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Arquivos do Pontificado de Pio XII poderão ser consultados a partir de 2 de março

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Arquivos do Pontificado de Pio XII poderão ser consultados a partir de 2 de março

 

Somente o arquivo dos Assuntos Gerais da Secretaria de Estado inclui quase 5.000 caixas que foram reordenadas, numeradas e descritas por um grupo de 15 arquivistas, que produziu um inventário de cerca de 15.000 páginas, que podem ser consultadas em formato digital e onde estão retratados vinte anos da Igreja e da sociedade. Reservas para consultar documentos deste período foram feitas a partir de outubro de 2019.

Documento armazenado no Arquivo Apostólico Vaticano - Foto: Vatican Media

Documento armazenado no Arquivo Apostólico Vaticano – Foto: Vatican Media

 

Os documentos do Pontificado de Pio XII (1939-1958) poderão ser consultados por estudiosos no Arquivo Apostólico Vaticano e em outros arquivos da Santa Sé a partir de 2 de março de 2020.

 

A abertura destes arquivos anunciada pelo Papa Francisco em 4 de março de 2019, foi precedida por um trabalho de mais de quatorze anos e envolve, além do Arquivo do Vaticano, também o Arquivo Histórico da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, o Arquivo da Congregação para a Doutrina da Fé, o Arquivo Histórico da Congregação para a Evangelização dos Povos (de Propaganda Fide), o Arquivo Histórico da Congregação para as Igrejas Orientais, o Arquivo da Penitenciaria Apostólica e o Arquivo Histórico Geral da Fábrica de São Pedro.

 

Todos os envolvidos apresentaram o significado da abertura dos arquivos no evento à imprensa em 20 de fevereiro, assim como na Jornada de Estudos realizada em 21 de fevereiro no Instituto Patrístico Augustinianum.

 

Uma vastidão de documentos

 

Em 27 de fevereiro, algumas emissoras de televisão puderam gravar imagens dos espaços de armazenamento do Arquivo Vaticano e de alguns documentos selecionados. Para dar uma ideia da vastidão da documentação disponibilizada, poderão ser consultados no Arquivo Vaticano – no que tange ao Pontificado do Papa Pacelli – 73 arquivos de representações pontifícias, 15 séries da Secretaria de Estado, 21 acervos de Congregações romanas e escritórios da Cúria e palatinos, 3 do Estado da Cidade do Vaticano e outros oito acervos.  No total, portanto, 120 entre acervos e séries, com 20.000 documentos.

Papa Pio XII - Foto: Vatican Media

Papa Pio XII – Foto: Vatican Media

 

Somente o arquivo dos Assuntos Gerais da Secretaria de Estado inclui quase 5.000 caixas que foram reordenadas, numeradas e descritas por um grupo de 15 arquivistas, que produziu um inventário de cerca de 15.000 páginas, que podem ser consultadas em formato digital e onde estão retratados vinte anos da Igreja e da sociedade.

 

Ao lado dos arquivistas, trabalharam técnicos dos laboratórios de encadernação e restauração, de reprodução de fotos, de organização das caixas em material que garante a conservação e do Centro de Processamento de Dados.

 

Arquivos abertos por outros Pontífices

 

Como de praxe, é o Papa quem decide pela abertura dos documentos de um Pontificado de seu predecessor. Quando, em 1881, Leão XIII abriu progressivamente o Arquivo do Vaticano para as pesquisas dos estudiosos, os documentos ficaram disponíveis até 1815.

 

Em 1921, Bento XV prolongou a consulta para 1830, enquanto pouco depois (1924) Pio XI estendeu o período a ser consultado para 1846 (final de Pontificado de Gregório XVI).

 

Paulo VI, em 1966, abriu para consultas os documentos de Pontificado de Pio IX (1846-1878). João Paulo II, em 1978, estendeu o prazo até o final do Pontificado de Leão XIII (1878-1903) e, em 1984, estendeu a consulta de documentos até 1922, incluindo os Pontificados de Pio X (1903-1914) e Bento XV (1914-1922).

 

Novamente o Papa Wojtyła, em 2002, disponibilizou os documentos para os pesquisadores, a partir do início de 2003, relativos à Alemanha no Pontificado de Pio XI (1922-1939), conservados no Arquivo Vaticano e no Arquivo Histórico da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado.

 

Contemporaneamente, o Papa decidiu a publicação antecipada dos dados relativos aos prisioneiros da última guerra (1939-1945), conservados nos documentos do acervo “Ufficio Informazione Vaticano” (o inventário foi disponibilizado em 2004).

 

Em 2006, por fim, Bento XVI tornou acessível todos os documentos do Pontificado de Pio XI, permitindo, porém, o inventário e a consulta antecipada no que tange aos acervos censitários dos arquivos eclesiásticos italianos de 1942 e da Pontifícia Comissão Central de Arte Sacra na Itália (os inventários ficaram prontos respectivamente em 2010-2011 e 2013).

 

Número de pesquisadores

 

Os vários arquivos da Santa Sé poderão receber um total de cerca de 120 pesquisadores, que em alguns casos, poderão usufruir da digitalização dos documentos e poderão frequentemente interrogar digitalmente os novos inventários.

Arquivo Apostólico Vaticano - Foto: Vatican Media

Arquivo Apostólico Vaticano – Foto: Vatican Media

 

No Arquivo do Vaticano (que pode acolher diariamente 60 pesquisadores), as reservas para a consulta dos documentos do Pontificado de Pio XII tiveram início em meados de outubro passado. Aquelas recebidas até então foram distribuídas no arco de diversos meses (até maio-junho), procurando assim assegurar na distribuição das vagas um certo equilíbrio entre os estudiosos do Pontificado do Papa Pacelli e os de outros períodos.

 

Anos complexos e dramáticos

 

Os quase vinte anos do Pontificado de Eugenio Pacelli, complexos e dramáticos, envolvem a Segunda Guerra mundial, a reconstrução, a contraposição dos blocos ocidentais e orientais, mas também instâncias e fermentos nascidos neste período na Igreja e na sociedade e desenvolvidos no anos seguintes.

 

A importância da abertura consiste na possibilidade oferecida aos estudiosos de acessar todas as fontes, estudando esses e outros problemas de um ponto de vista que até agora não era possível. Os anos do Pontificado de Pio XII também são caracterizados por uma marcada globalização da sociedade e da abertura da Igreja a uma dimensão menos eurocêntrica e mais universal.

 

Pio XII encontrou uma enorme quantidade e variedade de pessoas, não apenas no Ano Santo de 1950. Em 1952, quase meio milhão de pessoas foram recebidas em audiências: órfãos e mutilados de guerra, agricultores, mineiros, esportistas, jornalistas e psicólogos do esporte, médicos, artistas, astrônomos, entre tantos outros.

 

Para oferecer a todos uma mensagem de compreensão e encorajamento, o Papa preparava minuciosamente seus discursos, que ainda hoje impressionam pelo altíssimo nível deontológico, técnico e científico. Também esse aspecto de sua versatilidade intelectual e de sua sensibilidade pastoral poderá ser estudado em detalhes nos acervos e arquivos agora disponibilizados para consulta dos estudiosos.

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa Francisco aos brasileiros: fortalecer o valor da vida (Campanha da Fraternidade)

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Papa Francisco aos brasileiros: fortalecer o valor da vida (Campanha da Fraternidade)

 

O Papa Francisco dirigiu sua tradicional mensagem aos fiéis brasileiros por ocasião do início da Campanha da Fraternidade, na Quarta-feira de Cinzas. “Somos chamados a ser uma Igreja samaritana”, afirma.

 

“Que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”: esses são os votos do Papa Francisco aos brasileiros por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade.

Papa Francisco aos brasileiros - fortalecer o valor da vida - Foto: Vatican Media

Papa Francisco aos brasileiros – fortalecer o valor da vida – Foto: Vatican Media

 

Este ano, o tema é “Fraternidade e vida, dom e compromisso”, com o lema “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele”.

 

“Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados”, escreve o Pontífice.

 

Citando trechos dos Evangelhos de Mateus e Lucas e documentos pontifícios como Laudato Si’ e Evangelii gaudium, Francisco recorda que a superação da globalização da indiferença só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano.

 

Esta Parábola nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. A Quaresma, escreve o Papa, “é um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade”.

 

Francisco conclui pedindo a intercessão de Santa Dulce dos Pobres para que a “Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”.

 

Confira a mensagem na íntegra:

 

*************

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

 

Iniciamos a Quaresma, tempo forte de oração e conversão em que nos preparamos para celebrar o grande mistério da Ressurreição do Senhor.

 

Durante quarenta dias, somos convidados a refletir sobre o significado mais profundo da vida, certo de que somente em Cristo e com Cristo encontramos resposta para o mistério do sofrimento e da morte. Não fomos criados para a morte, mas para a vida e a vida em plenitude, a vida eterna (cf. Jo 10, 10).

 

Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados. Neste ano, o tema da Campanha trata justamente do valor da vida e da nossa responsabilidade de cuidá-la em todas as suas instâncias, pois a vida é dom e compromisso; é presente amoroso de Deus, que devemos continuamente cuidar. De modo particular, diante de tantos sofrimentos que vemos crescer em toda parte, que “provocam os gemidos da irmã terra, que se unem os gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo” (Carta Enc. Laudato Si’, 53), somos chamados a ser uma Igreja samaritana (cf. Documento de Aparecida, 26).

 

Por isso, estejamos certos de que a superação da globalização da indiferença (cf. Exort. Ap. Evangelii gaudium, 54) só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Esta Parábola, que tanto nos inspira a viver melhor o tempo quaresmal, nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. À semelhança de Deus, que ouve o pedido de socorro dos que sofrem (cf. Sl 34, 7), devemos abrir nossos corações e nossas mentes para deixar ressoar em nós o clamor dos irmãos e irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados (cf. Mt 25, 34-40).

 

Queridos amigos, a Quaresma é um tempo propício para que, atentos à Palavra de Deus que nos chama à conversão, fortaleçamos em nós a compaixão, nos deixemos interpelar pela dor de quem sofre e não encontra quem o ajude. É um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade, no cuidado. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7)!

 

Por intercessão de Santa Dulce dos Pobres, que tive a alegria de canonizar no passado mês de outubro e que foi apresentada pelos Bispos do Brasil como modelo para todos os que veem a dor do próximo, sentem compaixão e cuidam, rogo ao Deus de Misericórdia que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso.

 

Envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

 

Vaticano, 26 de fevereiro de 2020 

 

Em outra matéria do site do Vatican News pode-se ler:

 

Dom Walmor: a solidariedade é o grande remédio para um mundo novo

 

Sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, o arcebispo de Belo Horizonte destaca o convite a vencer a indiferença, as desigualdades e as injustiças. “A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno.”

 

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, dirigiu uma mensagem a todos os ouvintes da Rádio Vaticano e seguidores do Vatican News nas redes sociais por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade 2020.

Papa Francisco aos brasileiros - fortalecer o valor da vida - Foto: Vatican Media

Papa Francisco aos brasileiros – fortalecer o valor da vida – Foto: Vatican Media

Campanha da Fraternidade 2020 - CNBB

Campanha da Fraternidade 2020 – CNBB

 

O arcebispo de Belo Horizonte destaca o convite deste ano: vencer a indiferença, as desiguladades e as injustiças. “A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno.”

 

Eis a mensagem do presidente da CNBB:

 

******

 

Amado irmão, amado irmã, saúde e paz.

 

“Fraternidade e vida, dom e compromisso” é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano na Igreja no Brasil. O lema muito oportuno, interpelante – “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele” – nos inspira a seguir os exemplos do bom samaritano e de Santa Dulce dos Pobres para melhor compreender e cultivar o compromisso com a solidariedade, ajudando o irmão que sofre.

 

A Campanha da Fraternidade deste ano traz um bonito convite para todos nós: vamos vencer a indiferença em relação ao próximo, as desigualdades, aos pobres, as injustiças. Precisamos cultivar sempre mais a compaixão, conforme orienta o horizonte rico da Campanha da Fraternidade.

 

Por isso, convido a você que acompanha o Vatican News a se inspirar nas indicações diversas que estão reunidas nas publicações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sobre a Campanha da Fraternidade, cultivando sempre mais no seu coração a solidariedade. A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno. Deus abençoe a todos nós neste caminho.

 

Vídeo com mensagem do Papa Francisco e do Presidente da CNBB:

 

https://www.youtube.com/watch?v=WDxO5zjsGP8&feature=youtu.be

 

Vídeo oficial da Campanha da Fraternidade 2020 CNBB

 

https://www.youtube.com/watch?v=ALFdxGH5bx4&feature=youtu.be

 

Fonte: Vatican News

O Papa no Angelus: com o diabo não se dialoga jamais

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O Papa no Angelus: com o diabo não se dialoga jamais

 

Francisco no Angelus deste domingo recorda que “a tentação é a tentativa de percorrer caminhos alternativos aos de Deus”. Depois do Angelus, o Papa pediu para rezar pelos migrantes que fogem da guerra e fez saber que, por causa de um resfriado, não participará este ano dos exercícios espirituais para a Cúria Romana, que começarão esta noite em Ariccia. O Papa explicou que seguirá as meditações, unindo-se espiritualmente à Cúria.

Papa Francisco - Angelus - Foto: Vatican Media

Papa Francisco – Angelus – Foto: Vatican Media

 

Diante das tentações, existe um caminho a seguir. O Papa Francisco, ligando suas palavras no Angelus com as do Evangelho deste domingo, incorporado no tempo da Quaresma, lembra-nos que este caminho é aquele percorrido por Jesus no deserto, onde ele enfrenta as tentações do maligno. O diabo primeiro sugere a Jesus, que tem fome, que transforme as pedras em pão. Mas a resposta é clara: “Não se vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Então o diabo pede a Jesus para experimentar a confiança em Deus, de se atirar do ponto mais alto do templo, porque ele seria socorrido pelos anjos. “Quem crê – enfatiza Francisco -, sabe que não se coloca à prova Deus, mas confia na sua bondade”. Por esta razão, Jesus responde ao diabo com estas palavras: “Não porás à prova o Senhor teu Deus!”.. Na terceira tentação, o maligno oferece “uma perspectiva de messianismo político”. Mas Jesus, recorda o Pontífice, “rejeita a idolatria do poder e da glória humana” e, no final, expulsa o tentador dizendo: “Vai embora, Satanás, pois está escrito: ‘Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele prestarás culto’”.

 

Quanto mais longe de Deus, mais indefesos nos sentimos…

 

Jesus, recorda o Pontífice, não dialoga com o diabo, mas responde ao maligno com a palavra de Deus. Nunca se deve dialogar com o diabo. Nisto, enfatiza, é preciso ter muito cuidado. A experiência de Jesus, explica o Papa, deve ajudar-nos a estar vigilantes, a não nos submetermos a nenhum ídolo:

Também hoje Satanás irrompe na vida das pessoas para tentá-las com suas propostas atraentes; ele mistura a sua às muitas vozes que tentam domar a consciência. De muitos lugares chegam mensagens convidando as pessoas a “deixarem-se tentar” para experimentar a embriaguez da transgressão. A experiência de Jesus ensina-nos que a tentação é a tentativa de percorrer caminhos alternativos aos de Deus, que nos dão a sensação de autossuficiência, de gozo da vida como um fim em si mesmo. Mas tudo isso é ilusório: logo percebemos que quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos sentimos indefesos e inermes diante dos grandes problemas da existência.

 

E Francisco conclui:

“Que a Virgem Maria, a Mãe d’Aquele que esmagou a cabeça da serpente, nos ajude neste tempo de Quaresma a estar vigilantes diante das tentações, a não nos submetermos a nenhum ídolo deste mundo, a seguir Jesus na luta contra o mal; e conseguiremos também nós ser vencedores como Ele”.

 

Oração pelos migrantes que fogem da guerra

 

No final da oração mariana, Francisco recordou os muitos migrantes que procuram refúgio no mundo, “muitos homens, mulheres e crianças expulsos por causa da guerra”. E pediu para rezar por eles.

 

Exercícios Espirituais em Ariccia

 

Depois do Angelus, o Papa recordou ainda que nesta noite terão início os exercícios espirituais da Cúria Romana. E ele anunciou que este ano, por causa de um resfriado, não participará do retiro em Ariccia. “Uno-me espiritualmente à Cúria e a todas as pessoas que estão vivendo momentos de oração, fazendo os exercícios espirituais em casa”.

 

 

Silvonei José – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa Francisco aos brasileiros: fortalecer o valor da vida (Campanha da Fraternidade)

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Papa Francisco aos brasileiros: fortalecer o valor da vida (Campanha da Fraternidade)

 

O Papa Francisco dirigiu sua tradicional mensagem aos fiéis brasileiros por ocasião do início da Campanha da Fraternidade, na Quarta-feira de Cinzas. “Somos chamados a ser uma Igreja samaritana”, afirma.

 

“Que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”: esses são os votos do Papa Francisco aos brasileiros por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade.

 

Este ano, o tema é “Fraternidade e vida, dom e compromisso”, com o lema “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele”.

 

“Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados”, escreve o Pontífice.

Campanha da Fraternidade 2020 - CNBB

Campanha da Fraternidade 2020 – CNBB

 

Citando trechos dos Evangelhos de Mateus e Lucas e documentos pontifícios como Laudato Si’ e Evangelii gaudium, Francisco recorda que a superação da globalização da indiferença só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano.

 

Esta Parábola nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. A Quaresma, escreve o Papa, “é um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade”.

 

Francisco conclui pedindo a intercessão de Santa Dulce dos Pobres para que a “Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”.

 

Confira a mensagem na íntegra:

 

*************

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

 

Iniciamos a Quaresma, tempo forte de oração e conversão em que nos preparamos para celebrar o grande mistério da Ressurreição do Senhor.

 

Durante quarenta dias, somos convidados a refletir sobre o significado mais profundo da vida, certo de que somente em Cristo e com Cristo encontramos resposta para o mistério do sofrimento e da morte. Não fomos criados para a morte, mas para a vida e a vida em plenitude, a vida eterna (cf. Jo 10, 10).

 

Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados. Neste ano, o tema da Campanha trata justamente do valor da vida e da nossa responsabilidade de cuidá-la em todas as suas instâncias, pois a vida é dom e compromisso; é presente amoroso de Deus, que devemos continuamente cuidar. De modo particular, diante de tantos sofrimentos que vemos crescer em toda parte, que “provocam os gemidos da irmã terra, que se unem os gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo” (Carta Enc. Laudato Si’, 53), somos chamados a ser uma Igreja samaritana (cf. Documento de Aparecida, 26).

 

Por isso, estejamos certos de que a superação da globalização da indiferença (cf. Exort. Ap. Evangelii gaudium, 54) só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Esta Parábola, que tanto nos inspira a viver melhor o tempo quaresmal, nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. À semelhança de Deus, que ouve o pedido de socorro dos que sofrem (cf. Sl 34, 7), devemos abrir nossos corações e nossas mentes para deixar ressoar em nós o clamor dos irmãos e irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados (cf. Mt 25, 34-40).

 

Queridos amigos, a Quaresma é um tempo propício para que, atentos à Palavra de Deus que nos chama à conversão, fortaleçamos em nós a compaixão, nos deixemos interpelar pela dor de quem sofre e não encontra quem o ajude. É um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade, no cuidado. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7)!

Papa Francisco aos brasileiros - fortalecer o valor da vida - Foto: Vatican Media

Papa Francisco aos brasileiros – fortalecer o valor da vida – Foto: Vatican Media

 

Por intercessão de Santa Dulce dos Pobres, que tive a alegria de canonizar no passado mês de outubro e que foi apresentada pelos Bispos do Brasil como modelo para todos os que veem a dor do próximo, sentem compaixão e cuidam, rogo ao Deus de Misericórdia que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso.

 

Envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

 

Vaticano, 26 de fevereiro de 2020 

 

Em outra matéria do site do Vatican News pode-se ler:

 

Dom Walmor: a solidariedade é o grande remédio para um mundo novo

 

Sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, o arcebispo de Belo Horizonte destaca o convite a vencer a indiferença, as desigualdades e as injustiças. “A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno.”

 

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, dirigiu uma mensagem a todos os ouvintes da Rádio Vaticano e seguidores do Vatican News nas redes sociais por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade 2020.

 

O arcebispo de Belo Horizonte destaca o convite deste ano: vencer a indiferença, as desiguladades e as injustiças. “A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno.”

 

Eis a mensagem do presidente da CNBB:

 

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Amado irmão, amado irmã, saúde e paz.

 

“Fraternidade e vida, dom e compromisso” é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano na Igreja no Brasil. O lema muito oportuno, interpelante – “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele” – nos inspira a seguir os exemplos do bom samaritano e de Santa Dulce dos Pobres para melhor compreender e cultivar o compromisso com a solidariedade, ajudando o irmão que sofre.

 

A Campanha da Fraternidade deste ano traz um bonito convite para todos nós: vamos vencer a indiferença em relação ao próximo, as desigualdades, aos pobres, as injustiças. Precisamos cultivar sempre mais a compaixão, conforme orienta o horizonte rico da Campanha da Fraternidade.

 

Por isso, convido a você que acompanha o Vatican News a se inspirar nas indicações diversas que estão reunidas nas publicações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sobre a Campanha da Fraternidade, cultivando sempre mais no seu coração a solidariedade. A solidariedade é o grande remédio para o mundo novo, justo e fraterno. Deus abençoe a todos nós neste caminho.

 

Vídeo com mensagem do Papa Francisco e do Presidente da CNBB:

 

Vídeo oficial da Campanha da Fraternidade 2020 CNBB

 

 

Fonte: Vatican News

Francisco: pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade

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Francisco: pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade

 

O Papa manifestou apreço pela reflexão sobre o tema da educação, afirmando que “hoje, é necessário unir esforços para alcançar uma aliança educacional ampla a fim de formar pessoas maduras, capazes de reconstruir o tecido relacional e criar uma humanidade mais fraterna”.

 

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (07/02), no Vaticano, os participantes do congresso “Educação: O Pacto Global”, promovido pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais, em vista do evento mundial “Reconstruir o Pacto Educativo Global” que se realizará, no Vaticano, em 14 de maio próximo.

 

Francisco manifestou apreço pela reflexão sobre esse tema, afirmando que “hoje, é necessário unir esforços para alcançar uma aliança educacional ampla a fim de formar pessoas maduras, capazes de reconstruir o tecido relacional e criar uma humanidade mais fraterna”.

Papa com os participantes do encontro "Educação: O Pacto Global" - Foto: Vatican Media

Papa com os participantes do encontro “Educação: O Pacto Global” – Foto: Vatican Media

 

Educação de qualidade, um desafio mundial

 

A educação integral e de qualidade, e os padrões de graduação continuam sendo um desafio mundial. Apesar dos objetivos e metas formulados pela Organização das Nações Unidas e outros organismos, e importantes esforços realizados por alguns países, a educação continua sendo desigual entre a população mundial. A pobreza, a discriminação, as mudanças climáticas, a globalização da indiferença, e a redução do ser humano a coisas, murcham o florescimento de milhões de criaturas.

 

Segundo o Papa, “a educação básica é hoje um ideal normativo no mundo inteiro”. Pesquisas mostram que houve progresso na participação de meninos e meninas na educação. O número de matrículas no ensino primário hoje é quase universal, evidenciando que a diferença de gênero diminuiu.

 

“Toda geração deveria pensar em como transmitir seus saberes e seus valores à geração futura, pois é através da educação que o ser humano alcança o seu potencial máximo e se torna um ser consciente, livre e responsável.”

 

“Pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade. É algo profundamente arraigado na esperança e exige generosidade e coragem.”

 

Ruptura do pacto educativo

 

“Educar não é apenas transmitir conceitos, mas um trabalho que exige que todos os responsáveis, família, escola e instituições sociais, culturais e religiosas, participem desse processo de forma solidária. Para educar é necessário integrar a linguagem da cabeça com a linguagem do coração e a linguagem das mãos. Que um educando pensa o que sente e o que faz, sinta o que pensa e o que faz, e faça o que sente e o que pensa”, ressaltou Francisco.

 

Segundo o Papa, “hoje, está em crise, rompeu-se o pacto educativo existente entre família, escola, pátria e mundo, cultura e culturas. Rompeu-se realmente e não pode ser colado ou recomposto, a não ser através de um esforço renovado de generosidade e acordo universal. O pacto educativo quebrado significa que a sociedade, a família e as instituições que são chamadas a educar, delegam a decisiva tarefa educacional a outros, evitando tal responsabilidade”.

 

Unir esforços para a educação

 

“Hoje, somos chamados a renovar e unir o esforço de todos para a educação a fim de refazer um novo pacto educativo, pois somente assim será possível mudar a educação”, disse ainda Francisco.

 

Para isso, é preciso integrar os saberes, a cultura, o esporte, a ciência, a diversão e a recreação. É preciso construir pontes de conexão, superar a “pequenez” que nos fecha em nosso pequeno mundo, e ir ao mar aberto global, respeitando todas as tradições. As novas gerações devem entender com clareza sua tradição e cultura, em relação às demais, de modo que desenvolvam o autoconhecimento, enfrentando e assumindo a diversidade e as mudanças culturais. Assim, será possível promover uma cultura do diálogo, do encontro e da compreensão recíproca, respeitosa e tolerante. Uma educação que permita a identificação e promoção dos verdadeiros valores humanos dentro de uma perspectiva intercultural e inter-religiosa.

 

A família deve ser valorizada no novo pacto educativo

 

Para Francisco, “a família precisa ser valorizada no novo pacto educativo, pois sua responsabilidade começa no ventre materno, no momento do nascimento”.

 

“As mães, os pais, os avós, e a família como um todo, em seu papel educacional primário, precisam de ajuda para entender, no novo contexto global, a importância dessa etapa inicial da vida e estar preparados para agir.”

 

“Uma das maneiras fundamentais de melhorar a qualidade da educação no âmbito escolar é conseguir uma maior participação das famílias e comunidades locais nos projetos educacionais. Elas fazem parte da educação integral, pontual e universal”.

 

Professores, artesãos das gerações futuras

 

A seguir, o Papa fez uma homenagem aos professores, pois diante do desafio da educação vão adiante com coragem e perseverança.

 

“Eles são “artesãos” das gerações futuras. Com o seu saber, paciência e dedicação transmitem uma maneira de ser que se transforma em riqueza, não material, mas imaterial, criando o homem e a mulher do amanhã. Esta é uma grande responsabilidade. Portanto, no novo pacto educativo, a função dos professores, como agentes da educação, deve ser reconhecida e apoiada com todos os meios possíveis. Se o nosso objetivo é oferecer a cada indivíduo e cada comunidade o nível e conhecimento necessários para ter sua própria autonomia e ser capaz de cooperar com os outros, é importante investir na formação dos educadores com os mais elevados padrões de qualidade, em todos os níveis acadêmicos”.

 

Foram abordados durante o congresso e citados pelo Papa Francisco na audiência, temas como a nova ciência da mente, o cérebro e a educação, a promessa da chegada da tecnologia às crianças que atualmente não têm oportunidades de aprendizado, educação dos jovens refugiados e imigrantes no mundo, além dos impactos da desigualdade crescente e das mudanças climáticas na educação, os instrumentos para inverter os efeitos de ambos e reforçar as bases para uma sociedade mais humana, igualitária e feliz.

 

O Papa concluiu o seu discurso, falando sobre a beleza. “Não é possível educar sem induzir à beleza, sem induzir o coração à beleza. O caminho da beleza é um desafio deve ser enfrentado.”

 

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa na Santa Marta: não há humildade sem humilhações

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Papa na Santa Marta: não há humildade sem humilhações

 

Ao comentar o Evangelho de hoje, o Papa Francisco exorta os cristãos a seguirem pelo caminho indicado por Jesus e João, o da humilhação. Aos pastores, recomenda a não caírem na mundanidade, cedendo à tentação do carreirismo.

 

Não ter “medo das humilhações”, peçamos ao Senhor que nos envie “algumas” para “nos tornar humildes”, a fim de “melhor imitar” Jesus. Esta é a recomendação do Papa Francisco na Missa da manhã (07/02) celebrada na Casa Santa Marta.

 

O caminho de Jesus

 

Refletindo sobre o Evangelho de Marcos, o Pontífice explica como João Batista foi enviado por Deus para “indicar o caminho”, “o caminho” de Jesus. O “último dos profetas”, recorda de fato o Papa, teve a graça poder dizer: “Este é o Messias”.

Papa Francisco Missa na Casa Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco Missa na Casa Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

O trabalho de João Batista não foi tanto o de pregar que Jesus viria e preparar o povo, mas o de dar testemunho de Jesus Cristo e dá-lo com a própria vida. E dar testemunho do caminho escolhido por Deus para nossa salvação: o caminho da humilhação. Paulo expressa isso de forma tão clara em sua Carta aos Filipenses: “Jesus aniquilou a si mesmo até a morte, morte de Cruz”. E essa morte de Cruz, esse caminho de aniquilação, de humilhação, é também o nosso caminho, o caminho que Deus mostra aos cristãos para seguir em frente.

 

O fim mais humilhante

 

Quer João como Jesus – enfatiza Francisco – tiveram a “tentação da soberba, do orgulho”: Jesus “no deserto com o diabo, depois de jejuar”; João diante dos doutores da lei que perguntavam se era ele o Messias: ele poderia ter respondido que era “seu ministro”, mas “se humilhou”.

 

Ambos, continua o Papa, “tiveram a autoridade diante do povo”, sua pregação tinha autoridade. E ambos conheceram “momentos de rebaixamento”, uma espécie de “depressão humana e espiritual”, como a define o Pontífice: Jesus no Jardim das Oliveiras e João na prisão, tentado pelo “verme da dúvida” se Jesus era realmente o Messias.

 

Os dois – destaca ainda – “acabaram da maneira mais humilhante”: Jesus com a morte na Cruz, “a morte dos criminosos mais baixos, terrível fisicamente e também moralmente”, “nu diante do povo” e de “sua mãe”. João Batista “decapitado na prisão por um guarda” por ordem de um rei “debilitado pelos vícios”, “corrompido pelo capricho de uma bailarina e pelo ódio de uma adúltera”, com referência a Herodíades e sua filha:

O profeta, o grande profeta, o maior homem nascido de uma mulher – como Jesus o qualifica – e o Filho de Deus escolheram o caminho da humilhação. É o caminho que nos mostram e que nó, cristãos devemos seguir. De fato, nas Vem-aventuranças, é enfatizado que o caminho é o da humildade.

 

Caminho mundano

 

Não se pode ser “humildes sem humilhações”, destaca o Papa. Seu convite então aos cristãos é para tirar lições da “mensagem” da Palavra de Deus de hoje:

Quando procuramos nos mostrar, na Igreja, na comunidade, para ter um cargo ou outra coisa, esse é o caminho do mundo, é um caminho mundano, não é o caminho de Jesus. E também aos pastores pode acontecer essa tentação de galgadores: “Isso é uma injustiça, isso é uma humilhação, não posso tolerar isso”. Mas se um pastor não segue por esse caminho, não é discípulo de Jesus: é um galgador com uma batina. Não há humildade sem humilhação.

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

O Papa: o mundo rico de hoje pode e deve acabar com a pobreza

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O Papa: o mundo rico de hoje pode e deve acabar com a pobreza

 

Um mundo rico e uma economia vibrante podem e devem acabar com a pobreza. “O nível de riqueza e de técnica acumulados pela humanidade, bem como a importância e o valor que os direitos humanos adquiriram, não permitem mais pretextos. Devemos ter consciência de que todos somos responsáveis”, disse o Papa esta quarta-feira (05/02) no Simpósio “Novas formas de fraternidade solidária, de inclusão, integração e inovação”

 

“O mundo é rico e, todavia, os pobres aumentam ao nosso redor.” Foi a constatação expressa pelo Papa no discurso na tarde desta quarta-feira (05/02) na Casina Pio IV, no Vaticano, no Simpósio “Novas formas de fraternidade solidária, de inclusão, integração e inovação”, com a participação, entre outros, de economistas, ministros da economia e banqueiros.

O Papa Francisco - Foto: Vatican Media

O Papa Francisco – Foto: Vatican Media

 

Já no início, Francisco agradeceu pelo encontro, exortando a aproveitar deste novo início do ano para construir pontes, “pontes que favoreçam o desenvolvimento de um olhar solidário a partir dos bancos, das finanças, dos governos e das decisões econômicas.

 

“Precisamos de muitas vozes capazes de pensar, a partir de uma perspectiva poliédrica, as várias dimensões de um problema global que diz respeito aos nossos povos e às nossas democracias”, enfatizou.

 

Centenas de milhões de pessoas imersas na extrema pobreza

 

Segundo relatórios oficiais, disse o Pontífice, a renda mundial deste ano será de quase 12 mil dólares per capita. No entanto, centenas de milhões de pessoas ainda se encontram imersas na pobreza extrema e não dispõem de alimento, habitação, assistência médica, escolas, eletricidade, água potável e estruturas higiênicas adequadas e indispensáveis.

 

“Calcula-se que cerca de cinco milhões de crianças abaixo dos 5 anos morrerão este ano devido à pobreza. Outras 260 milhões não receberão uma educação por falta de recursos, por causa das guerras e das migrações”, acrescentou.

 

Esta situação, disse ainda, levou milhões de seres humanos “a ser vítimas do tráfico de pessoas e das novas formas de escravidão, como o trabalho forçado, a prostituição e o tráfico de drogas”.

 

Não somos condenados à iniquidade universal

 

Tais realidades não devem ser motivo de desespero, mas de ação, são realidades que nos impulsionam a fazer algo, frisou Francisco, destacando em seguida a principal mensagem de esperança que gostaria de partilhar com os presentes:

“Não existe um determinismo que nos condene à iniquidade universal. Permitam-me repetir: não somos condenados à iniquidade universal. Isso torna possível um novo modo de enfrentar os eventos, que permita encontrar e gerar respostas criativas diante do evitável sofrimento de tantos inocentes; isso implica aceitar que, em não pouca situações, nos encontramos diante de uma falta de vontade e de decisão para mudar as coisas, e principalmente as prioridades.”

 

Em seguida, o Santo Padre foi enfático: “Um mundo rico e uma economia vibrante podem e devem acabar com a pobreza. E se podem gerar e promover dinâmicas capazes de incluir, alimentar, cuidar e vestir os últimos da sociedade ao invés de excluí-los”.

 

Escolher a que e a quem dar prioridade

 

Devemos escolher a que coisa e a quem dar prioridade: se favorecer mecanismos socioeconômicos humanizadores para toda a sociedade ou, ao contrário, fomentar um sistema que acaba por justificar determinadas práticas que só fazem aumentar o nível de injustiça e de violência social.

 

Dito isso, o Pontífice foi taxativo:

“O nível de riqueza e de técnica acumulados pela humanidade, bem como a importância e o valor que os direitos humanos adquiriram, não permitem mais pretextos. Devemos ter consciência de que todos somos responsáveis. Isso não quer dizer que todos somos culpados. Todos somos responsáveis a fazer algo.”

 

Extrema pobreza e extrema riqueza

 

Se existe a pobreza extrema em meio à riqueza (por sua vez riqueza extrema), é porque permitimos que a disparidade se ampliasse até tornar-se a maior da história.

 

Baseado em dados quase oficiais, Francisco afirmou que as cinquenta pessoas mais ricas do mundo têm um patrimônio tal que poderiam financiar a assistência médica e a educação de toda criança pobre no mundo, quer através do pagamento de impostos, quer através de iniciativas filantrópicas, ou ambas. Essas cinquenta pessoas poderiam salvar milhões de vida todos os anos, destacou.

 

A globalização da indiferença foi chamada “inação”. São João Paulo II a chamou: estruturas de pecado. Tais estruturas encontram um clima propício para a sua expansão toda vez que o Bem Comum é reduzido ou limitado a determinados setores ou, no caso que nos reúne hoje, quando a economia e a finança se tornam fins a si mesmas. É a idolatria do dinheiro, a avidez e a especulação.

 

Buscar o bem comum, a justiça social e a paz

 

Seguindo a razão iluminada pela fé, ressaltou Francisco, a doutrina social da Igreja celebra as formas de governo e os bancos “quando realizam sua finalidade, que é, definitivamente, buscar o bem comum, a justiça social, a paz, bem como o desenvolvimento integral de todo indivíduo, de toda comunidade humana e de todas as pessoas.”

 

“Todavia – observou o Papa –, a Igreja alerta que essas instituições benéficas, tanto públicas quanto privadas, podem decair em estruturas de pecado.”

 

Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

 

Audiência: ser pobre em espírito é ser livre para amar

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Audiência: ser pobre em espírito é ser livre para amar

 

A catequese do Papa Francisco foi dedicada à primeira bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados os pobres em espírito.

 

A Sala Paulo VI acolheu esta quarta-feira (05/02) milhares de fiéis e peregrinos que vieram ao Vaticano para a Audiência Geral.

Audiência Geral Papa Francisco - Foto: Vatican Media

Audiência Geral Papa Francisco – Foto: Vatican Media

 

Na semana passada, o Papa Francisco anunciou um novo ciclo de catequeses dedicado às bem-aventuranças e hoje comentou a primeira das oito proclamadas por Jesus:  bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5, 3).

 

O Pontífice começou explicando o significado de “pobres”: aqui não se trata simplesmente de uma pobreza material, mas de ser pobres em espírito. O espírito, segundo a Bíblia, é o sopro da vida que Deus comunicou a Adão, é a nossa dimensão mais íntima, a dimensão espiritual, a que nos torna pessoas humanas, o núcleo profundo do nosso ser. Portanto, os “pobres em espírito” são aqueles que são e se sentem pobres, mendicantes, no íntimo de seu ser.

 

“Quantas vezes ouvimos o contrário! É preciso ser alguém, ser alguém… é disto que nasce a solidão e a infelicidade: se devo ser ‘alguém’, estou competindo com os outros e vivo na preocupação obsessiva pelo meu ego. Se não aceito ser pobre, sinto ódio por tudo aquilo que recorda a minha fragilidade.”

 

Digerir os próprios limites

 

Diante de si, cada um sabe que, por mais que faça, permanece sempre radicalmente incompleto e vulnerável. Não tem truque que cubra essa vulnerabilidade. Cada um de nós é vulnerável dentro. Mas como se vive mal rejeitando os próprios limites! Vive-se mal, não se digere o limite. Está ali. As pessoas orgulhosas não pedem ajuda porque querem se mostrar autossuficientes. Quantos precisam de ajuda, mas o orgulho lhes impede de pedir ajuda. E quanto é difícil admitir um erro e pedir perdão!

 

Francisco recordou que quando dá um conselho aos recém-casado sobre como levar avante o matrimônio, diz três palavras mágicas: com licença, obrigado, desculpa. “Palavras que vêm da pobreza.” “Os casais me dizem que a terceira é a mais difícil, porque quem é orgulhoso não consegue perdir desculpa, tem sempre razão. Não é pobre.”

 

Cansaço de pedir perdão

 

Ao invés, o Senhor jamais se cansa de perdoar; somos nós que nos cansamos de pedir perdão. “O cansaço de pedir perdão é uma doença ruim.”

 

Pedir perdão, acrescentou o Papa, humilha a nossa imagem hipócrita, mas Jesus nos recorda que ser pobres é uma ocasião de graça e nos mostra o caminho para sair desta angústia de se mostrar perfeito. Nos foi dado o direito de ser pobres em espírito, porque este é o caminho do Reino de Deus.

 

Mas se deve reiterar algo fundamental: não devemos nos transformar para nos tornar pobres em espírito, porque já o somos! Precisamos de tudo. Somos todos pobres em espírito, mendicantes. É a condição humana.

 

Os reinos deste mundo caem

 

O Reino de Deus é dos pobres em espírito, mas há também os reinos deste mundo, feitos de pessoas com posses e comodidades. Mas são reinos que acabam. O poder dos homens, inclusive os maiores impérios, passam e desaparecem. “Mas vemos na televisão, nos jornais, governantes fortes, poderosos, mas caíram. Ontem eram, hoje não são mais. As riquezas deste mundo vão embora, também o dinheiro. O sudário não tinha bolsos. Nunca vi atrás de um cortejo fúnebre um caminhão de mudanças.”

 

Reina realmente quem sabe amar o verdadeiro bem mais que a si mesmo. Este é o poder de Deus. Cristo se mostrou poderoso porque soube fazer o que os reis da terra não fazem: dar a vida pelos homens.

 

“Este é o poder verdadeiro: poder da fraternidade, da caridade, do amor, da humildade. Isso fez Cristo. Nisto está a verdadeira liberdade. Quem tem os poderes da humildade, do serviço, da fraternidade, é livre.”

 

O Papa então concluiu:

“Há uma pobreza que devemos aceitar, a do nosso ser, e uma pobreza que, ao invés, devemos buscar, aquela concreta, das coisas deste mundo, para ser livres e poder amar. Sempre buscar a liberdade do coração, aquela que tem raízes na pobreza de nós mesmos.”

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa: uma sociedade é “civil” se combate a “cultura do descarte”

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Papa: uma sociedade é “civil” se combate a “cultura do descarte”

 

Nesta quinta-feira (30), ao receber a Congregação para a Doutrina da Fé, o Papa Francisco falou do valor intangível da vida humana, do cuidado dos doentes nas fases críticas e terminais, e da necessidade de reescrever a “gramática” ao assumir e cuidar da pessoa que sofre. Presente na audiência no Vaticano, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

 

O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã desta quinta-feira (30), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes da assembleia plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, inclusive, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

A preciosidade da vida humana - Foto: Vatican Media

A preciosidade da vida humana – Foto: Vatican Media

 

As palavras do Pontífice foram dedicadas ao cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida, além da urgência de “converter o olhar do coração” à luz da compaixão. O Papa sublinhou o bem que fazem os asilos, onde se pratica a “terapia da dignidade”. Francisco exortou, então, a prosseguir com firmeza o estudo em relação à revisão das normas sobre delicta graviora, contidas no Motu proprio “Sacramentorum sanctitatis tutela”, de João Paulo II, para seguir na estrada da transparência e do respeito da dignidade dos menores.

 

A doutrina, uma realidade dinâmica

 

O Pontífice começou o discurso agradecendo pelo trabalho desenvolvido a serviço da Igreja na promoção e tutela da integridade da doutrina cristã – que não é “um sistema rígido e fechado em si” e nem mesmo “uma ideologia”. O Papa descreveu o conceito como sendo uma “realidade dinâmica”, que se “renova de geração em geração” e se resume “num rosto, num corpo e num nome: Jesus Cristo Ressuscitado”.

 

“Graças ao Senhor Ressuscitado, a fé se abre ao próximo e às suas necessidades, daquelas menores até as maiores. Por isso, a transmissão da fé exige que se considere o seu destinatário, que se conheça ele e o ame efetivamente.”

 

O tema da preciosidade da vida humana

 

O Papa Francisco então discorreu sobre o contexto sociocultural vivido atualmente com o enaltecimento da “eficiência e utilidade” da vida humana e a “perda dos valores autênticos” em detrimento aos “deveres imperativos da solidariedade e da fraternidade” que rendem a vida preciosa. O Pontífice explicou:

“Na realidade, uma sociedade merece a qualificação de ‘civil’ se desenvolve os anticorpos contra a cultura do descarte; se reconhece o valor intangível da vida humana; se a solidariedade é efetivamente praticada e protegida como fundamento da convivência. Quando a doença bate à porta da nossa vida, aflora sempre mais em nós a necessidade de ter próximo alguém que nos olhe nos olhos, que segure a mão, que manifeste a sua ternura e cuide de nós, como o Bom Samaritano da parábola evangélica (Mensagem para XXVIII Dia Mundial do Enfermo, 11/02/2020).”

 

A “gramática” da cura

 

O Papa então recordou o quanto é importante a compaixão, “um refrão” no Evangelho, e a presença de um Bom Samaritano, uma “plataforma humana de relações”, que abrem à esperança, bálsamo para acalmar o “desconforto emotivo” e a “angústia espiritual”. “Não abandonar jamais ninguém”, sublinhou Francisco, “em presença de maus incuráveis. A vida humana, devido o seu destino eterno, conserva todo o seu valor e toda a sua dignidade em qualquer condição, inclusive de precariedade e fragilidade, e, como tal, é sempre digna da máxima consideração”.

 

“O tema do cuidado dos doentes, nas fases críticas e terminais da vida, chama em causa a tarefa da Igreja de reescrever a ‘gramática’ do assumir e do cuidar da pessoa que sofre. O exemplo do Bom Samaritano ensina que é necessário converter o olhar do coração porque, muitas vezes, quem olha não vê. Por quê? Porque falta a compaixão. Sem a compaixão, quem olha não se sente envolvido naquilo que observa e passa além; ao contrário, quem tem o coração compassivo é tocado e envolvido, se detém e cuida.”

 

A terapia da dignidade

 

“Quem, no caminho da vida, acendeu também apenas uma chama na hora escura de alguém não viveu em vão”: Francisco citou Santa Teresa de Calcutá para desenhar “o estilo da proximidade e da partilha”, “tornando mais humano o morrer”. Uma tarefa importante que hoje realizam os asilos.

 

“A esse propósito, penso quanto bem fazem os asilos para os cuidados paliativos, onde os doentes terminais são acompanhados com um qualificado apoio médico, psicológico e espiritual, para que possam viver com dignidade, confortados da proximidade das pessoas queridas, a fase final da vida terrena deles. Desejo que tais centros continuem a ser lugares nos quais se pratiquem com empenho a ‘terapia das dignidade’, alimentando assim o amor e o respeito pela vida.”

 

Rigor e transparência

 

O Pontífice ainda expressou apreço pelo estudo iniciado sobre a revisão das normas sobre os delicta graviora, contidas no Motu proprio “Sacramentorum sanctitatis tutela”, de São João Paulo II. Um empenho que se coloca na direção de uma atualização da normativa para tornar mais eficazes os procedimentos à luz das novas situações e problemáticas do atual contexto sociocultural.

 

“Exorto vocês a prosseguir com firmeza nessa tarefa para oferecer uma contribuição válida num âmbito em que a Igreja está diretamente envolvida a prosseguir com rigor e transparência no tutelar a santidade dos Sacramentos e a dignidade humana violada, especialmente dos pequenos.”

 

Enfim, Francisco parabenizou o documento elaborado pela Pontifícia Comissão Bíblica sobre os temas fundamentais da antropologia bíblica que aprofunda “uma visão global do projeto divino, iniciado com a criação e que encontra a sua realização em Cristo, o Homem novo”, “a chave, o centro e o fim de toda a história humana”.

 

Benedetta Capelli, Andressa Collet – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News

Papa: viver e julgar com o estilo misericordioso do cristão

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Papa: viver e julgar com o estilo misericordioso do cristão

 

O nosso estilo de vida, o nosso modo de julgar os outros deve ser plenamente cristão, isto é, generoso e repleto de amor, e não motivo de humilhações, porque com a mesma medida com a qual julgamos, também nós seremos julgados ao final da nossa existência. Foi o que evidenciou o Pontífice ao pronunciar a homilia na missa celebrada na Casa Santa Marta, comentando o Evangelho do dia, extraído de Marcos.

 

A página que o Evangelho de Marcos (Mc 2, 21-25) nos propõe hoje é rica de frases e conselhos de Jesus. O Papa Francisco escolhe uma para refletir na sua homilia na capela da Casa Santa Marta, num diálogo constante com os fiéis presentes: “Com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos”.

Papa Francisco na Casa Santa Marta - Foto: Vatican Media

Papa Francisco na Casa Santa Marta – Foto: Vatican Media

 

A medida do estilo cristão

 

Todos nós, afirmou o Papa, fazemos as contas com a vida, fazemos no presente e, sobretudo, faremos ao final da nossa existência, e esta frase de Jesus nos diz justamente “como será aquele momento”, isto é, como será o juízo.

 

Enquanto o trecho das Bem-aventuranças e o capítulo 25 do Evangelho de Mateus falam das “coisas que devemos fazer”, o Evangelho de hoje mostra como fazê-las, o estilo e a medida:

Com qual medida eu meço os outros? Com qual medida meço a mim mesmo? É uma medida generosa, repleta do amor de Deus ou é uma medida rasa? E com aquela medida eu serei julgado, não será outra: com aquela, aquela que eu faço. Qual é o nível em que coloquei a minha trave? Coloquei no alto? Devemos pensar nisso. E isso o vemos não só nas coisas boas ou más que fazemos, mas no estilo contínuo de vida.

 

O modelo do estilo cristão: Deus que humilha a si mesmo 

 

O Papa destacou que cada um de nós tem um estilo, “um modo de medir a si mesmo, as coisas e os outros” e será o mesmo que o Senhor usará conosco.  Portanto, explicou, quem mede com egoísmo, assim será medido; quem não tem piedade e que para subir na vida “é capaz de pisar na cabeça de todos”, será julgado do mesmo modo, isto é, “sem piedade”. O contrário disto é o estilo de vida do cristão, que Francisco assim propôs:

E como cristão eu me pergunto qual é a medida de referência, a medida de comparação para saber se estou num nível cristão, um nível que Jesus quer? É a capacidade de me humilhar, é a capacidade de sofrer as humilhações. Um cristão que não é capaz de carregar consigo as humilhações da vida, lhe falta algo. É um cristão de verniz ou de interesse. “Mas, padre, por que isto?”. Porque Jesus fez assim, ele mesmo se aniquiliou, assim diz Paulo: “humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!”. Ele era Deus, mas não se agarrou a isto: humilhou-se a si mesmo. Este é o modelo.

 

Mundanos, pecadores, empreendedores ou cristãos?

 

E como exemplo de um estilo de vida definido “mundano” e incapaz de seguir o modelo de Jesus, o Papa citou as “lamentações” que lhe referem os bispos quando têm dificuldades para transferir os sacerdotes de paróquia, porque consideradas “de categoria inferior” e não superior como eles aspiram e, portanto, vivem esta transferência como uma punição.

 

Francisco então comentou como reconhecer o “meu estilo”, o “meu modo de julgar” segundo o comportamento que assumo diante das humilhações: “um modo de julgar mundano, um modo de julgar pecador, um modo de julgar empresarial ou um modo de julgar cristão”:

Com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos”, a mesma medida. Se é uma medida cristã, que segue Jesus no seu caminho, (com) a mesma serei julgado, com muita, muita, muita piedade, com muita compaixão, com muita misericórdia. Mas se a minha medida é mundana e só uso a fé cristã – sim, faço, vou à missa, mas vivo como mundano – serei medido com esta medida. Peçamos ao Senhor a graça de viver de modo cristão e, sobretudo, de não ter medo da cruz, das humilhações, porque este é o caminho que Ele escolheu para nos salvar e isto é o que garante que a minha medida é cristã: a capacidade de carregar a cruz, a capacidade de sofrer alguma humilhação. 

 

 

Gabriella Ceraso – Cidade do Vaticano

Fonte: Vatican News