Monthly Archives: outubro 2019

O Papa na Capela Santa Marta: o amor de Cristo não é amor de telenovela

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O Papa na Capela Santa Marta: o amor de Cristo não é amor de telenovela

 

Na Missa da manhã desta quinta-feira (31) o Papa convida a entender a ternura do amor de Deus em Jesus por cada um de nós: somente assim podemos compreender realmente o amor de Cristo.

Papa Francisco na Missa da Capela de Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco na Missa da Capela de Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

Que o Espírito Santo nos faça compreender “o amor de Cristo por nós” e prepare os nossos corações para “nos deixarmos amar” pelo Senhor. Esta é a recomendação do Papa Francisco na Missa da manhã desta quinta-feira, na Casa Santa Marta, detendo-se na primeira leitura de hoje, tirada da Carta de São Paulo aos Romanos. Na sua homilia, o Pontífice explica como o Apóstolo dos gentios poderia até parecer “um pouco orgulhoso”, “demasiado confiante” ao afirmar que nem “a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada” conseguirão separar-nos “do amor de Cristo”.

 

 

O amor de uma mãe

 

No entanto, o Papa afirma, lendo São Paulo, “somos mais do que vencedores” com o amor do Senhor. São Paulo foi um deles porque, explica Francisco, desde o momento em que “o Senhor o chamou na estrada de Damasco, começou a compreender o mistério de Cristo”: “tinha-se apaixonado por Cristo”, tomado – observa o Papa – de “um amor forte”, “grande”, não uma “trama” de “telenovela”. Um amor “sincero”, a ponto de “sentir que o Senhor sempre o acompanhava em coisas belas e feias”.

 

“Ele sentia isto com amor. E eu me pergunto: eu amo o Senhor assim? Quando chegam os maus momentos, quantas vezes se sente o desejo de dizer: “O Senhor abandonou-me, já não me ama mais” e gostaria de deixar o Senhor. Mas Paulo estava certo de que o Senhor nunca abandona. Compreendera o amor de Cristo em sua própria vida. Este é o caminho que Paulo nos mostra: o caminho do amor, sempre, no bom e no mau, sempre e avante. Esta é a grandeza de Paulo”.

 

Dar a vida pelo outro

 

O amor de Cristo, acrescenta o Pontífice, “não se pode descrever”, é algo muito grande.

 

Foi Ele quem foi enviado pelo Pai para nos salvar e o fez com amor, deu a vida por mim: não há amor maior do que dar a vida por outra pessoa. Pensemos em uma mãe, o amor de uma mãe, por exemplo, que dá a vida pelo filho, acompanha-o sempre, a vida toda, nos momentos difíceis, mas ainda é pouco… É um amor próximo de nós, o amor de Jesus não é um amor abstrato, é um amor eu-tu, eu-tu, cada um de nós, com nome e sobrenome.

 

O pranto de cada um de nós

 

No Evangelho de Lucas, o Papa nota “algo do amor concreto de Jesus”. Falando de Jerusalém, Jesus recordou quando tentou recolher seus filhos “como a galinha com seus pintinhos debaixo das asas”, e lhe foi impedido. Então “chorou”.

 

O amor de Cristo o leva ao pranto, ao pranto por cada um de nós. Que ternura há nesta expressão. Jesus podia condenar Jerusalém, dizer coisas negativas… E se lamenta porque não se deixa amar como os pintinhos da galinha. A ternura do amor de Deus em Jesus. E Paulo tinha entendido isso. Se não formos capaz de sentir, de entender a ternura do amor de Deus em Jesus por cada um de nós, jamais poderemos entender o que é o amor de Cristo. É um amor assim, espera sempre, paciente, o amor que joga a última carta com Judas: “Amigo”, livra-o, até o fim. Também com nossos grandes pecadores, até o fim Ele ama com esta ternura. Não sei se pensamos em Jesus tão terno, em Jesus que chora, como chorou diante do túmulo de Lázaro, como chorou aqui, olhando Jerusalém.

 

Um amor que se faz lágrima

 

Portanto Francisco exorta a nos perguntar se Jesus chora por nós, ele que nos deu “tantas coisas” enquanto nós muitas vezes decidimos “tomar outro caminho”. O amor de Deus “se faz lágrima, se faz pranto, pranto de ternura em Jesus”, reitera. Por isso, conclui o Pontífice, São Paulo “tinha se apaixonado por Cristo e nada podia separá-lo d’Ele”.

 

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

Papa: além de uma mensagem de paz, a paz como mensagem

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Papa: além de uma mensagem de paz, a paz como mensagem

 

O Papa Francisco visitou a Universidade Lateranense, para o momento conclusivo do Simpósio sobre “Educação, direitos humanos, paz. Os instrumentos da ação intercultural e o papel das religiões”. Na ocasião foi inaugurada uma mostra dedicada ao cardeal Jean-Louis Tauran, “homem de diálogo e construtor de paz” disse o Papa

 

Na tarde desta quinta-feira (31) o Papa Francisco foi até a Pontifícia Universidade Lateranense de Roma para o momento conclusivo do Simpósio sobre “Educação, direitos humanos, paz. Os instrumentos da ação intercultural e o papel das religiões”. Na ocasião, foi realizada a inauguração de uma mostra sobre a educação à paz em memória do cardeal Jean-Louis Tauran. Francisco encontrou Representantes das Igrejas, das Comunidades e das Religiões, e diplomatas.

Papa Francisco visita Universidade Lateranense - Foto: Vatican Media

Papa Francisco visita Universidade Lateranense – Foto: Vatican Media

 

Pacto Educativo Global

 

No seu discurso afirmou: “Educar à paz quer dizer dar alívio e resposta aos que, infelizmente muitos, são condenados à morte ou ao abandono de seus lares e país de origem por causa dos conflitos e das guerras”. Francisco deixou claro que não podemos ficar indiferentes e nos limitarmos a invocar a paz, mas devemos construir e proteger diariamente a paz, dirigindo nossa oração a Deus.

 

Sobre as responsabilidades para com as novas gerações, o Papa recordou que:

“Não é suficiente ser críticos com relação ao passado ou ao presente, é necessário mostrar criatividade e propostas para o futuro, ajudando cada pessoa a crescer para se tornar protagonista e não apenas uma espectadora”

 

Por isso a necessidade de um “pacto educativo amplo e em condições de transmitir não apenas conhecimentos de conteúdos técnicos, mas também e sobretudo de sabedoria humana e espiritual, feita com justiça, retidão, comportamentos virtuosos e em condições de ser realizados concretamente”.

 

Reforçando sua afirmação diz que diante da falta de paz, não é suficiente invocar a liberdade, proclamar direitos ou utilizar a autoridade nas suas diversas formas.

 

“Ocorre principalmente se colocar em discussão, recuperar a capacidade de estar entre as pessoas, dialogar com elas e compreender as suas exigências, talvez com a nossa fragilidade, que pode ser o modo mais autêntico para sermos acolhidos quando falamos de paz”

 

Cardeal Tauran: construtor da paz

 

Ao comentar as obras da mostra, cuja linguagem é de diálogo, e se propõem como instrumentos para abrir novos caminhos de paz, o Papa afirmou que esse momento é ainda mais significativo porque nos recorda a obra de um homem de diálogo e construtor de paz, o cardeal Jean-Louis Tauran.

 

“A sua vida foi dedicada ao diálogo principalmente o diálogo com Deus, que o cristão, o sacerdote, o bispo Tauran cultivou, ao qual se inspirou nas suas escolhas e ações e encontrou conforto durante sua doença”

 

Depois de recordar que o Cardeal também foi homem do diálogo entre os povos, governos e instituições internacionais, pelo seu papel na diplomacia, completou recordando que:

“Como Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, nos fez entender que não basta deter-se diante do que se aproxima, mas é necessário explorar novas possibilidades para que as várias tradições religiosas possam transmitir, além de uma mensagem de paz, a paz como mensagem”.

 

Jane Nogara – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa: a missão não pode ser um peso, mas um dom para oferecer

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Papa: a missão não pode ser um peso, mas um dom para oferecer

 

No Dia Mundial das Missões, celebrado neste domingo (20) no âmbito do Mês Extraordinário Missionário, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica de São Pedro. O Pontífice usou o substantivo ‘monte’, o verbo ‘subir’ e o pronome ‘todos’ para encorajar o testemunho de milhares de missionários no mundo.

 

Uma celebração eucarística caracterizada pela comunhão dos povos na Basílica de São Pedro. Na manhã deste domingo (20), o Papa Francisco presidiu uma missa, por ocasião do Dia Mundial das Missões no âmbito do Mês Missionário Extraordinário. A cerimônia foi especialmente animada pela genuína participação do coro e orquestra “Palmarito e Urubichà”, da Bolívia.

Papa no dia Mundial das Missões - Foto: Vatican Media

Papa no dia Mundial das Missões – Foto: Vatican Media

 

Na homilia, o Papa usou o substantivo monte, o verbo subir e o pronome todos, extraídos das leituras do dia, para encorajar o testemunho de milhares de missionários no mundo.

 

monte, lugar de grandes encontros

 

Ao iniciar falando do monte, Francisco indicou aquele da Galileia, mas que poderia o do Sinai, do Tabor ou das Oliveiras, mas sempre “o monte parece ser o lugar onde Deus gosta de marcar encontro com toda a humanidade”.

 

“A nós, o que nos diz o monte? Que somos chamados a nos aproximar de Deus e dos outros: nos aproximar de Deus, o Altíssimo, no silêncio, na oração, nos afastando das maledicências e boatos que poluem; e nos aproximar também dos outros.”

 

Francisco então falou da importância de olhar o outro de uma outra perspectiva, do alto do monte, onde descobrimos que “a harmonia da beleza só é dada pelo conjunto”.

 

“O monte nos lembra que os irmãos e as irmãs não devem ser selecionados, mas abraçados com o olhar e sobretudo com a vida. O monte liga Deus e os irmãos num único abraço, o da oração. O monte nos leva para o alto, longe de tantas coisas materiais que passam; nos convida a redescobrir o essencial, o que permanece: Deus e os irmãos. A missão começa no monte: lá se descobre aquilo que conta. No coração deste mês missionário, vamos nos interrogar: para mim, o que é que conta na vida? Quais são as altitudes para onde vou?”

 

subir, um êxodo do próprio eu

 

O Papa partiu para o verbo que acompanhe o substantivo monte: o subir, já que “nascemos, não para ficar em terra nos contentando com coisas triviais, mas para chegar às alturas encontrando Deus e os irmãos”.

 

“ Para isso, porém, é preciso subir: é preciso deixar uma vida horizontal, lutar contra a força de gravidade do egoísmo, realizar um êxodo do próprio eu. Por isso, subir requer esforço, mas é a única maneira para ver tudo melhor, como o panorama mais bonito ao escalar a montanha só se vê no cimo. ”

 

O Papa recordou que a subida muitas vezes não é fácil, pois estamos carregados de coisas e é preciso deixar de lado o que não serve:

“É também o segredo da missão: para partir é preciso deixar, para anunciar é preciso renunciar. O anúncio credível é feito, não de bonitas palavras, mas de vida boa: uma vida de serviço, que sabe renunciar a tantas coisas materiais que empequenecem o coração, tornam as pessoas indiferentes e as fecham em si mesmas; uma vida que se separa das inutilidades que enchem o coração e encontra tempo para Deus e para os outros. Podemos nos interrogar: Como procede a minha subida? Sei renunciar às bagagens pesadas e inúteis do mundanismo para subir ao monte do Senhor?”

 

O pronome todos, a missão de todos

 

O que prevalece, porém, nas leituras, é o pronome todos, disse Francisco, repetido várias vezes: todos os povos, todas as nações, todos os homens.

 

“O Senhor Se obstina a repetir esse «todos». Sabe que somos teimosos a repetir «meu» e «nosso»: as minhas coisas, a nossa nação, a nossa comunidade… e Ele não Se cansa de repetir «todos». Todos, porque ninguém está excluído do seu coração, da sua salvação; todos, para que o nosso coração ultrapasse as alfândegas humanas, os particularismos baseados nos egoísmos que não agradam a Deus. Todos, porque cada qual é um tesouro precioso e o sentido da vida é dar aos outros este tesouro. Eis a missão: subir ao monte para rezar por todos, e descer do monte para se doar a todos.”

 

“Subir e descer… assim o cristão está sempre em movimento, em saída”, e “ao encontro de todos, não apenas dos seus e do seu grupinho”, enfatizou o Papa, que provocou mais questionamentos a todos: “assumimos o convite de Jesus ou nos ocupamos apenas das nossas coisas?”.

 

A missão, disse Francisco, é “mostrar, com a vida e mesmo com palavras, que Deus ama a todos e não se cansa jamais de ninguém”. E o Papa finalizou afirmando que “cada um de nós é uma missão nesta terra”.

 

“Vai com amor ao encontro de todos, porque a tua vida é uma missão preciosa: não é um peso a suportar, mas um dom a oferecer. Coragem! Sem medo, vamos ao encontro de todos! ”

 

 

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

Francisco: aprender a ir além, olhar a pessoa e as intenções de seu coração

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Francisco: aprender a ir além, olhar a pessoa e as intenções de seu coração

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem de Pedro “que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

O Papa Francisco prosseguiu o ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral, desta quarta-feira (16/10), que teve como tema “Deus não faz diferença entre as pessoas. Pedro e a efusão do Espírito Santo sobre os pagãos”.

Papa Francisco na Audiência Geral - Foto: Vatican Media

 

“A viagem do Evangelho no mundo, que São Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, é acompanhada pela suprema criatividade de Deus que se manifesta de forma surpreendente”, frisou o Papa, destacando que o Senhor “deseja que os seus filhos superem toda particularidade para se abrirem à universalidade da salvação. Este é o objetivo, pois Deus quer que todos sejam salvos”.

 

Sair de si e se abrir aos outros

 

Aqueles que renasceram da água e do Espírito são chamados a “saírem de si mesmos e se abrirem aos outros, a viverem a proximidade, o estilo do viver juntos que transforma toda relação interpessoal em experiência de fraternidade”, disse ainda Francisco.

 

Pedro é testemunha desse processo de “fraternização” que o Espírito quer desencadear na história. Pedro, protagonista nos Atos dos Apóstolos junto com Paulo, “vive um evento que dá uma virada decisiva na sua existência. Enquanto reza, tem uma visão que é como uma provocação” divina que desperta nele uma mudança de mentalidade.

 

“Ele vê uma toalha grande que desce do alto com vários animais: quadrúpedes, répteis e pássaros, e ouve uma voz que o convida a comer aquelas carnes. Como um bom judeu, Pedro reage, dizendo que nunca comeu nada de impuro, conforme pedido pela Lei do Senhor. Então a voz rebate com força: «Não chame de impuro o que Deus purificou».

 

“ Com esse fato, o Senhor quer que Pedro não avalie mais os eventos e as pessoas de acordo com as categorias de puro e impuro, mas que aprenda a ir além, a olhar a pessoa e as intenções de seu coração. ”

 

“O que torna o homem impuro, de fato, não vem de fora, mas de dentro, do coração. Jesus disse isso claramente.”

 

Segundo o Papa, depois dessa visão, Deus envia Pedro à casa de um estrangeiro incircunciso, Cornélio, “centurião da coorte chamada itálica, religioso e temente a Deus”, que dá muitas esmolas ao povo e orava sempre a Deus, mas não era judeu. Naquela casa de pagãos, Pedro prega Cristo crucificado e ressuscitado e o perdão dos pecados a quem Nele crê. Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo desce sobre Cornélio e seus familiares. Pedro os batiza em nome de Jesus Cristo.

 

Um evangelizador não pode ser um empecilho 

 

“Esse fato extraordinário fica conhecido em Jerusalém, onde os irmãos, escandalizados pelo comportamento de Pedro, o repreendem severamente. Pedro fez algo que estava além do costume, além da lei! Por isso, eles o censuram”, sublinhou Francisco.

 

“Depois do encontro com Cornélio, Pedro está mais livre de si mesmo e mais em comunhão com Deus e com os outros, porque viu a vontade de Deus na ação do Espírito Santo. Ele entendeu que a eleição de Israel não é a recompensa pelo mérito, mas sinal do chamado gratuito para ser mediação da bênção divina entre os povos pagãos.”

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem do “príncipe dos Apóstolos que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus que quer que todos se salvem, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

A seguir, Francisco perguntou: “Como nos comportamos com os nossos irmãos, sobretudo com aqueles que não são cristãos. Somos um empecilho para o encontro com Deus? Somos um obstáculo para o seu encontro com o Pai ou o facilitamos?”

“Peçamos a graça de nos deixar surpreender pelas surpresas de Deus, de não impedir a sua criatividade, mas de reconhecer e favorecer os caminhos sempre novos pelos quais Cristo Ressuscitado derrama o seu Espírito no mundo e atrai os corações”, concluiu o Pontífice.

 

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem de Pedro “que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

O Papa Francisco prosseguiu o ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral, desta quarta-feira (16/10), que teve como tema “Deus não faz diferença entre as pessoas. Pedro e a efusão do Espírito Santo sobre os pagãos”.

 

“A viagem do Evangelho no mundo, que São Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, é acompanhada pela suprema criatividade de Deus que se manifesta de forma surpreendente”, frisou o Papa, destacando que o Senhor “deseja que os seus filhos superem toda particularidade para se abrirem à universalidade da salvação. Este é o objetivo, pois Deus quer que todos sejam salvos”.

 

Sair de si e se abrir aos outros

 

Aqueles que renasceram da água e do Espírito são chamados a “saírem de si mesmos e se abrirem aos outros, a viverem a proximidade, o estilo do viver juntos que transforma toda relação interpessoal em experiência de fraternidade”, disse ainda Francisco.

 

Pedro é testemunha desse processo de “fraternização” que o Espírito quer desencadear na história. Pedro, protagonista nos Atos dos Apóstolos junto com Paulo, “vive um evento que dá uma virada decisiva na sua existência. Enquanto reza, tem uma visão que é como uma provocação” divina que desperta nele uma mudança de mentalidade.

 

“Ele vê uma toalha grande que desce do alto com vários animais: quadrúpedes, répteis e pássaros, e ouve uma voz que o convida a comer aquelas carnes. Como um bom judeu, Pedro reage, dizendo que nunca comeu nada de impuro, conforme pedido pela Lei do Senhor. Então a voz rebate com força: «Não chame de impuro o que Deus purificou».

 

“ Com esse fato, o Senhor quer que Pedro não avalie mais os eventos e as pessoas de acordo com as categorias de puro e impuro, mas que aprenda a ir além, a olhar a pessoa e as intenções de seu coração. ”

 

“O que torna o homem impuro, de fato, não vem de fora, mas de dentro, do coração. Jesus disse isso claramente.”

 

Segundo o Papa, depois dessa visão, Deus envia Pedro à casa de um estrangeiro incircunciso, Cornélio, “centurião da coorte chamada itálica, religioso e temente a Deus”, que dá muitas esmolas ao povo e orava sempre a Deus, mas não era judeu. Naquela casa de pagãos, Pedro prega Cristo crucificado e ressuscitado e o perdão dos pecados a quem Nele crê. Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo desce sobre Cornélio e seus familiares. Pedro os batiza em nome de Jesus Cristo.

 

Um evangelizador não pode ser um empecilho 

 

“Esse fato extraordinário fica conhecido em Jerusalém, onde os irmãos, escandalizados pelo comportamento de Pedro, o repreendem severamente. Pedro fez algo que estava além do costume, além da lei! Por isso, eles o censuram”, sublinhou Francisco.

 

“Depois do encontro com Cornélio, Pedro está mais livre de si mesmo e mais em comunhão com Deus e com os outros, porque viu a vontade de Deus na ação do Espírito Santo. Ele entendeu que a eleição de Israel não é a recompensa pelo mérito, mas sinal do chamado gratuito para ser mediação da bênção divina entre os povos pagãos.”

 

O Papa convidou os fiéis a aprenderem do “príncipe dos Apóstolos que um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus que quer que todos se salvem, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”.

 

A seguir, Francisco perguntou: “Como nos comportamos com os nossos irmãos, sobretudo com aqueles que não são cristãos. Somos um empecilho para o encontro com Deus? Somos um obstáculo para o seu encontro com o Pai ou o facilitamos?”

“Peçamos a graça de nos deixar surpreender pelas surpresas de Deus, de não impedir a sua criatividade, mas de reconhecer e favorecer os caminhos sempre novos pelos quais Cristo Ressuscitado derrama o seu Espírito no mundo e atrai os corações”, concluiu o Pontífice.

 

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican Media

Sínodo – Igreja comprometida contra violações dos direitos dos povos amazônicos

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Sínodo – Igreja comprometida contra violações dos direitos dos povos amazônicos

 

Com a 9ª Congregação Geral teve início a segunda das três semanas do Sínodo especial para a Região Pan-Amazônica que se concluirá em 27 de outubro. Na manhã desta segunda-feira (14/10) encontravam-se presentes 179 padres sinodais. Junto com o Papa elevaram uma oração a Deus pelo Equador

 

O Sínodo é um kairos tempo de graça: a Igreja coloca-se à escuta, em atitude empática e caminha ao lado dos povos originários da selva: periferias geográficas e existenciais que receberam o dom de contemplar diariamente o “Fiat”, a Palavra pronunciada por Deus. Efetivamente, a criação é uma Bíblia verde que revela o Criador e na celebração dos sacramentos o compromisso ecológico encontra seu fundamento mais profundo.

 

Formação permanente e catecumenato por Igreja em saída

Sínodo - Congregação Geral - Foto: Vatican Media

Sínodo – Congregação Geral – Foto: Vatican Media

 

Diante da sensível diminuição de comunidades religiosas na região, como se verifica, por exemplo, no Estado brasileiro do Pará, onde se está passando de uma pastoral de presença a uma visita, pede-se às Congregações religiosas que recuperem o entusiasmo missionário.

 

Ao mesmo tempo, é preciso oferecer uma formação constante e caminhos de catecumenato baseado não somente em livros de estudo, mas sobre a experiência concreta em contato direto com a cultura local.

 

Assumir um rosto amazônico significa compreender sinais e símbolos, próprios destes povos e conviver numa ótica de diálogo e intercultural, encorajando o aprofundamento de uma teologia indígena, a fim de que a liturgia responda sempre mais à cultura local.

 

Isso implica um dinamismo: sair das nossas estruturas e perspectivas. Em alguns casos a Igreja em saída na Amazônia já é uma realidade. São muitos exemplos de presença pastoral finalizada a encorajar os indígenas, esquecidos do mundo, a assumir as rédeas de seu destino. Jamais, porém, ceder à tentação de uma evangelização baseada exclusivamente em programas assistenciais.

 

Ao mesmo tempo, a Igreja é chamada a enfrentar os desafios apresentados, de um lado, pela proliferação das seitas religiosas e, do outro, por uma cultura relativista proveniente de países industrializados.

 

A contribuição no âmbito internacional

 

A Igreja é chamada a fazer ouvir a sua voz. Há quem disse que as representações pontifícias poderiam continuar desempenhando um papel essencialmente junto a governos e organismos internacionais a fim de promover as instâncias das populações amazônicas, acerca de seus direitos à terra, à água, à floresta.

 

Ademais, a Igreja na Amazônia é chamada a promover uma economia circular respeitosa da sabedoria e das práticas locais. Foi também evocada a criação de um observatório eclesial internacional sobre a violação dos direitos humanos das populações amazônicas.

 

Em seguida, a exortação: os países industrializados expressem maior solidariedade em favor dos países com economias frágeis, inclusive pelo fato que constituem um taxa mais elevada de poluição.

 

O Sínodo, com a multiplicidade de intervenções e pontos de reflexão expostos na sala, está reforçando nos participantes a ideia de uma Igreja unida em torno dos desafios da região pan-amazônica. Cada região do mundo sente a proximidade da Amazônia e os frutos desta assembleia especial serão úteis para a Igreja presente no mundo inteiro.

 

Comunicação favoreça interconexão

 

A Amazônia é um mundo multiétnico, multicultural e multirreligioso onde muitas sementes do Verbo já pegaram e estão dando fruto. É desejável a criação de um ecossistema de comunicação eclesial pan-amazônico que seja reflexo da interconexão da humanidade inteira. A ideia não é tanto tecer uma rede de cabos, mas de pessoas humanas.

 

As grandes dificuldades de mobilidade na imensa região exigem, com urgência, uma maior eficácia e capilaridade dos meios de comunicação social. É preciso, ao mesmo tempo, ajudar os povos a saber ler criticamente a informação difundida de modo superficial por alguns meios de comunicação, desmascarando toda forma de manipulação, distorção ou espetacularização.

 

Os ministérios e o discernimento

 

A presença é fundamental. Não somente de sacerdotes e bispos, mas também de colaboradores leigos, homens e mulheres. Um animador, seja ele catequista, leitor, que dê assistência aos enfermos, diácono ou ministro extraordinário da Eucaristia, exerce seu sacerdócio batismal quando assume uma atitude de serviço e não de poder ou domínio.

 

As mulheres são preciosas colaboradoras da missão da Igreja na Amazônia, insubstituíveis no cuidado samaritano, na custódia e na tutela da vida. Ao mesmo tempo, no âmbito da educação foi evidenciada a urgência de transmitir a fé, motivar os jovens a construir o próprio projeto de vida, promover o cuidado da Casa Comum, aumentar a rejeição à chaga do tráfico de pessoas, contrastar o analfabetismo e o abandono escolar.

 

Os jovens devem ser ajudados a integrar os conhecimentos ancestrais com os saberes mais modernos a fim de que ambos concorram para o “bom viver”.

 

Sob a ação do Espírito, cum Petrus e sub Petrus, a Igreja é impulsionada a uma conversão numa ótica amazônica e a empreender sem medo um discernimento e uma reflexão sobre o tema do sacerdócio, ouvindo também a hipótese de ordenar pessoas casadas, sem jamais diluir o valor do celibato.

 

De fato, é preciso ter sempre diante de si o drama das populações que não podem celebrar a Eucaristia por falta de presbíteros ou que recebem o Corpo de Cristo somente uma ou duas vezes por ano.

 

Foi sugerida uma reflexão sobre uma eventual atualização da Carta apostólica Ministeria Quaedam de Paulo VI. Também foi sugerida a introdução de diáconos e diáconas permanentes indígenas que através do ministério da Palavra ajudem o povo local a compreender melhor os Textos Sagrados.

 

Tutela da Casa Comum e exploração irresponsável

 

Foi lançada também a ideia de se criar comunidades cristãs eco-interculturais abertas ao diálogo interinstitucional e inter-religioso que ensinem novos estilos de vida orientados pelo cuidado da Casa Comum. As companhias petrolíferas e de exploração da madeira danificam o ambiente e minam a existência dos povos – foi a denúncia.

 

Efetivamente, os indígenas não obtêm nenhum benefício da extração dos recursos florestais e minerais de suas terras. Portanto, é preciso desmascarar com força a corrupção galopante que alimenta disparidades e injustiças e interrogar-se sobre o que deixaremos às futuras gerações. Também a grande ameaça constituída pelo narcotráfico deve ser contrastada junto com toda conivência que o alimenta.

 

Acesso ao alimento e respeito pelos ecossistemas

 

Foi também dado espaço ao tema da soberania alimentar: todo povo tem o direito de escolher o que cultivar, o que comer e como garantir o acesso ao alimento no respeito pelos ecossistemas.

 

Uma parte relevante da biodiversidade agroalimentar na Amazônia é ainda desconhecida e foi até agora preservada pelas populações locais. Ela não pode acabar sendo explorada por poucos e tirada da população, como aconteceu no campo médico, onde plantas e princípios ativos enriqueceram multinacionais farmacêuticas, sem restituir nada ao povo.

 

Fonte: Vatican News – Cidade do Vaticano