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Papa Francisco aos brasileiros: fortalecer o valor da vida (Campanha da Fraternidade)

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Papa Francisco aos brasileiros: fortalecer o valor da vida (Campanha da Fraternidade)

 

O Papa Francisco dirigiu sua tradicional mensagem aos fiéis brasileiros por ocasião do início da Campanha da Fraternidade, na Quarta-feira de Cinzas. “Somos chamados a ser uma Igreja samaritana”, afirma.

 

“Que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”: esses são os votos do Papa Francisco aos brasileiros por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade.

 

Este ano, o tema é “Fraternidade e vida, dom e compromisso”, com o lema “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele”.

 

“Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados”, escreve o Pontífice.

Campanha da Fraternidade 2020 - CNBB

Campanha da Fraternidade 2020 – CNBB

 

Citando trechos dos Evangelhos de Mateus e Lucas e documentos pontifícios como Laudato Si’ e Evangelii gaudium, Francisco recorda que a superação da globalização da indiferença só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano.

 

Esta Parábola nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. A Quaresma, escreve o Papa, “é um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade”.

 

Francisco conclui pedindo a intercessão de Santa Dulce dos Pobres para que a “Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”.

 

Confira a mensagem na íntegra:

 

*************

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

 

Iniciamos a Quaresma, tempo forte de oração e conversão em que nos preparamos para celebrar o grande mistério da Ressurreição do Senhor.

 

Durante quarenta dias, somos convidados a refletir sobre o significado mais profundo da vida, certo de que somente em Cristo e com Cristo encontramos resposta para o mistério do sofrimento e da morte. Não fomos criados para a morte, mas para a vida e a vida em plenitude, a vida eterna (cf. Jo 10, 10).

 

Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados. Neste ano, o tema da Campanha trata justamente do valor da vida e da nossa responsabilidade de cuidá-la em todas as suas instâncias, pois a vida é dom e compromisso; é presente amoroso de Deus, que devemos continuamente cuidar. De modo particular, diante de tantos sofrimentos que vemos crescer em toda parte, que “provocam os gemidos da irmã terra, que se unem os gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo” (Carta Enc. Laudato Si’, 53), somos chamados a ser uma Igreja samaritana (cf. Documento de Aparecida, 26).

 

Por isso, estejamos certos de que a superação da globalização da indiferença (cf. Exort. Ap. Evangelii gaudium, 54) só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Esta Parábola, que tanto nos inspira a viver melhor o tempo quaresmal, nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. À semelhança de Deus, que ouve o pedido de socorro dos que sofrem (cf. Sl 34, 7), devemos abrir nossos corações e nossas mentes para deixar ressoar em nós o clamor dos irmãos e irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados (cf. Mt 25, 34-40).

 

Queridos amigos, a Quaresma é um tempo propício para que, atentos à Palavra de Deus que nos chama à conversão, fortaleçamos em nós a compaixão, nos deixemos interpelar pela dor de quem sofre e não encontra quem o ajude. É um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade, no cuidado. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7)!

Papa Francisco aos brasileiros - fortalecer o valor da vida - Foto: Vatican Media

Papa Francisco aos brasileiros – fortalecer o valor da vida – Foto: Vatican Media

 

Por intercessão de Santa Dulce dos Pobres, que tive a alegria de canonizar no passado mês de outubro e que foi apresentada pelos Bispos do Brasil como modelo para todos os que veem a dor do próximo, sentem compaixão e cuidam, rogo ao Deus de Misericórdia que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso.

 

Envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

 

Vaticano, 26 de fevereiro de 2020 

 

Em outra matéria do site do Vatican News pode-se ler:

 

Dom Walmor: a solidariedade é o grande remédio para um mundo novo

 

Sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, o arcebispo de Belo Horizonte destaca o convite a vencer a indiferença, as desigualdades e as injustiças. “A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno.”

 

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, dirigiu uma mensagem a todos os ouvintes da Rádio Vaticano e seguidores do Vatican News nas redes sociais por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade 2020.

 

O arcebispo de Belo Horizonte destaca o convite deste ano: vencer a indiferença, as desiguladades e as injustiças. “A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno.”

 

Eis a mensagem do presidente da CNBB:

 

******

 

Amado irmão, amado irmã, saúde e paz.

 

“Fraternidade e vida, dom e compromisso” é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano na Igreja no Brasil. O lema muito oportuno, interpelante – “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele” – nos inspira a seguir os exemplos do bom samaritano e de Santa Dulce dos Pobres para melhor compreender e cultivar o compromisso com a solidariedade, ajudando o irmão que sofre.

 

A Campanha da Fraternidade deste ano traz um bonito convite para todos nós: vamos vencer a indiferença em relação ao próximo, as desigualdades, aos pobres, as injustiças. Precisamos cultivar sempre mais a compaixão, conforme orienta o horizonte rico da Campanha da Fraternidade.

 

Por isso, convido a você que acompanha o Vatican News a se inspirar nas indicações diversas que estão reunidas nas publicações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sobre a Campanha da Fraternidade, cultivando sempre mais no seu coração a solidariedade. A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno. Deus abençoe a todos nós neste caminho.

 

Vídeo com mensagem do Papa Francisco e do Presidente da CNBB:

 

Vídeo oficial da Campanha da Fraternidade 2020 CNBB

 

 

Fonte: Vatican News

Papa Francisco - Audiência Geral de 26 de fevereiro - Foto: Vatican Media

Papa: Quaresma, tempo de se desligar do celular e se conectar com o Evangelho

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Papa: Quaresma, tempo de se desligar do celular e se conectar com o Evangelho

 

Francisco disse ainda que a Quaresma “é o tempo de renunciar a palavras inúteis, conversinhas, fofocas, mexericos e se aproximar do Senhor. É o tempo de se dedicar a uma ecologia saudável do coração, fazer uma limpeza nele”.

 

“Quaresma, entrar no deserto.” Este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta Quarta-feira de Cinzas (26/02), na Praça São Pedro.

Papa Francisco - Audiência Geral de 26 de fevereiro - Foto: Vatican Media

Papa Francisco – Audiência Geral de 26 de fevereiro – Foto: Vatican Media

 

“Hoje, iniciamos o caminho quaresmal, caminho de quarenta dias em direção à Páscoa, rumo ao coração do ano litúrgico e da fé”, sublinhou Francisco. “É um caminho que segue o de Jesus, que no início de seu ministério se retirou por quarenta dias para rezar e jejuar, tentado pelo diabo, no deserto.”

 

O deserto é o lugar da Palavra de Deus

 

A seguir, o Papa se deteve no “significado espiritual do deserto, o que significa espiritualmente o deserto para todos nós, também para nós que vivemos na cidade” e convidou os fiéis a imaginarem de estar num deserto. “A primeira sensação seria de estar envolvidos num grande silêncio: sem barulho, a não ser do vento e da nossa respiração”, disse ele.

 

O deserto é o lugar em que se toma distância do barulho que nos circunda. É ausência de palavras para dar espaço a outra Palavra, a Palavra de Deus, que acaricia o nosso coração como a brisa suave. O deserto é o lugar da Palavra, com letra maiúscula. Na Bíblia, o Senhor gosta de conversar conosco no deserto. No deserto, ele entrega a Moisés as “dez palavras”, os dez mandamentos. E quando o povo se afasta Dele, tornando-se como uma noiva infiel, Deus diz: «Vou levá-la ao deserto e conquistar seu coração. Lá me responderá, como nos dias de sua juventude». No deserto, se ouve a Palavra de Deus, que é como um som suave.

 

Quaresma, tempo de se desligar do celular e abrir a Bíblia

 

“No deserto, encontra-se a intimidade com Deus, o amor do Senhor. Jesus gostava de retirar-se todos os dias para lugares desertos para rezar. Ele nos ensinou a procurar o Pai, que nos fala no silêncio”, disse ainda Francisco, acrescentando:

“A Quaresma é o tempo propício para abrir espaço à Palavra de Deus. É o tempo para desligar a televisão e abrir a Bíblia. É o tempo para se desligar do telefone celular e se conectar com o Evangelho. É o tempo de renunciar a palavras inúteis, conversinhas, fofocas, mexericos e se aproximar do Senhor. É o tempo de se dedicar a uma ecologia saudável do coração, fazer uma limpeza nele. Vivemos num ambiente poluído por muita violência verbal, por muitas palavras ofensivas e nocivas, que a rede amplifica.”

 

“Hoje, se insulta como se dissesse “Bom dia”. Somos submergidos de palavras vazias, publicidades e anúncios falsos. Nos acostumamos a ouvir tudo sobre todos e corremos o risco de cair num mundanismo que atrofia os nossos corações. Custamos para distinguir a voz do Senhor que nos fala, a voz da consciência, do bem. Jesus, chamando-nos no deserto, nos convida a prestar atenção no que interessa, no que é importante, no essencial.”

 

O deserto é o lugar essencial

 

Ao diabo que o tentou, Jesus respondeu: “O homem não viverá somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. “Mais que o pão, precisamos da Palavra de Deus, precisamos falar com Deus: rezar”, disse ainda o Papa.

Papa Francisco - Audiência Geral de 26 de fevereiro - Foto: Vatican Media

Papa Francisco – Audiência Geral de 26 de fevereiro – Foto: Vatican Media

 

“O deserto é o lugar do essencial. Olhemos para as nossas vidas: quantas coisas inúteis nos circundam. Seguimos mil coisas que parecem necessárias, mas na realidade não são. Nos fará bem nos libertar de muitas realidades supérfluas a fim de redescobrir o que interessa e reencontrar o rosto de quem está ao nosso lado.” E sobre isso, Jesus nos dá o exemplo, jejuando. “Jejuar é saber renunciar às coisas vãs, supérfluas, para ir ao essencial. Jejuar não é apenas para emagrecer, jejuar é ir ao essencial, é buscar a beleza de uma vida mais simples”, sublinhou Francisco.

 

O deserto é o lugar da solidão

 

Por fim, o Papa disse que o deserto “é o lugar da solidão”. “Ainda hoje, perto de nós, existem muitos desertos, muitas pessoas sozinhas. São pessoas sós e abandonadas”.

 

“Quantos pobres e idosos estão ao nosso lado e vivem em silêncio, sem fazer barulho, marginalizados e descartados!”

 

“Falar sobre eles não faz audiência. Mas o deserto nos leva a eles, àqueles que, em silêncio, pedem a nossa ajuda. Muitos olhares silenciosos que pedem a nossa ajuda. O caminho no deserto quaresmal é um caminho da caridade para com os vulneráveis. Oração, jejum e obras de caridade: eis o caminho no deserto quaresmal”, concluiu o Papa.

 

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Francisco: pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade

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Francisco: pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade

 

O Papa manifestou apreço pela reflexão sobre o tema da educação, afirmando que “hoje, é necessário unir esforços para alcançar uma aliança educacional ampla a fim de formar pessoas maduras, capazes de reconstruir o tecido relacional e criar uma humanidade mais fraterna”.

 

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (07/02), no Vaticano, os participantes do congresso “Educação: O Pacto Global”, promovido pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais, em vista do evento mundial “Reconstruir o Pacto Educativo Global” que se realizará, no Vaticano, em 14 de maio próximo.

 

Francisco manifestou apreço pela reflexão sobre esse tema, afirmando que “hoje, é necessário unir esforços para alcançar uma aliança educacional ampla a fim de formar pessoas maduras, capazes de reconstruir o tecido relacional e criar uma humanidade mais fraterna”.

Papa com os participantes do encontro "Educação: O Pacto Global" - Foto: Vatican Media

Papa com os participantes do encontro “Educação: O Pacto Global” – Foto: Vatican Media

 

Educação de qualidade, um desafio mundial

 

A educação integral e de qualidade, e os padrões de graduação continuam sendo um desafio mundial. Apesar dos objetivos e metas formulados pela Organização das Nações Unidas e outros organismos, e importantes esforços realizados por alguns países, a educação continua sendo desigual entre a população mundial. A pobreza, a discriminação, as mudanças climáticas, a globalização da indiferença, e a redução do ser humano a coisas, murcham o florescimento de milhões de criaturas.

 

Segundo o Papa, “a educação básica é hoje um ideal normativo no mundo inteiro”. Pesquisas mostram que houve progresso na participação de meninos e meninas na educação. O número de matrículas no ensino primário hoje é quase universal, evidenciando que a diferença de gênero diminuiu.

 

“Toda geração deveria pensar em como transmitir seus saberes e seus valores à geração futura, pois é através da educação que o ser humano alcança o seu potencial máximo e se torna um ser consciente, livre e responsável.”

 

“Pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade. É algo profundamente arraigado na esperança e exige generosidade e coragem.”

 

Ruptura do pacto educativo

 

“Educar não é apenas transmitir conceitos, mas um trabalho que exige que todos os responsáveis, família, escola e instituições sociais, culturais e religiosas, participem desse processo de forma solidária. Para educar é necessário integrar a linguagem da cabeça com a linguagem do coração e a linguagem das mãos. Que um educando pensa o que sente e o que faz, sinta o que pensa e o que faz, e faça o que sente e o que pensa”, ressaltou Francisco.

 

Segundo o Papa, “hoje, está em crise, rompeu-se o pacto educativo existente entre família, escola, pátria e mundo, cultura e culturas. Rompeu-se realmente e não pode ser colado ou recomposto, a não ser através de um esforço renovado de generosidade e acordo universal. O pacto educativo quebrado significa que a sociedade, a família e as instituições que são chamadas a educar, delegam a decisiva tarefa educacional a outros, evitando tal responsabilidade”.

 

Unir esforços para a educação

 

“Hoje, somos chamados a renovar e unir o esforço de todos para a educação a fim de refazer um novo pacto educativo, pois somente assim será possível mudar a educação”, disse ainda Francisco.

 

Para isso, é preciso integrar os saberes, a cultura, o esporte, a ciência, a diversão e a recreação. É preciso construir pontes de conexão, superar a “pequenez” que nos fecha em nosso pequeno mundo, e ir ao mar aberto global, respeitando todas as tradições. As novas gerações devem entender com clareza sua tradição e cultura, em relação às demais, de modo que desenvolvam o autoconhecimento, enfrentando e assumindo a diversidade e as mudanças culturais. Assim, será possível promover uma cultura do diálogo, do encontro e da compreensão recíproca, respeitosa e tolerante. Uma educação que permita a identificação e promoção dos verdadeiros valores humanos dentro de uma perspectiva intercultural e inter-religiosa.

 

A família deve ser valorizada no novo pacto educativo

 

Para Francisco, “a família precisa ser valorizada no novo pacto educativo, pois sua responsabilidade começa no ventre materno, no momento do nascimento”.

 

“As mães, os pais, os avós, e a família como um todo, em seu papel educacional primário, precisam de ajuda para entender, no novo contexto global, a importância dessa etapa inicial da vida e estar preparados para agir.”

 

“Uma das maneiras fundamentais de melhorar a qualidade da educação no âmbito escolar é conseguir uma maior participação das famílias e comunidades locais nos projetos educacionais. Elas fazem parte da educação integral, pontual e universal”.

 

Professores, artesãos das gerações futuras

 

A seguir, o Papa fez uma homenagem aos professores, pois diante do desafio da educação vão adiante com coragem e perseverança.

 

“Eles são “artesãos” das gerações futuras. Com o seu saber, paciência e dedicação transmitem uma maneira de ser que se transforma em riqueza, não material, mas imaterial, criando o homem e a mulher do amanhã. Esta é uma grande responsabilidade. Portanto, no novo pacto educativo, a função dos professores, como agentes da educação, deve ser reconhecida e apoiada com todos os meios possíveis. Se o nosso objetivo é oferecer a cada indivíduo e cada comunidade o nível e conhecimento necessários para ter sua própria autonomia e ser capaz de cooperar com os outros, é importante investir na formação dos educadores com os mais elevados padrões de qualidade, em todos os níveis acadêmicos”.

 

Foram abordados durante o congresso e citados pelo Papa Francisco na audiência, temas como a nova ciência da mente, o cérebro e a educação, a promessa da chegada da tecnologia às crianças que atualmente não têm oportunidades de aprendizado, educação dos jovens refugiados e imigrantes no mundo, além dos impactos da desigualdade crescente e das mudanças climáticas na educação, os instrumentos para inverter os efeitos de ambos e reforçar as bases para uma sociedade mais humana, igualitária e feliz.

 

O Papa concluiu o seu discurso, falando sobre a beleza. “Não é possível educar sem induzir à beleza, sem induzir o coração à beleza. O caminho da beleza é um desafio deve ser enfrentado.”

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa na Santa Marta: não há humildade sem humilhações

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Papa na Santa Marta: não há humildade sem humilhações

 

Ao comentar o Evangelho de hoje, o Papa Francisco exorta os cristãos a seguirem pelo caminho indicado por Jesus e João, o da humilhação. Aos pastores, recomenda a não caírem na mundanidade, cedendo à tentação do carreirismo.

 

Não ter “medo das humilhações”, peçamos ao Senhor que nos envie “algumas” para “nos tornar humildes”, a fim de “melhor imitar” Jesus. Esta é a recomendação do Papa Francisco na Missa da manhã (07/02) celebrada na Casa Santa Marta.

 

O caminho de Jesus

 

Refletindo sobre o Evangelho de Marcos, o Pontífice explica como João Batista foi enviado por Deus para “indicar o caminho”, “o caminho” de Jesus. O “último dos profetas”, recorda de fato o Papa, teve a graça poder dizer: “Este é o Messias”.

Papa Francisco Missa na Casa Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco Missa na Casa Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

O trabalho de João Batista não foi tanto o de pregar que Jesus viria e preparar o povo, mas o de dar testemunho de Jesus Cristo e dá-lo com a própria vida. E dar testemunho do caminho escolhido por Deus para nossa salvação: o caminho da humilhação. Paulo expressa isso de forma tão clara em sua Carta aos Filipenses: “Jesus aniquilou a si mesmo até a morte, morte de Cruz”. E essa morte de Cruz, esse caminho de aniquilação, de humilhação, é também o nosso caminho, o caminho que Deus mostra aos cristãos para seguir em frente.

 

O fim mais humilhante

 

Quer João como Jesus – enfatiza Francisco – tiveram a “tentação da soberba, do orgulho”: Jesus “no deserto com o diabo, depois de jejuar”; João diante dos doutores da lei que perguntavam se era ele o Messias: ele poderia ter respondido que era “seu ministro”, mas “se humilhou”.

 

Ambos, continua o Papa, “tiveram a autoridade diante do povo”, sua pregação tinha autoridade. E ambos conheceram “momentos de rebaixamento”, uma espécie de “depressão humana e espiritual”, como a define o Pontífice: Jesus no Jardim das Oliveiras e João na prisão, tentado pelo “verme da dúvida” se Jesus era realmente o Messias.

 

Os dois – destaca ainda – “acabaram da maneira mais humilhante”: Jesus com a morte na Cruz, “a morte dos criminosos mais baixos, terrível fisicamente e também moralmente”, “nu diante do povo” e de “sua mãe”. João Batista “decapitado na prisão por um guarda” por ordem de um rei “debilitado pelos vícios”, “corrompido pelo capricho de uma bailarina e pelo ódio de uma adúltera”, com referência a Herodíades e sua filha:

O profeta, o grande profeta, o maior homem nascido de uma mulher – como Jesus o qualifica – e o Filho de Deus escolheram o caminho da humilhação. É o caminho que nos mostram e que nó, cristãos devemos seguir. De fato, nas Vem-aventuranças, é enfatizado que o caminho é o da humildade.

 

Caminho mundano

 

Não se pode ser “humildes sem humilhações”, destaca o Papa. Seu convite então aos cristãos é para tirar lições da “mensagem” da Palavra de Deus de hoje:

Quando procuramos nos mostrar, na Igreja, na comunidade, para ter um cargo ou outra coisa, esse é o caminho do mundo, é um caminho mundano, não é o caminho de Jesus. E também aos pastores pode acontecer essa tentação de galgadores: “Isso é uma injustiça, isso é uma humilhação, não posso tolerar isso”. Mas se um pastor não segue por esse caminho, não é discípulo de Jesus: é um galgador com uma batina. Não há humildade sem humilhação.

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

O Papa: o mundo rico de hoje pode e deve acabar com a pobreza

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O Papa: o mundo rico de hoje pode e deve acabar com a pobreza

 

Um mundo rico e uma economia vibrante podem e devem acabar com a pobreza. “O nível de riqueza e de técnica acumulados pela humanidade, bem como a importância e o valor que os direitos humanos adquiriram, não permitem mais pretextos. Devemos ter consciência de que todos somos responsáveis”, disse o Papa esta quarta-feira (05/02) no Simpósio “Novas formas de fraternidade solidária, de inclusão, integração e inovação”

 

“O mundo é rico e, todavia, os pobres aumentam ao nosso redor.” Foi a constatação expressa pelo Papa no discurso na tarde desta quarta-feira (05/02) na Casina Pio IV, no Vaticano, no Simpósio “Novas formas de fraternidade solidária, de inclusão, integração e inovação”, com a participação, entre outros, de economistas, ministros da economia e banqueiros.

O Papa Francisco - Foto: Vatican Media

O Papa Francisco – Foto: Vatican Media

 

Já no início, Francisco agradeceu pelo encontro, exortando a aproveitar deste novo início do ano para construir pontes, “pontes que favoreçam o desenvolvimento de um olhar solidário a partir dos bancos, das finanças, dos governos e das decisões econômicas.

 

“Precisamos de muitas vozes capazes de pensar, a partir de uma perspectiva poliédrica, as várias dimensões de um problema global que diz respeito aos nossos povos e às nossas democracias”, enfatizou.

 

Centenas de milhões de pessoas imersas na extrema pobreza

 

Segundo relatórios oficiais, disse o Pontífice, a renda mundial deste ano será de quase 12 mil dólares per capita. No entanto, centenas de milhões de pessoas ainda se encontram imersas na pobreza extrema e não dispõem de alimento, habitação, assistência médica, escolas, eletricidade, água potável e estruturas higiênicas adequadas e indispensáveis.

 

“Calcula-se que cerca de cinco milhões de crianças abaixo dos 5 anos morrerão este ano devido à pobreza. Outras 260 milhões não receberão uma educação por falta de recursos, por causa das guerras e das migrações”, acrescentou.

 

Esta situação, disse ainda, levou milhões de seres humanos “a ser vítimas do tráfico de pessoas e das novas formas de escravidão, como o trabalho forçado, a prostituição e o tráfico de drogas”.

 

Não somos condenados à iniquidade universal

 

Tais realidades não devem ser motivo de desespero, mas de ação, são realidades que nos impulsionam a fazer algo, frisou Francisco, destacando em seguida a principal mensagem de esperança que gostaria de partilhar com os presentes:

“Não existe um determinismo que nos condene à iniquidade universal. Permitam-me repetir: não somos condenados à iniquidade universal. Isso torna possível um novo modo de enfrentar os eventos, que permita encontrar e gerar respostas criativas diante do evitável sofrimento de tantos inocentes; isso implica aceitar que, em não pouca situações, nos encontramos diante de uma falta de vontade e de decisão para mudar as coisas, e principalmente as prioridades.”

 

Em seguida, o Santo Padre foi enfático: “Um mundo rico e uma economia vibrante podem e devem acabar com a pobreza. E se podem gerar e promover dinâmicas capazes de incluir, alimentar, cuidar e vestir os últimos da sociedade ao invés de excluí-los”.

 

Escolher a que e a quem dar prioridade

 

Devemos escolher a que coisa e a quem dar prioridade: se favorecer mecanismos socioeconômicos humanizadores para toda a sociedade ou, ao contrário, fomentar um sistema que acaba por justificar determinadas práticas que só fazem aumentar o nível de injustiça e de violência social.

 

Dito isso, o Pontífice foi taxativo:

“O nível de riqueza e de técnica acumulados pela humanidade, bem como a importância e o valor que os direitos humanos adquiriram, não permitem mais pretextos. Devemos ter consciência de que todos somos responsáveis. Isso não quer dizer que todos somos culpados. Todos somos responsáveis a fazer algo.”

 

Extrema pobreza e extrema riqueza

 

Se existe a pobreza extrema em meio à riqueza (por sua vez riqueza extrema), é porque permitimos que a disparidade se ampliasse até tornar-se a maior da história.

 

Baseado em dados quase oficiais, Francisco afirmou que as cinquenta pessoas mais ricas do mundo têm um patrimônio tal que poderiam financiar a assistência médica e a educação de toda criança pobre no mundo, quer através do pagamento de impostos, quer através de iniciativas filantrópicas, ou ambas. Essas cinquenta pessoas poderiam salvar milhões de vida todos os anos, destacou.

 

A globalização da indiferença foi chamada “inação”. São João Paulo II a chamou: estruturas de pecado. Tais estruturas encontram um clima propício para a sua expansão toda vez que o Bem Comum é reduzido ou limitado a determinados setores ou, no caso que nos reúne hoje, quando a economia e a finança se tornam fins a si mesmas. É a idolatria do dinheiro, a avidez e a especulação.

 

Buscar o bem comum, a justiça social e a paz

 

Seguindo a razão iluminada pela fé, ressaltou Francisco, a doutrina social da Igreja celebra as formas de governo e os bancos “quando realizam sua finalidade, que é, definitivamente, buscar o bem comum, a justiça social, a paz, bem como o desenvolvimento integral de todo indivíduo, de toda comunidade humana e de todas as pessoas.”

 

“Todavia – observou o Papa –, a Igreja alerta que essas instituições benéficas, tanto públicas quanto privadas, podem decair em estruturas de pecado.”

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

 

Audiência: ser pobre em espírito é ser livre para amar

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Audiência: ser pobre em espírito é ser livre para amar

 

A catequese do Papa Francisco foi dedicada à primeira bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados os pobres em espírito.

 

A Sala Paulo VI acolheu esta quarta-feira (05/02) milhares de fiéis e peregrinos que vieram ao Vaticano para a Audiência Geral.

Audiência Geral Papa Francisco - Foto: Vatican Media

Audiência Geral Papa Francisco – Foto: Vatican Media

 

Na semana passada, o Papa Francisco anunciou um novo ciclo de catequeses dedicado às bem-aventuranças e hoje comentou a primeira das oito proclamadas por Jesus:  bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5, 3).

 

O Pontífice começou explicando o significado de “pobres”: aqui não se trata simplesmente de uma pobreza material, mas de ser pobres em espírito. O espírito, segundo a Bíblia, é o sopro da vida que Deus comunicou a Adão, é a nossa dimensão mais íntima, a dimensão espiritual, a que nos torna pessoas humanas, o núcleo profundo do nosso ser. Portanto, os “pobres em espírito” são aqueles que são e se sentem pobres, mendicantes, no íntimo de seu ser.

 

“Quantas vezes ouvimos o contrário! É preciso ser alguém, ser alguém… é disto que nasce a solidão e a infelicidade: se devo ser ‘alguém’, estou competindo com os outros e vivo na preocupação obsessiva pelo meu ego. Se não aceito ser pobre, sinto ódio por tudo aquilo que recorda a minha fragilidade.”

 

Digerir os próprios limites

 

Diante de si, cada um sabe que, por mais que faça, permanece sempre radicalmente incompleto e vulnerável. Não tem truque que cubra essa vulnerabilidade. Cada um de nós é vulnerável dentro. Mas como se vive mal rejeitando os próprios limites! Vive-se mal, não se digere o limite. Está ali. As pessoas orgulhosas não pedem ajuda porque querem se mostrar autossuficientes. Quantos precisam de ajuda, mas o orgulho lhes impede de pedir ajuda. E quanto é difícil admitir um erro e pedir perdão!

 

Francisco recordou que quando dá um conselho aos recém-casado sobre como levar avante o matrimônio, diz três palavras mágicas: com licença, obrigado, desculpa. “Palavras que vêm da pobreza.” “Os casais me dizem que a terceira é a mais difícil, porque quem é orgulhoso não consegue perdir desculpa, tem sempre razão. Não é pobre.”

 

Cansaço de pedir perdão

 

Ao invés, o Senhor jamais se cansa de perdoar; somos nós que nos cansamos de pedir perdão. “O cansaço de pedir perdão é uma doença ruim.”

 

Pedir perdão, acrescentou o Papa, humilha a nossa imagem hipócrita, mas Jesus nos recorda que ser pobres é uma ocasião de graça e nos mostra o caminho para sair desta angústia de se mostrar perfeito. Nos foi dado o direito de ser pobres em espírito, porque este é o caminho do Reino de Deus.

 

Mas se deve reiterar algo fundamental: não devemos nos transformar para nos tornar pobres em espírito, porque já o somos! Precisamos de tudo. Somos todos pobres em espírito, mendicantes. É a condição humana.

 

Os reinos deste mundo caem

 

O Reino de Deus é dos pobres em espírito, mas há também os reinos deste mundo, feitos de pessoas com posses e comodidades. Mas são reinos que acabam. O poder dos homens, inclusive os maiores impérios, passam e desaparecem. “Mas vemos na televisão, nos jornais, governantes fortes, poderosos, mas caíram. Ontem eram, hoje não são mais. As riquezas deste mundo vão embora, também o dinheiro. O sudário não tinha bolsos. Nunca vi atrás de um cortejo fúnebre um caminhão de mudanças.”

 

Reina realmente quem sabe amar o verdadeiro bem mais que a si mesmo. Este é o poder de Deus. Cristo se mostrou poderoso porque soube fazer o que os reis da terra não fazem: dar a vida pelos homens.

 

“Este é o poder verdadeiro: poder da fraternidade, da caridade, do amor, da humildade. Isso fez Cristo. Nisto está a verdadeira liberdade. Quem tem os poderes da humildade, do serviço, da fraternidade, é livre.”

 

O Papa então concluiu:

“Há uma pobreza que devemos aceitar, a do nosso ser, e uma pobreza que, ao invés, devemos buscar, aquela concreta, das coisas deste mundo, para ser livres e poder amar. Sempre buscar a liberdade do coração, aquela que tem raízes na pobreza de nós mesmos.”

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News