

 

Sobre este momento, o Papa diz que deve ser vivido “com penitência, compaixão e esperança. E humildade, porque muitas vezes esquecemos que na vida existem “áreas escuras”, os momentos escuros. Pensamos que eles só podem ocorrer a outras pessoas. Em vez disso, desta vez está escuro para todos, ninguém excluído. É marcado pela dor e pelas sombras que entraram na nossa casa. É uma situação diferente daquelas que vivemos. Também porque ninguém se pode dar ao luxo de estar tranquilo, todos partilham estes dias difíceis”.

 

A Quaresma, explica o Pontífice, “com a oração e o jejum, nos treina a olhar com solidariedade para os outros, especialmente para aqueles que sofrem”, esperando o brilho daquela luz que iluminará tudo e todos novamente”. Sobre o tema da oração, Francisco acrescenta: “Vem-me em mente os Apóstolos na tempestade que invocam Jesus: “Mestre, estamos nos afogando”. A oração faz-nos compreender a nossa vulnerabilidade. É o grito dos pobres, dos que estão se afundando, dos que se sentem em perigo, sozinhos. E numa situação difícil e desesperada, é importante saber que existe o Senhor a quem nos podemos agarrar”. E Deus “nos apoia de muitas maneiras”. Ele nos dá força e proximidade, como fez com os discípulos que na tempestade pediam ajuda. Ou quando deu Sua mão a Pedro que estava se afogando”.

 

O Papa não quer fazer distinções “entre crentes e não-crentes”. Somos todos humanos e, como homens, estamos todos no mesmo barco. E nenhuma coisa humana deve ser estranha para um cristão. Aqui choramos porque sofremos. Todos nós. Há em comum a humanidade e o sofrimento. Ajuda-nos a sinergia, a colaboração mútua, o senso de responsabilidade e o espírito de sacrifício que é gerado em tantos lugares. Não devemos fazer diferença entre crentes e não-crentes, vamos à raiz: a humanidade. Diante de Deus somos todos filhos”.

 

Francisco falou então da solidão daqueles que morrem sem o conforto de seus familiares: “Nestes dias, contaram-me uma história que me tocou e me entristeceu, também porque representa o que está ocorrendo nos hospitais. Uma senhora idosa compreendeu que estava morrendo e queria despedir-se dos seus entes queridos: a enfermeira pegou o celular e fez uma videochamada para a neta, assim a senhora idosa viu o rosto da neta e pôde partir com este consolo. É necessidade última ter uma mão que segura a sua mão, necessidade de um gesto final de companhia. E muitas enfermeiras e enfermeiros acompanham este desejo extremo com os ouvidos, escutando a dor da solidão, segurando a mão. A dor daqueles que partiram sem se despedir torna-se uma ferida no coração daqueles que ficaram. Agradeço a todos estes enfermeiros e enfermeiras, médicos e voluntários que, apesar do cansaço extraordinário, se inclinam com paciência e bondade de coração, para suprir a ausência obrigada dos familiares”.

 

Falando das consequências para o nosso futuro, o Papa disse que o que está acontecendo servirá para “lembrar aos homens de uma vez por todas que a humanidade é uma única comunidade”. E como é importante, decisiva, a fraternidade universal. Devemos pensar que será um pouco, um pós-guerra. Não haverá mais “o outro”, mas seremos “nós”. Porque nós só podemos sair desta situação juntos. Devemos olhar ainda mais para as raízes: os avós, os idosos. Construir uma verdadeira fraternidade entre nós. Recordar esta experiência difícil que todos nós vivemos juntos. E seguir em frente com esperança, que nunca decepciona. Estas serão as palavras-chave para recomeçar: raízes, memória, fraternidade e esperança”.

 

Silvonei José – Vatican News

Fonte: Vatican News

Papa: tudo parece vacilar. O Terço nos mantém firmes naquilo que realmente conta

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Papa: tudo parece vacilar. O Terço nos mantém firmes naquilo que realmente conta

 

O Papa Francisco se uniu espiritualmente aos fiéis que, às 21h locais (17h em Brasília), rezaram o Terço a convite dos bispos italianos, em meio à emergência provocada pelo coronavírus. O Papa exorta todos à esperança e ao exercício da proximidade em família, através da compreensão, da paciência e do perdão. O Pontífice invoca São José para que proteja a Itália

 

Nesta situação inédita, em que tudo parece vacilar, ajudemo-nos a permanecer unidos naquilo que realmente conta.

Papa Francisco com o terço - Foto: Vatican Media

Papa Francisco com o terço – Foto: Vatican Media

 

Foi o que disse o Papa Francisco numa videomensagem aos fiéis na Itália e de todo o mundo, inclusive do Brasil, ao aderir à iniciativa dos bispos italianos de rezar o Terço na noite de quinta-feira, para pedir o fim da pandemia de coronavírus.

 

O Terço, a oração dos humildes e dos santos

 

A iniciativa da Conferência Episcopal Italiana, observa Francisco, é a mesma que tantos bispos nesses dias dirigiram aos fiéis de suas dioceses, buscando “amparar com sua palavra a esperança e a fé” do povo. O Pontífice então descreve assim a oração da Ave-Maria, repetida 50 vezes, recomendada pela própria Virgem:

A oração do Terço é a oração dos humildes e dos santos que, nos seus mistérios, com Maria contemplam a vida de Jesus, rosto misericordioso do Pai. E quanta necessidade todos temos de ser realmente consolados, de nos sentir envolvidos pela sua presença de amor!

 

A compreensão e o perdão em família

 

É na relação com os outros, diz ainda o Papa, que nós experimentamos a verdade desta presença, e num momento como este em que os outros são “os familiares mais íntimos”, Francisco convida a fazer-se “próximo um do outro, exercitando nós por primeiro a caridade, a compreensão, a paciência e o perdão”. Alargando o coração para que “o outro possa sempre encontrar disponibilidade e acolhimento”. E prossegue:

Esta noite rezemos unidos, confiemo-nos à intercessão de São José, Protetor da Sagrada Família, Protetor de todas as nossas famílias. Também o carpinteiro de Nazaré conheceu a precariedade e a amargura, a preocupação pelo amanhã; mas soube caminhar na escuridão de alguns momentos, deixando-se guiar sempre, sem reservas, pela vontade de Deus.

 

A invocação do Papa a São José

 

A mensagem de Francisco prossegue com uma súplica ao esposo de Maria, de quem a Igreja celebra hoje a Solenidade. Eis as suas palavras:

 

Protegei, Santo Defensor, este nosso País.

 

Iluminai os responsáveis pelo bem comum, para que saibam – como vós – cuidar das pessoas confiadas à responsabilidade deles.

 

Concedei a inteligência da ciência àqueles que procuram meios adequados para a saúde e o bem físico dos irmãos.

 

Sustentai aqueles que se dedicam aos necessitados: os voluntários, os enfermeiros, os médicos, que estão na linha de frente no tratamento dos doentes, mesmo à custa da própria incolumidade.

 

Abençoai, São José, a Igreja: a partir de seus ministros, fazei-a sinal e instrumento da vossa luz e da vossa bondade.

 

Acompanhai, São José, as famílias: com o vosso silêncio orante, construí a harmonia entre os pais e os filhos, de modo particular os mais pequeninos.

 

Preservai os anciãos da solidão: fazei que ninguém seja deixado no desespero do abandono e do desencorajamento.

 

Consolai quem é mais frágil, encorajai quem vacila, intercedei pelos pobres.

 

Com a Virgem Mãe, suplicai ao Senhor para que liberte o mundo de toda forma de pandemia.

 

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

 

Arquidiocese de Salvador divulga novas orientações aos fiéis para a prevenção contra o novo coronavírus

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Arquidiocese de Salvador divulga novas orientações aos fiéis para a prevenção contra o novo coronavírusLogo Arquidiocese sem fundo

 

17 de março de 2020

 

Coronavírus: Fé e Comportamento adequado

 

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mateus 28, 20).

 

Estamos vivendo momentos particularmente difíceis por causa do novo coronavírus (Covid-19). Mais do que nunca, precisamos acreditar na presença do Senhor em nossa vida. É verdade que, por vezes, precisamos andar “pelo vale tenebroso” (Salmo 23/22,4). Mas também ali “nenhum mal eu temerei”. É especialmente em situações assim que Jesus nos convida a irmos ao seu encontro: “Vinde a mim, vós que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mateus 11,28). O mundo encontra-se aflito; todos nós estamos sobrecarregados. Com mais razão, pois, somos chamados a buscar refúgio em seu Coração manso e humilde.

 

As autoridades sanitárias estão fazendo proibições e nos alertando para a necessidade de tomarmos decisões difíceis e necessárias. Precisamos estar atentos a isso, pois é a vida, a nossa e a de multidões, que está em jogo. Como cristãos, somos cidadãos do mundo. O sofrimento de cada irmão é nosso sofrimento. Fazemos parte de uma grande família. A atenção de Jesus pelos mais fracos e necessitados deve ser a nossa atenção.

 

Em nossa Arquidiocese, já tomamos algumas medidas, simples e necessárias, sobretudo nas celebrações eucarísticas: omitir o abraço da paz, não dar as mãos na oração do Pai Nosso e, ao comungar, receber a hóstia na mão. E, diante das orientações dos organismos responsáveis pela saúde pública e dos decretos municipal e estadual, fazemos saber as orientações da Arquidiocese, que devem ser observadas por todos os fiéis:

 

  1. Ficam suspensas, até o dia 02 de abril p.v., as atividades em todas as paróquias, inclusive as celebrações eucarísticas e outros sacramentos (“24 horas para o Senhor”, Festas de Padroeiros, mutirão de confissões, Via-Sacra e outras manifestações da religiosidade popular);

 

  1. Durante este período, a Sagrada Comunhão e a unção para os enfermos ficarão suspensos, ficando a cargo do sacerdote discernir os casos especiais;

 

  1. As igrejas e capelas ficarão abertas para o cuidado com os fiéis, inclusive os serviços das secretarias;

 

  1. Recomenda-se aos sacerdotes celebrar a missa pelo povo e fazer o esforço em transmiti-la, via redes sociais e/ou plataformas digitais, tendo em vista a manutenção da fé de sua comunidade paroquial;

 

  1. Incentivar a espiritualidade e a convivência familiar, por meio dos exercícios espirituais (Leitura orante da Palavra, Via Sacra, Rosário e devoções piedosas à Virgem Maria etc.);

 

  1. Para a Celebração do Tríduo Pascal serão enviadas, em tempo hábil, novas recomendações.

 

  1. Recordamos aos idosos, aos diabéticos, aos hipertensos e a todos os que têm doenças crônicas, incluindo seus cuidadores, que devem tomar especiais cuidados, inclusive, evitando participar de celebrações religiosas, nas quais correriam grandes riscos. Através da televisão, do rádio ou das redes sociais poderão acompanhar celebrações eucarísticas ou outras, fazendo a comunhão espiritual (por desejo), sem prejuízo para o preceito dominical.

Reiteramos o atencioso cuidado com as mãos (lavando-as cuidadosamente e com frequência, ou usar álcool gel 70%), evitar aglomerações, manter distância dos outros de um metro e meio, ter cuidados especiais ao tossir, sair de casa o menos possível, evitar encontros com mais de 50 pessoas, conforme os decretos públicos.

 

A partir de agora, maior será o tempo em que precisaremos ficar sozinhos. Aproveitemos essa oportunidade para escutar o Senhor (“Escuta, Israel!” – Dt 6,4), para ler sua Palavra e lhe responder por uma oração que seja um verdadeiro grito de socorro. Com o Rosário, poderemos, conduzidos por Nossa Senhora, percorrer diversos momentos da vida de seu Filho. Com a possibilidade de nossas igrejas ficarem abertas, cada um poderá escolher momentos adequados para uma visita ao Santíssimo, lembrados de que “O Mestre está aí e te chama” (Jo 11, 28).

 

Somos chamados a manter distância dos outros, mas nossos corações devem estar unidos aos dos irmãos e irmãs pela oração e por gestos de amor. Rezemos particularmente pelos que sofrem por causa do novo coronavírus, pelos médicos e enfermeiros que atendem os enfermos e por todos os que trabalham para conter a propagação desse vírus.

 

Diante dos compromissos financeiros das paróquias, nos confiamos à compreensão dos fiéis na manutenção da fidelidade ao Dízimo, a fim de que os compromissos paroquiais, inclusive a ajuda aos necessitados, possam ser assegurados.

 

Deus sempre nos ensina, também através das provações. Diante de inúmeras notícias de pessoas infectadas ou falecidas, não estará Ele querendo que reflitamos mais sobre a morte e a vida eterna? Afinal, “não temos aqui morada permanente” (Hb 13,14). A morte de tantos irmãos e irmãs nos lembram o sentido da vida e a nossa vocação eterna. Afinal, Deus nos criou para Si e deseja que vivamos eternamente glorificando a Santíssima Trindade. Esse pensamento, longe de nos alienar, nos fará ter, como Santa Dulce dos Pobres, um olhar atento aos necessitados que nos cercam.

 

Unidos em torno do Papa Francisco, rezemos:

 

Ó Maria, tu sempre brilhas em nosso caminho como sinal de salvação e esperança. Nós nos entregamos a ti, Saúde dos Enfermos, que na Cruz foste associada à dor de Jesus, mantendo firme a tua fé. Tu, Salvação do povo cristão, sabes do que precisamos e temos a certeza de que garantirás, como em Caná da Galileia, que a alegria e a celebração possam retornar após este momento de provação. Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser. Ele que tomou sobre si nossos sofrimentos e nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição. Amém. (Papa Francisco, 11.03.2020).

 

Com nossos irmãos do início do cristianismo, rezemos:

 

Sob a tua proteção, buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus. Não desprezes as nossas súplicas, nós que estamos na provação, e livra-nos de todo perigo, Virgem gloriosa e abençoada. Amém!

 

Salvador, Reunião Geral do Clero, 17 de março de 2020.

Dom Murilo S.R. Krieger, scj

Administrador Apostólico da Arquidiocese de São Salvador da Bahia